Consuni aprova prazo para estudantes com ameaça de desligamento
Levantamento aponta mais de oito mil estudantes com pendências acadêmicas
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Lenilda Luna - jornalista
Complementando a resolução 13, aprovada em maio deste ano, que convocou estudantes para apresentarem Trabalho de Conclusão de Curso e encerrar o ciclo acadêmico, o Consuni aprovou nesta quinta-feira (21),outra resolução para dar oportunidade aos estudantes que estão com bloqueio na matrícula e com insuficiência de coeficiente acadêmico. Pelo levantamento feito no Módulo Acadêmico do SieWeb (Sistema de acompanhamento acadêmico da Ufal), mais de oito mil estudantes estão com ameaça de desligamento da Ufal e agora poderão regularizar a vida acadêmica.
A equipe da Pró-reitoria de Graduação apresentou a proposta de parâmetros e prazos para esses estudantes, antes que sejam aplicadas as regras regimentais de desligamento. “Se isso acontecer, esses estudantes serão desativados do Sistema e não vão mais concluir o curso. Por isso, com base nessa resolução aprovada, vamos convocar esses estudantes e oferecer a eles uma nova chance, fundamentada em um termo de compromisso e um plano de estudos, cumprindo os parâmetros técnicos e regimentais”, informa Sandra Paz, pró-reitora de Graduação.
O debate sobre a resolução foi bastante extenso, porque envolvia questões acadêmicas, técnicas, pedagógicas e sociais. “A Ufal abriu as portas nos últimos anos para os filhos da classe trabalhadora, principalmente com a consolidação do sistema de cotas. Mas, não basta matricular esses alunos. Muitos deles trabalham para ajudar as famílias. Então, é preciso dar um suporte que nem sempre a Universidade consegue oferecer a todos, já que os recursos estão cada vez mais limitados. Por isso, não podemos ver o aluno apenas como um número de matrícula. É preciso analisar cada caso antes do desligamento”, defendeu a pró-reitora Estudantil, Silvana Medeiros.
Entre os conselheiros, a maioria defendeu os aspecto sociais, compreendendo as dificuldades sócio-econômicas que levam muitos alunos a perder um semestre letivo. Alguns conselheiros questionaram as condições técnicas e pedagógicas de acompanhar cada um desse alunos com pendências, dentro das Unidades Acadêmicas. A proposta de resolucação foi avaliada rigorosamente, principalmente nos aspectos regimentais. Muitas dúvidas sobre o levantamento foram tiradas pelos representantes do Núcleo de Tecnologia e Informação (NTI).
Segundo os técnicos, o sistema atual foi colocado em funcionamento em 2010.2, mas as regras de bloqueio de matrículas não estavam sendo aplicadas. “Muitos alunos continuaram com as matrículas ativas, mas com pendências. Agora vamos colocar no sistema os parâmetros de suspensão e bloqueios. As regras vão começar a ser aplicadas a partir de 2017.2, mas, antes, os que têm condições de prazo para concluir vão ser convocados para planejar a integralização do curso. Caso não se comprometam com isso, eles serão desligados. Nós vamos produzir as listas para análise da Prograd e das coordenações de curso”, informou Kleymerson Pereira Lins, diretor do NTI.
A aprovação da resolução foi considerada pela pró-reitora de Graduação como mais um marco importante para regularizar a situação dos alunos com bloqueio de matrícula ou insuficiência de coeficiente acadêmico na Ufal. “A formação universitária é muito importante para esses alunos e garante um retorno de qualificação para o desenvolvimento do Estado. Por isso, antes de corrigir as distorções de matrícula avaliando apenas os aspectos técnicos, precisamos oferecer uma oportunidade para esses estudantes de se comprometerem com a conclusão de seus cursos. Não foi uma proposta apresentada superficialmente. Ela está embasada em avaliações coletivas com o Fórum dos colegiados de curso, que construiu junto conosco essa proposta desde março deste ano. Estamos trabalhando para aplicar as regras regimentais, mas com garantia de oportunidades isonômicas para todos os alunos”, explica Sandra Paz.
Um grupo de estudantes da capital e do interior acompanhou atentamente os debates sobre a resolução. O estudante João Paulo Alves de Albuquerque, do Curso de Ciências Biológicas do Campus Arapiraca, comemorou a aprovação. “Entendemos os percalços que todos os estudantes estão passíveis de sofrer na vida acadêmica. Esse trajeto não é curto e não é fácil. Durante esses quatro ou cinco anos de universidade, passamos por muitas dificuldades para manter a rotina de estudos. Essa resolução vai garantir o direito de retomar o curso, principalmente, para os estudantes do interior, porque essa listagem feita pelo NTI apresenta uma maioria de alunos de campi fora de sede, onde os obstáculos para a permanência na universidade são ainda maiores”, ressalta o estudante.
A reitora Valéria Correia considerou que a resolução transitória aprovada vai corrigir os desacordos gerados pelas mudanças de sistema desde 2010, já que a não aplicação das regras acumulou as distorções verificadas no levantamento feito no SieWeb. “Essa sessão extraordinária do Consuni foi memorável e, com essa resolução, vamos adequar os problemas do sistema com a oportunidade dada a esses alunos para cumprirem integralmente as disciplinas pendentes. Não poderíamos desligar os estudantes sem antes convocá-los para avaliar a situação de cada um. Isso é uma garantia de direito legalmente conquistado. Isso teria uma repercussão social muito negativa para o próprio Estado. Queremos que eles se empenhem para concluir os cursos e possam atuar de forma qualificada na sociedade”, finalizou a reitora.