Professora lança livro sobre blocos afros de Salvador em roda de conversa na Bienal

Atividade foi momento de descontração e conhecimento dos blocos afros não divulgados pela mídia tradicional durante o carnaval


- Atualizado em
Nadir Nóbrega falou sobre suas experiências como professora de dança, dançarina e mulher negra dentro dos quatro blocos afros de Salvador, que resultaram em sua tese de doutorado e, consequentemente, na publicação do livro (Foto - Thiago Prado)
Nadir Nóbrega falou sobre suas experiências como professora de dança, dançarina e mulher negra dentro dos quatro blocos afros de Salvador, que resultaram em sua tese de doutorado e, consequentemente, na publicação do livro (Foto - Thiago Prado)

Natália Oliveira - jornalista

O carnaval pode estar um pouco longe, mas o lançamento de um livro na 8ª Bienal do Livro de Alagoas trouxe o ritmo dos blocos afros de Salvador para mais perto. No início da noite do último domingo (1º), curiosos e admiradores da cultura negra se reuniram para prestigiar o lançamento do livro Sou negona, sim senhora: um olhar nas práticas espetaculares dos blocos afro Ilê Aiyê, Olodum, Male Debalê e Bankoma no carnaval soteropolitano dentro de uma roda de conversa realizada na sala Tamarindo, no Centro de Convenções de Maceió.

Coordenada pela autora do livro e professora de Dança da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Nadir Nóbrega, a roda de conversa foi um momento de descontração e conhecimento dos blocos afros, que não são comumente divulgados pela mídia tradicional durante o carnaval baiano.

Durante a conversa, Nadir Nóbrega falou sobre suas experiências como professora de dança, dançarina e mulher negra dentro dos quatro blocos afros de Salvador, que resultaram em sua tese de doutorado e, consequentemente, na publicação do livro. A professora explicou que a vontade de escrever a obra sobre a cultura afro surgiu quando ainda era estudante e percebeu que precisava falar sobre a história cultural negra.

“A ideia sempre existiu desde o meu primeiro livro na década de 1990. Vi e continuo vendo em minha vida que existem pouco livros publicados sobre a cultura negra. A maioria dos livros, que fala de nós negros, só fala do processo de escravização. Aspectos de cultura, de corpo, de dança são quase nada”, evidenciou.

Entre relatos e canções dos blocos afros, Nadir deu a dica a quem tem vontade de vê-los no carnaval: acompanhar a saída dos blocos em seus bairros de origem. De acordo com a professora, há um suspense para ver ver as pessoas dos blocos com as fantasias e os acessórios em suas mais perfeitas condições.

“A saída do Ilê é de uma emoção sem igual. Existe um processo ritualístico que é de tamanha importância para nós. É o poder de ver esse pertencimento negro, o encantamento que é fazer parte deste ritual que emociona quem assiste”, declarou.