Lapis promove Seminário e Treinamento sobre monitoramento de secas
O evento trouxe palestrantes e convidados que são referências na área. O Treinamento teve início na manhã da segunda-feira (5), e segue até esta quarta-feira (7).
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Na manhã da segunda-feira (5), aconteceu a abertura do Seminário Gestão do Risco de Secas no Brasil e do Treinamento Avançado Tecnologias de Sensoriamento Remoto para Monitoramento de Secas. Os eventos são realizados pelo Laboratório de análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis/Ufal), em parceria com a Organização Europeia para Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat).
O objetivo dos eventos, segundo o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, é promover o diálogo entre a Universidade e os setores produtivos, como a Federação de Agricultura do Estado de Alagoas, e a Federação de Agricultura de Pernambuco, assim como outras entidades que atuam na gestão estratégica das secas. Um dos destaques do Seminário foi a participação do Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas, uma iniciativa da Federação de Agricultura de Pernambuco (Faepe).
Sobre o monitoramento das secas, que também foi um dos focos do evento, é desenvolvido com informações processadas diariamente, e são obtidas de imagens de satélites da cobertura vegetal, da umidade do solo, da evapotranspiração e da precipitação. “Todas essas informações são recebidas no Laboratório, processadas, analisadas, e semanalmente são gerados os mapas que preparam os gestores de municípios e prefeituras para terem acesso a essas informações, e elas estão todas hoje disponíveis na plataforma do Lapis http://lapismet.com.br/’’, destacou Barbosa.
Participaram da abertura representantes da Eumetsat, Faepe, Faeal, Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), Embrapa Tabuleiros, Campanha Natal Sem Fome e Assessoria de Relações Internacionais da Ufal.
Palestras
A primeira palestra da manhã, intitulada Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas - Um ambiente de conhecimento, estudos e proposições indispensável ao planejamento econômico do Nordeste, foi ministrada por Pio Guerra Júnior, presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe) e do próprio Fórum.
Segundo Pio Guerra, a inserção do tema seca na agenda nacional é fundamental, tendo em vista que se discute pouco sobre o assunto. Além disso, ele também trouxe informações a respeito da criação do Fórum. “O Fórum reuniu as principais instituições de pesquisa do estado de Pernambuco, e o setor de serviços, para a gente ter regulares apresentações de especialistas do Brasil e de fora, sobre como essas regiões [afetadas] tratam o fenômeno da seca, e é isso que a gente vem tentando fazer, colher essas informações e nos prepararmos melhor sobre isso’’, explicou.
A segunda palestra que encerrou a programação da manhã, intitulada Convivência com as secas e gestão de recursos hídricos no Semiárido, ficou sob a responsabilidade de Geraldo Eugênio de França, doutor em Agronomia e pós-doutor em Biotecnologia pela Texas A&M University, além de pesquisador Sênior do Instituto Agronômico de Pernambuco (IAP), desde 1979. Entre os principais assuntos debatidos, estavam a situação atual do ponto de vista climático, a seca que perdura em parte do Semiárido desde 2012, o volume de chuvas que diminuem ano a ano, principais sistemas aquíferos, além de mapas que mostravam a cobertura vegetal de alguns estados da região Nordeste.
A programação do Seminário foi encerrada, durante a tarde, com a palestra de Humberto Barbosa, sob o título Uma radiografia das secas no Nordeste. “A radiografia foi, de certa forma, colocada como um retrato do que o monitoramento tem feito semanalmente, então ele permite monitorar qual é a situação da seca nos municípios e nos estados do Nordeste brasileiro. Essa radiografia tem mostrado que nos últimos meses a seca tem se expandido em vários estados, e muitos municípios já se encontram em situação de emergência, ou seja, ela tem destacado as áreas mais críticas onde a seca tem afetado esses locais’’, disse.
Treinamento em Sensoriamento Remoto
O Treinamento Avançado em Tecnologias de Sensoriamento Remoto para Monitoramento de Secas teve início na manhã da terça-feira (6), no Centro de Interesse Comunitário (CIC) da Ufal. A atividade conta com cerca de 40 participantes de diversas áreas do conhecimento e de diversas instituições e agências do Nordeste. Além de ser também um intercâmbio de conhecimentos com pesquisadores e estudantes de outros países, como Espanha, Portugal e Venezuela. O representante da Eumetsat, José Prieto, também participa do evento.
Apoio a campanha solidária
Segundo Barbosa, a proposta do Seminário focado na questão das secas fez com que a equipe do Lapis atentasse para as comunidades do Sertão e do Agreste de Alagoas, que são as mais afetadas pelo problema. Assim, entraram em contato com a campanha nacional Natal Sem Fome, que indicou representantes no Estado para iniciar a parceria. Dessa forma, todos os recursos oriundos das taxas de inscrições nos eventos foram doados para a campanha e serão revertidos em cestas básicas.
A campanha Natal Sem Fome é promovida pelo Instituto Nordeste Cidadania (Inec) e foi lançada oficialmente em Maceió no dia 26 de outubro. As doações serão arrecadadas até 20 de dezembro, e a distribuição acontece nos dias 21 e 23.
Para doar, acesse o site http://www.natalsemfome.org.br/.
Sobre o Lapis
O laboratório, que recebeu a categoria Ouro do prêmio International Award in Excellence and Quality (IAEQ), na Convenção Internacional Business Initiative Directions (BID), que ocorreu em Frankfurt, na Alemanha, desenvolve trabalhos de monitoramento e pesquisa focadas na área de aplicações de meteorologia por satélite desde o ano de 2006.
“O laboratório foi concebido, estruturado e desenvolvido no sentido de atender uma componente operacional de monitoramento ambiental, principalmente com imagens de satélites. Nesse sentido, em 2006 não existia um sistema nacional que nos permitisse ter dados em tempo real para o monitoramento que nós planejamos, não haviam dados disponíveis na frequência desejada, principalmente para o monitoramento ambiental’’, relata Humberto.
Diante dessa realidade, foi estabelecido um convênio entre a Eumetsat e o Lapis, que permitiu à equipe do laboratório ter acesso a uma licença, e através dela foi permitido o acesso ao sistema EumetCast África, que dissemina dados em tempo real. Assim, segundo Barbosa, foi possível acessar as informações ainda não disponíveis no Brasil, como os dados de alta frequência, que permite ser possível o monitoramento meteorológico e oceanográfico das secas.
“Hoje, o laboratório tem essas informações em tempo real, operacional, que significa que a qualquer momento eu posso acessá-las. Elas são basicamente a cobertura vegetal, as condições de tempo, e as condições de oceano’’, concluiu.