Capacitação para o método canguru deixa equipe do HU mais humanizada
O projeto é proposto pelo Ministério da Saúde e faz parte do programa Rede Cegonha
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Thamires Ribeiro – estagiária de Jornalismo
Com o intuito de preparar os profissionais da saúde que lidam diretamente com partos e recém-nascidos prematuros e de baixo peso, o Hospital Universitário capacita a equipe para o Método Canguru. A preparação faz parte do programa Rede Cegonha, do Sistema Único de Saúde (SUS) e a última turma participou da capacitação entre os dias 7 e 10 de agosto.
O método se caracteriza pela atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso. A neonatologista Ana Maria, explica que o nome do projeto se refere aos primeiros contatos afetivos da mãe com o bebê. “Com esse método, crianças de muito baixo peso recebem tratamento individualizado, voltado para as peculiaridades de cada um. Um outro aspecto é que a equipe não se volta para tratar somente do recém-nascido, mas sim da mãe e do bebê em conjunto, sem separá-los, pois, o projeto visa o vínculo e o aleitamento materno”, explica.
A fisioterapeuta Jayanna Salgueiro, que faz parte da Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) Neonatal, alega que a capacitação vem proporcionando o fortalecimento do trabalho em equipe, além de trazer uma maior percepção e um diálogo com a mãe. “Eu vou poder usar a minha presença no setor de forma mais humana, principalmente em relação ao cuidado com a mãe. Aumentou muito o meu conhecimento, em coisas que eu não sabia ou não tinha noção”, relata.
De acordo com a coordenadora estadual do Método Canguru, Sirmani Melo Frazão, é exigido pelo Ministério da Saúde que pelo menos 80% dos funcionários que lidam com bebês necessitam estar treinados no Método Canguru. Na realização do curso, além da participação de profissionais do HU, houve o apoio da equipe da Maternidade Escola Santa Mônica, que é considerado um hospital de referência estadual no método e possui tutores formados.
A capacitação no HU
Em sua terceira edição e com carga horária de 24 horas, o curso é voltado para toda a equipe, desde técnicos de enfermagem a médicos. Ana Maria frisa a importância da participação de todos os profissionais da área: “É bem interessante porque na capacitação toda a equipe tem o mesmo peso, pois assim nós conseguimos garantir uma boa assistência, sem necessidade de haver hierarquia. Por esse motivo o curso é oferecido para profissionais variados que fazem parte do grupo”.
Durante o curso, os profissionais participam de diversas dinâmicas, e conforme a neonatologista, isso traz uma maior aproximação da equipe. São tratados aspectos comportamentais dos recém-nascidos e também o impacto que uma falha do especialista pode causar na vida da criança e da mãe. “A gente mostra para a equipe que o recém-nascido sente dor, é sensível, que ele precisa da presença dos familiares, e o principal: que ele não é um objeto, é um ser vivo”, destacou Ana Maria.
A oficina Estações para treinamentos de cuidados humanizados é uma das atividades realizadas durante o curso, ela envolve estações de aleitamento materno, de banho humanizado, de peso humanizado, entre outras, como aulas para alertar na dor e estresse do recém-nascido.
Mudanças na equipe e na família
“A gente introduz a mãe para o cuidado, ensina, dá apoio, alerta o profissional para ser mais claro e otimista na passagem dos boletins diários, e vai fazendo com que a mãe tenha vínculo com a criança, que só existe quando ela a enxerga”, declarou a neonatologista, que defende que apesar de a capacitação ser realizada com os profissionais, as famílias também saem ganhando. “Acontece de uma criança estar em estado grave e a mãe não a vê como viável e se aproxima menos, porém o que faz o amor é a aproximação, e quanto mais a gente conhece, mais a gente ama. E nós podemos ajudar nesse processo”, finalizou.
Jayanna Salgueiro concorda com a colocação. De acordo com ela, muitas vezes o profissional foca muito no bebê interno, e esquece de observar a mãe também, que quer falar, se expressar, mas com o “corre-corre” da equipe acaba não tendo a devida atenção.
Segundo Ana Maria, após o curso, os profissionais da Unidade Neonatal mudam o comportamento, pois eles são sensibilizados a isso. “Eles passam a ter mais cuidado com ruídos, no manuseio, e no sono do recém-nascido, que é muito importante para que haja a migração e o amadurecimento dos neurônios”, contou.
A Rede Cegonha
A Rede Cegonha é um programa proposto pelo Ministério da Saúde e visa a melhoria do atendimento humanizado à gestante, ao parto, ao pós-parto e do recém-nascido até crianças com até dois anos de idade. O objetivo central é buscar a redução da mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal, além de orientar os pais dos bebês para planejamento familiar.