Ufal e órgãos públicos unem forças por transporte a universitários do interior

Reunião em Arapiraca mostrou a dificuldade dos alunos em se manter no curso por falta de transporte público


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Instituições se reuniram para discutir falta de transporte público para universitários
Instituições se reuniram para discutir falta de transporte público para universitários
Ascom Ufal com informações da ALE
A Universidade Federal de Alagoas participou de uma audiência pública, em Arapiraca, para debater o transporte estudantil no interior. Promovida em parceria com a Assembleia Legislativa, o encontro foi realizado na última segunda-feira (23) e serviu para discutir ações que evitem que estudantes deixem cursos no campus da cidade por dificuldades logísticas. Uma cooperação mútua ficou acertada para tentar achar soluções para o problema.
 
A audiência foi proposta pela deputada Jó Pereira (PMDB), após pedido Gestão da Ufal. A escolha de Arapiraca ocorreu porque o campus da Ufal recebe muitos estudante de cidades do interior do Estado, mas que enfrentam problemas para permanecer estudando por falta de transporte. Cinco prefeitos da região participaram do encontro.

Na audiência, a reitora Valéria Correia apresentou dados que apontam onde os alunos moram e estudam. Ela apontou que muitos são de outras cidades e precisam de meios públicos de transporte. "Observamos que um número muito grande de estudantes necessita desse apoio", disse a reitora. "A garantia do transporte é necessária como condição de permanência desses estudantes na Universidade, especialmente pela vulnerabilidade desses alunos", completou.
No encontro, a reitora expôs a importância do processo de interiorização da Universidade, que muda o perfil dos municípios. "O encontro foi positivo no sentido de mobilizar tanto os deputados, como os prefeitos, Arsal [Agência Reguladora de Serviços de Alagoas] e os próprios estudantes e gestores de Universidade para enfrentar o problema, que não é simples. É um caso complexo porque começa pela ausência de linha de transporte em várias regiões. É preciso ser enfrentado de forma coletiva para acharmos saídas", destacou Valéria.
 
A reitora citou que, a partir de agora, a instituições estão abraçadas na causa e vão lutar para resolver. "Estamos vendo como enfrentar o problema por meio de compromissos recíprocos", afirmou.
A deputada propositora do encontro disse que hoje há dificuldade de manutenção desses alunos nos cursos. "Antigamente a luta era para conseguir expandir a universidade para o interior do Estado. Isso aconteceu. Agora temos que unir forças para garantir a permanência destes jovens na universidade, já que existem estudos mostrando uma grande evasão estudantil em razão da fragilidade na rede de transporte intermunicipal”, afirmou Jó Pereira.
 
O representante da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), o prefeito de Igaci, Oliveiro Torres (PMDB), afirmou que as prefeituras têm dificuldade em manter o transporte dos alunos. Ele explicou que a maioria das prefeituras já contribui para o deslocamento dos universitários, porém, a crise e o crescimento no número de alunos têm criado obstáculos. "A grande dificuldade que vivemos hoje é a de como pagar e quem vai financiar este transporte. É um problema que vem se agravando a cada ano”, afirmou.
 
Esse não foi o primeiro encontro para debater o problema. No dia 16, Valéria Correia pediu o apoio dos prefeitos para manter o transporte universitário em reunião realizada na sede da Associação de Municípios Alagoanos (AMA).
 
Na ocasião, a reitora informou que a porcentagem de estudantes nas universidades públicas brasileiras com renda per capita de até um salário mínimo e meio passou de 3% para 32%, de 1996 a 2014. Isso elevou a necessidade de ampliar o transporte público. 
 
“A Ufal mais que duplicou o número de vagas com o processo de interiorização. Temos hoje 99 cursos de graduação, 41 mestrados e 14 doutorados bem conceituados. São mais de 30 mil estudantes e nos preocupamos com a permanência deles na Universidade”, explicou. Apesar da existência do Programa Nacional de Assistência Estudantil, em vigor desde 2010, os recursos são insuficientes para atender a demanda. “Cada vez mais, filhos de trabalhadores e trabalhadoras estão tendo a oportunidade de realizar o curso superior, entretanto, os recursos da Assistência Estudantil não têm aumentado, principalmente no último ano”, explicou na ocasião.