Debate sobre políticas afirmativas em saúde reúne pesquisadores
Temática também foi debatida para inclusão na formação acadêmica dos futuros profissionais de saúde
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Ascom Ufal
A Universidade Federal de Alagoas sediou o 1º Seminário de Convivência Intercultural e Interdisciplinar para Alteridade nas Políticas Afirmativas de Saúde da Uncisal, no último sábado (3). De acordo com a coordenadora do evento, Sandra Bonfim, o principal objetivo foi “a construção de uma rede interligando os diversos atores sociais alagoanos comprometidos com a implementação de políticas de saúde pautadas no princípio da equidade e o respeito às diferenças”.
Com mais de cem participantes, entre convidados e estudantes dos cursos de Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Medicina o evento reuniu pesquisadores, gestores, professores e estudantes.
“Eventos plurais como esse ampliam olhares, sentidos de existência e localizam os participantes em sua realidade local, seus direitos e modos diferentes para produção de vida. Saúde como valor social interessa a todas as pessoas”, enfatizou Emilene Donato, professora da Uncisal e coordenadora do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde- PET GraduaSUS/Ufal.
Outro aspecto enfatizado foi a potência em trocas na parceria do PET com a Uncisal para compartilhamento das experiências já realizadas de integralização dos cursos de graduação e de conteúdos de políticas afirmativas, revelando o compromisso ético-político das duas maiores instituições públicas de Alagoas formadoras para a saúde.
Já a professora Lígia Ferreira, diretora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab), da Ufal, salientou a importância do evento e a necessidade de inclusão da temática das políticas afirmativas, de forma obrigatória, nas matrizes curriculares dos cursos de graduação em saúde e em educação, como determinam as legislações em vigor.
O enfermeiro Robert Lincoln, gerente de Políticas Transversais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), falou sobre seu percurso acadêmico da Uncisal até a gestão estadual e de seus planos para fortalecer um cenário de parcerias em prol das políticas de saúde com base na equidade e na alteridade.
A mostra dos vídeos produzidos e apresentados pelos alunos das matérias foi um momento de muita emoção para os estudantes. A realidade das marisqueiras da comunidade Sururu de Capote, os desafios da população LGBTTI e a luta contra a intolerância religiosa dos povos de terreiro marcaram a diversidade das temáticas abordadas nos vídeos.
“Um encontro dessa dimensão precisava acontecer e marca o início de muitas articulações entre diversos atores sociais em nosso Estado”, ressaltou Tereza Olegário, superintendente de Direitos Humanos e Igualdade Racial.
“Os profissionais de saúde precisam ser preparados e comprometidos com a equidade, pois são os usuários dos SUS que pagam os salários dos profissionais de saúde com os seus impostos. Tratar bem não é favor, é obrigação”, concluiu Natacha Wonderfull, técnica de enfermagem do Consultório na Rua e coordenadora do grupo artístico Trans Show, que trabalha pelo empoderamento de travestis e transexuais no estado de Alagoas.