Museu Théo Brandão recebe exposição de cordel e xilogravura
A mostra fica em cartaz até 30 de junho
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Jacqueline Batista – jornalista colaboradora
A exposição Xilogravura e poesia: a arte de Enéias Tavares dos Santos vai ficar aberta até o dia 30 de junho, no Museu Théo Brandão. Fazem parte da mostra cordéis, matrizes, impressões e álbuns de xilogravuras do artista contemplado no 12º Prêmio Gustavo Leite, cuja entrega aconteceu no dia 16 deste mês, durante a programação da 15ª Semana de Museus.
A premiação realizada pelo MTB presta uma homenagem ao produtor cultural, iluminador e cenógrafo alagoano Gustavo Leite, que atuou junto aos artistas do interior do Estado, na divulgação e comercialização de suas obras.
O prêmio, que está em sua 12ª edição, é uma realização do MTB, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), a Galeria Karandash e o fotógrafo Celso Brandão.
O artista
Na década de 1940, o xilógrafo e cordelista Enéias Tavares dos Santos, conhecido também como Picapau, começou a fazer a arte da xilogravura. No início, foi uma atividade despretensiosa. “Eu vi um rapaz fazendo carimbos e achei muito interessante. Comecei também a fazer, mas não sabia que aquilo era xilogravura. Na época, eu usava um pedaço de casca de cajá e uma gilete, a calçada como lixa. Tive duas professoras: a natureza e a necessidade”, comentou.
O artista lembra que em 1974, foi contratado para fazer trabalhos de xilogravura na Galeria de Arte de Aracaju. “Perguntei o que era xilogravura. E só naquele momento entendi que era o que eu já fazia”, recorda.
Em 1953, Enéias publicou O cavalo ventania, o primeiro cordel e começou a vender sua literatura na Feira do Passarinho, em Maceió. Posteriormente, a obra Jangadeiro alagoano teve a capa em xilogravura. “Eu fiz a xilogravura da maior parte dos meus cordéis. Quando os outros cordelistas descobriram que eu fazia esse trabalho passaram a me encomendar a capa dos cordéis”, contou.
O artista, nascido em Marechal Deodoro, morou em Sergipe e Bahia. Entre outras atividades, trabalhou como feirante, carvoeiro e no Conservatório de Música de Sergipe. Durante 25 anos, atuou no Museu Théo Brandão, onde fazia xilogravura, cordel e pintura.
Enéias lembra que quando começou a trabalhar no Museu, a cultura popular e os personagens do cotidiano foram a temática predominante das suas xilogravuras. “Resolvi fazer tudo: vendedor de fruta, de sururu, amolador de tesoura. Comecei a passar para a xilogravura o que eu via na minha vida desde menino”, revelou.
Nessa época, aprendeu a fazer as cópias de xilogravura. “Eu mesmo fiz a prensa de tirar cópias, fabriquei meus próprios instrumentos de xilogravura”, contou o artista, que teve sua obra exposta em Maceió, Rio Grande do Sul, Paulo Afonso (Bahia), São Paulo, Brasília e em Santiago, no Chile. O cordel de mais sucesso é Carta de Satanás a Roberto Carlos. A publicação aborda a música Quero que vá tudo pro inferno, composta por Roberto e Erasmo Carlos.
Alguns trabalhos de Enéias foram publicados em formato de álbum, em Sergipe e Alagoas. Em 1977, o álbum de xilogravura Farinhada foi publicado pelo governo de Sergipe. Os álbuns de xilogravura Sururu de Alagoas, Coqueiro da praia, Coleção folclórica, entre outros, foram publicados pela Ufal. Uma parte desses álbuns estará à mostra no MTB.
A exposição, que tem a curadoria assinada pela museóloga Hildênia Oliveira, ficará em cartaz, gratuitamente, no horário aberto à visitação: das terças às sextas, das 9h às 17h. Mais informações pelos telefones 3214-1713/1710/1715/1716.