Laboratório de pesquisa da Ufal é destaque em tecnologia educacional

Três pesquisadores do Nees foram premiados por trabalhos que ajudam professores no uso de tecnologias educacionais e no ensino de crianças surdas


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Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais é ligado ao Instituto de Computação da Ufal
Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais é ligado ao Instituto de Computação da Ufal

Carlos Madeiro - jornalista

Criado em 2011, o Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees) do Instituto de Computação (IC) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) se tornou um centro em pesquisas reconhecido nacionalmente. No local, dez pesquisadores e cerca de 35 alunos de graduação e mestrado desenvolvem experimentos que visam gerar conhecimento científico e tecnológico em tecnologias educacionais.

O Nees foi criado pelos professores Ig Bittencourt e Alan Pedro com três eixos de atuação: informática na educação, empreendedorismo social e web semântica. Hoje, o laboratório conta com pesquisadores do IC, do Centro de Educação (Cedu), da Unidade Educacional de Penedo, da Faculdade de Medicina (Famed) e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac).  

"Nós queremos gerar conhecimento científico de vanguarda, e que essas pesquisas cheguem aos usuários finais.  Para que isso seja possível, nós acreditamos na criação de spin-offs, ou seja, negócios inovadores que surgem da pesquisa", afirma o professor da Ufal em Penedo, Diego Demerval, que é um dos dos coordenadores do Nees.  

Das pesquisas do Nees já surgiram duas spin-offs, que atuam na área de tecnologia educacional com finalidade social: a "Meu Tutor" e a "Linkn."

"Queremos treinar o pessoal a ser proficiente em tecnologia educacional. A nossa visão não é comercial, mas que a tecnologia que geramos possa empoderar as pessoas", complementa o outro coordenador do Nees, Ranilson Paiva.

Prêmios reconhecem pesquisas

Prova do sucesso é que três integrantes do Nees foram finalistas, em novembro, no Concurso de Teses e Dissertações do Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CTD-IE). Os trabalhos foram orientados pelo Professor Ig Bittencourt.

O professor Diego Dermeval ficou com a terceira colocação no concurso de teses com a proposta de autoria de sistemas tutores inteligentes gamificados para professores. "Este trabalho permite ao professor projetar um sistema que fornece aprendizagem adaptativa e invidualizada para os alunos. A ideia é combinar o uso da inteligência humana dos professores com a inteligência artificial para conceber um ambiente adaptativo que conhece as limitações dos estudantes, o que deve ser aprendido por eles e como deve ser o processo de instrução", conta. 

"Mas mesmo com a aprendizagem adaptativa, o aluno ainda pode ficar desmotivado, por isso, também usamos o conceito de gamificação, que inclui elementos de jogos, ranking, pontos, troféus, avatares, etc. para aumentar o engajamento dos estudantes que aprendem por meio do sistema tutor projetado pelo professor", completa.

Outra pesquisa premiada com menção honrosa foi do professor Ranilson Paiva. Ele desenvolveu o T-Partner, um sistema de gestão inteligente de aprendizagem. 

"A educação online vem se tornando uma alternativa bastante viável à aquisição de conhecimento. Por isso, percebemos um número crescente de cursos online. Mas como o professor responsável por tais cursos gerencia o aprendizado de seus estudantes? Os estudantes estão enfrentando algum tipo de dificuldade? Eles estão interagindo bem com todos os recursos disponíveis? Como o professor responsável fica sabendo dessas questões?", questionou Ranilson. 

"O objetivo da minha pesquisa é minerar os dados educacionais para descobrir informações relevantes sobre o aprendizado dos estudantes e sobre a dinâmica do curso. Em seguida, transformamos essas informações em uma representação visual, permitindo que o professor consiga entender tais problemas de forma fácil e rápida, ajudando-o a tomar uma decisão. Em outras palavras, a tecnologia vai ajudar o professor a identificar problemas no curso, ou no aprendizado dos estudantes, e apoiá-lo na tomada de decisão.", explica.   

​A terceira premiação foi a dissertação do aluno de mestrado Denys Rocha, do IC. O foco do atual pesquisador/colaborador do Nees foi facilitar a vida dos surdos em ambiente escolar. 

"O surdo sofre uma exclusão desde o início de sua vida social. Já que isso tem o começo na escola, faz sentido pensar intervir nessas fases iniciais", diz, e explica: "O trabalho propôs um modelo pensando como a criança surda assimila um conhecimento baseada numa teoria -a semiótica peirciana- e a coloca dentro de uma aplicação educacional para que duas crianças (ouvinte e surda) observem o mesmo conteúdo e aprendam, mas cada uma de sua forma", conta Rocha.