Precarização da Educação a Distância é debatida na Bienal

Atividade debateu as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil


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Atividade debateu as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil
Atividade debateu as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil

Marcio Cavalcante – jornalista

A Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou no último sábado (30), uma mesa-redonda para debater as consequências da crise orçamentária na realidade da Universidade Aberta do Brasil (UAB). O encontro, que integrou a programação da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, em Maceió, aconteceu sob a orientação do coordenador da Cied, professor Gustavo Madeiro da Silva, e contou com a presença do assessor de Intercâmbio Internacional (ASI), professor Aruã Lima.

Madeiro e Lima traçaram uma linha de pensamento que questiona os rumos da educação no Brasil, em especial a Educação a Distância (EAD), e seu histórico processo de precarização. Aruã Lima observou que, em países asiáticos, a exemplo do Japão, onde há um grande investimento dos empresários locais, as pesquisas realizadas pelas universidades públicas atendiam especialmente as demandas dos empresários investidores, o que representa um grande risco para a Ciência em geral. Lima destacou, portanto, a necessidade de investimento público nas universidades para abrangência dos campos de pesquisas e amplitude das descobertas científicas.

“O que foi feito, no que tange à pesquisa, na Ásia e na América Latina, na mesma época após a Guerra Fria, nos mostra dois panoramas e duas agendas completamente diferentes: a Ásia amplamente industrializada e a América Latina comprometida, especialmente, com o desenvolvimento de pesquisas em Ciências Humanas”, destacou Lima.

Falta de investimentos

Para Madeiro, a distinção dos sistemas público e privado, com surgimento no Brasil após os anos 1950, é fator importante na precarização do ensino, quer da educação básica, quer do ensino superior. “Historicamente, o Brasil tem precarizado o ensino fundamental, abrindo mercado para escolas privadas oferecerem ensino de qualidade”, observou Madeiro, destacando que ao longo de décadas esta realidade passou a atingir a universidade brasileira.

“Mesmo com a guinada do acesso ao superior, o que pode ser observado nos últimos 12 ou 13 anos no Brasil, principalmente considerando o ensino a distância, é um episódio acentuado de precarização. Tal crescimento se deu, certamente, pelas facilidades do grande empresariado encontrar subsídios junto ao Poder Público para implantação de sistemas de educação a distância, oferecendo educação através de uma plataforma que barateia o processo e, em contrapartida, temos a baixa dos investimentos públicos na educação, sobretudo, no ensino superior”, adverte.

Por fim, Madeiro destacou que, apesar do esquecimento do Poder Público, a universidade pública é quem de fato produz ciência no Brasil.