Projeto Escola da Terra realiza seminário na Ufal com professores do campo
O público alvo são cerca de duzentos professores das redes municipais e estadual
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Lenilda Luna - jornalista
Será realizado, no auditório da Reitoria, no dia 25 de outubro, a partir de 18 h, o 1º Seminário do projeto Escola da Terra, que é resultante da parceria entre a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a Coordenação Geral de Políticas de Educação do Campo (CGPEC), vinculada à Secretaria de Educação Continuada Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC).
No caso de Alagoas, trata-se da segunda edição desta formação continuada, no nível de aperfeiçoamento, que tem como público-alvo duzentos professores das redes municipais e estadual que atuam nas classes multisseriadas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental das Escolas do Campo, do Estado. As palestras serão proferidas por Clarice Zientarski, da Universidade Federal do Ceará, e Reinaldo Sousa, da Universidade Estadual de Alagoas. A primeira foi realizada entre 2015 e 2016, cuja meta de atendimento foi pactuada em cem professores, e desse total, um alcance considerável de 76% de frequência e aproveitamento ao longo das formações, com 76 cursistas aprovados.
Conforme o projeto pedagógico Escola da Terra, vinculado à Pró-reitoria de Extensão, cumprirá o objetivo de ampliar o acesso à formação continuada para profissionais da educação do campo, “preferencialmente direcionada a professores que atuam em classes multisseriadas e quilombolas”, como ressalta a professora Jusciney Carvalho Santana, coordenadora Institucional do Comitê Gestor Institucional de Formação Inicial e Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica (Comfor).
Além disso, este curso visa contribuir para a oferta de uma educação campesina contextualizada às realidades das suas populações, de qualidade e de conformidade com as Diretrizes Curriculares para as Escolas do Campo. Nesta edição serão dois polos: Maceió, que funcionará no Campus A.C. Simões e, no Sertão, que funcionará em Santana do Ipanema, polo de Educação a Distância da Ufal. A demanda de formação continuada dos professores, que foi pactuada entre MEC e municípios é de mais de 1,6 mil professores, de classes multisseriadas do campo.
A formação está alicerçada na pedagogia histórico-crítica. “Com vistas às melhorias da prática pedagógica e da qualificação docente e das condições de acesso, permanência e aprendizagem dos estudantes do campo e de quilombos e em suas comunidades pertencentes ao estado de Alagoas. Pensamos a educação do campo e quilombola a partir da perspectiva do território, entendendo que este é muito mais do que chão, com base no conceito de Milton Santos, de que território é a soma de terra mais as relações sociais”, destaca Cristiane Marcela Pepe, doutora do Centro de Educação da Ufal e coordenadora do projeto Escola da Terra na Ufal.
Cristiane Pepe ressalta que é um grande desafio para os professores atuar em salas multisseriadas. “Uma vez que somos preparados profissionalmente para atuar no sistema escolar seriado, atuar em uma sala com diferentes níveis escolares, com crianças com idade e nível escolar diverso é muito complexo. É um choque entre a formação que recebem e o que necessitam para atuar na prática, além de ter que pensar isso na especificidade do campo, pois a maioria dos professores moram e são do espaço urbano. O curso funciona com base na alternância pedagógica entre tempo universidade e tempo comunidade, com seis módulos de formação, que abordam de alfabetização e letramento à economia solidária”, explica a pedagoga.
A coordenadora ressalta, ainda, que “de acordo com inúmeros depoimentos vindos, principalmente, dos tutores, os projetos pedagógicos das escolas assistidas ganharam mais qualidade, a partir deste curso de aperfeiçoamento, pois nos municípios que já possuíam o entendimento renovado sobre a educação do campo e a questão legal, revelaram a possibilidade de revisão desses projetos. Mas, pelo que sabemos em contato com os municípios, é que a maior parte dessas escolas multisseriadas estão sendo fechadas, com a crise no setor sucroalcooleiro, pois muitos fazendeiros estão optando pela agropecuária e, em decorrência disso, demolindo as casas e obrigando as famílias a um novo êxodo rural”, lamenta Pepe.