Ufal celebra Acordo de Cooperação com a Embrapa para pesquisas

A reitora também solicitou apoio em estudos sobre identificação e proteção das sementes crioulas


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Acordo de cooperação foi assinado pela reitora e pelo chefe regional da Embrapa
Acordo de cooperação foi assinado pela reitora e pelo chefe regional da Embrapa

Lenilda Luna - jornalista

Nesta segunda-feira (18), pela manhã,  foi assinado o Acordo de Cooperação entre a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, objetivando estabelecer a integração e a execução de trabalhos de pesquisa agropecuária entre as duas instituições, especialmente nas áreas de caprinocultura e ovinocultura.

A Embrapa tem uma unidade de execução de pesquisa instalada no Centro de Ciências Agrárias (Ceca), desde 2006,  ligada à regional Tabuleiros Costeiros, com sede em Aracaju. As pesquisas previstas no acordo são direcionadas ao mapeamento genético de caprinos para fins reprodutivos e de adaptação às condições de criação e também para combater o inseto que provoca a língua azul, uma doença infecciosa, não contagiosa, que pode provocar restrições de comercialização da carne de caprinos e ovinos.

Estavam presentes à reunião: Valéria Correia, reitora da Ufal; José Vieira, vice-reitor da Ufal;  Manoel Moacir Costa Macêdo, chefe geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros;  Marcelo Ferreira Fernandes e  Márcio Rogers, integrantes da equipe da sede; Walane de Mello Ivo, coordenadora técnica e pesquisadora da Unidade de Execução de Pesquisa (UEP), em Rio Largo; Gaus Silvestre de Andrade Lima, diretor do Centro de Ciências Agrárias (Ceca); Alejandro Cesar Frery, pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação (Propep); e Flavio Domingos, pró-reitor de Gestão Institucional (Proginst).

Ao destacar a importância da cooperação entre as duas instituições, a reitora Valéria Correia ressaltou o papel da Embrapa no desenvolvimento do setor agropecuário. “Sabemos do leque de linhas de pesquisa desenvolvidas pela Embrapa, que abarca desde as grandes produções agroindustriais até o apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar. É nesse segundo aspecto que queremos investir prioritariamente, dentro da nossa proposta de sermos uma universidade socialmente referenciada, ou seja, voltada para a maioria da população”, colocou a reitora.

A reitora destacou ainda a importância de estabelecer parcerias nesse momento de dificuldades de financiamento para a pesquisa. “Temos também o suporte da Fundação de Apoio à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), onde contamos com o grande apoio do professor Fábio Guedes, que faz parte do corpo docente da nossa universidade. Temos que somar esforços para garantir a infraestrutura e a qualidade das pesquisas, superando este contexto de contingenciamento e cortes de verbas”, ressaltou Valéria Correia.

Valéria relatou brevemente, durante a reunião com os representantes da Embrapa, a articulação dos reitores das Ifes para garantir a liberação de verbas de custeio e manter a descentralização dos recursos de capital. “Apesar da crise, somos otimistas. Tanto que, na mesma sessão do Conselho Universitário (Consuni)  em que aprovamos esse acordo com a Embrapa, também foram aprovados novos onze cursos de pós-graduação. Além disso, abraçamos o desafio de sediar a próxima reunião anual da Sociedade para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2018”, destacou a reitora.

O chefe da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Moacir Macêdo, relatou o histórico de compromisso da empresa com o desenvolvimento regional da agricultura e da pecuária e destacou a importância da cooperação com a Ufal. “Este é um momento histórico e fico orgulhoso em fazer parte dele. Na Embrapa também estamos enfrentando a redução de recursos financeiros. Estamos buscando superar esse momento com o fortalecimento das parcerias e a captação de recursos externos por meio de editais”, explicou Moacir.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Alejandro Frery, destacou as várias possibilidades no estreitamento desta parceria. “Queremos agendar uma visita para identificar interesses comuns entre os pesquisadores da Embrapa e da Ufal, não só no Ceca, mas em outras unidades. Também queremos cadastrar os pesquisadores da Embrapa que tiverem interesse em constar no nosso banco de pesquisadores, porque contribui para dar mais agilidade à divulgação de editais e permite uma identificação das linhas de pesquisa”, explicou o pró-reitor.

Semente Crioula e agroecologia

Aproveitando a oportunidade de conversar com os representantes da Embrapa, a reitora Valéria Correia solicitou o apoio para uma demanda importante relacionada ao fortalecimento da agricultura familiar em Alagoas. “Queremos apoiar os pequenos e médios agricultores na identificação e preservação das sementes crioulas, que são fundamentais para a agroecologia. Para isso, são necessárias pesquisas para examinar e cuidar dessas sementes”, destacou a reitora da Ufal.

As sementes crioulas são aquelas que não passaram por processos de melhoramento genético ou outras intervenções demandadas pelas grandes empresas agrícolas em busca de produtividade. São sementes guardadas por agricultores familiares para fugir aos preços altos das sementes fornecidas pelo agronegócio. Em Alagoas, existe uma mobilização para preservação dessas sementes em torno da  Articulação Semiárido de Alagoas (Asa), que conta com o apoio da Ufal e da  Rede Alagoana de Agroecologia.

Este ano, em abril, a Ufal sediou o 7º Encontro Estadual da Rede Sementes da Resistência, reunindo comunidades de agricultores do Semiárido, que defendem a semente crioula como forma de resistência. “Acompanhamos as discussões sobre a biodiversidade defendida por esses agricultores e agricultoras, que se intitulam guardiões e guardiãs de sementes do Semiárido e da Zona da Mata alagoana, e queremos contribuir com esse importante processo de fortalecimento da agroecologia”, explicou a reitora.

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