Matfest 2018 tem como tema inclusão social
Programação do primeiro dia contou com palestras, truques de mágica, apresentação de trabalhos de estudantes e de escolas do Ensino Básico
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Na manhã desta quarta-feira (21), foi realizada a abertura do evento Matfest, no Instituto de Matemática (IM), cujo tema deste ano foi A matemática como forma de inclusão social. Segundo a professora Viviane Oliveira, que faz parte da comissão organizadora, o evento possui o objetivo de mostrar a matemática em diversos campos de saberes, e promover uma melhor divulgação do curso.
Sobre a escolha do tema, a professora afirma que foi um pedido dos próprios alunos do IM. ‘’Eles tem pedido muito para que se fale sobre isso, como a parte de inclusão, acessibilidade, deficiência, e mulheres na matemática, o motivo de serem poucas. Então, o tema veio pra gente ver se consegue dar esse embasamento, e teremos várias palestras voltadas para esse sentido. Com isso, pretendemos mostrar que a matemática pode entrar em todos os meios, e as pessoas podem sim, através dela mudar de vida’’, explica.
Ao total, 27 comunicações orais foram aprovadas, que segundo Viviane, são frutos de projetos de extensão, PIBIC, PIBID, trabalhos desenvolvidos em disciplinas como estágio supervisionado, projetos integradores, história da matemática ou pesquisas de egressos.
Experiências exitosas na educação matemática
A primeira palestra foi ministrada por Katiene Santos, que é formada em Ciências Contábeis, e especialista em docência do ensino superior e inspeção escolar, além de ser professora das turmas de 4° e 5° ano da Escola Municipal De Educação Básica Liege Gama Rocha, localizada no município de Coruripe. Ela relatou como utilizou a matemática para mudar a realidade desses alunos, que pouco sabiam sobre a disciplina.
Katiene relatou um caso que aconteceu na escola onde trabalha, o que a deixou surpresa. ‘’Nós descobrimos que a matemática é negligenciada no ensino fundamental, porque está sendo cada vez mais voltado para a leitura e escrita. Aí quando a criança chega no 4° e 5° ano o professor sofre, como ele vai trabalhar todas as atividades que deveriam ser trabalhadas desde o início só agora?’’, dessa maneira, foi diagnosticado que os alunos não sabiam resolver problemas matemáticos, e assim, ela resolveu mudar sua forma de ensino.
Então, ela relata que precisou mudar a forma de aprendizado com os alunos, mostrando a matemática na prática e em situações do cotidiano. Nesse processo surgiram os jogos, como por exemplo, brincando com sólidos, e construção de geométricos. Mas a imaginação levou as crianças além, e elas também desenvolveram seus próprios jogos.
A professora resolveu ir mais além, após perceber que sua forma de ensino estava dando certo, e os alunos estavam finalmente aprendendo a matemática, e resolveu inscrever suas duas turmas em um concurso na plataforma Matfic. Apesar das dificuldades enfrentadas, e do esforço dos alunos, suas turmas e a escola saíram vitoriosos da competição, mostrando assim um grande exemplo de superação.
Ao final da palestra, Katiene deixou um recado aos futuros professores, ressaltando que é necessário ser diferente no que faz, e incentivar sonhos.
Mágica, matemática e outros mistérios
Pedro Malagutti, do departamento de matemática da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi o responsável por ministrar a segunda palestra da manhã. De uma maneira dinâmica, o professor mostrou que a matemática também pode ser divertida, e apresentou truques de mágica aos alunos, e contou com a ajuda dos mesmos em alguns.
Inclusão: caminhos e caminhadas
A última palestra da manhã tinha relação direta com o tema desta edição do evento, e a professora Maria Dolores, do Centro de Educação (Cedu) relatou suas próprias experiências. Segundo a professora, a inclusão se faz vivendo, e não excluindo o outro, e é necessária para o fazer com que o outro cumpra a finalidade de sua existência.
‘’Imaginem aqui todo mundo como os fios de uma colcha bem bonita, uns são fios amarelos, outros de algodão, fios de juta, cetim, nylon. Cada um é um fio diferente, mas é graças a diversidade de cores e de textura desses fios, que essa colcha pode se tornar mais resistente, resiliente, macia, firme, e bonita. Cada fio que eu puxo dessa tessitura, essa colcha fica mais fraca. Exclusão é desperdiçar pessoas, aprendizagem e enriquecimento. Incluir é tecer e aprender junto’’, ressalta.
Dentre as muitas dificuldades enfrentadas, a docente relata que costumava pegar ônibus para voltar do trabalho, e os passageiros reclamavam do tempo que era gasto até ela entrar no transporte. ‘’Uma vez eu entrei no ônibus e as pessoas começaram a reclamar, dizendo que os deficientes deveriam ficar em casa, a minha tia estava ao meu lado, também estava voltando do trabalho, e retrucou: ‘essa professora aqui está voltando da Universidade, e tem tantos direitos quanto vocês, de ir e vir, que está garantido na Constituição’’’, disse.
Para finalizar, ela destacou: "eu porto documentos, carteira, cadeira, moletas, mas não porto deficiência. A deficiência só aparece quando a sociedade é deficiente’’.
Matexpo
A Matexpo é um evento realizado dentro da Matfest, e surgiu por iniciativa de professores do IM. O objetivo é que as escolas, de Maceió ou mesmo do interior, levem os alunos para divulgar trabalhos desenvolvidos por eles mesmos. No primeiro dia do evento, foi registrada a presença de 12 escolas, apresentando e visitando a exposição.
No período da tarde, os alunos puderam conhecer o laboratório de ensino de matemática, e foram guiados por bolsistas e colaboradores do IM, também teve a presença de uma tenda da estatística, e apresentação de mágicas matemáticas com Vagner Lopes, egresso do Mestrado Profissional em Matemática (Profmat).
Nos períodos tarde e noite, a programação da Matfest seguiu com palestras, mesas redondas e apresentação de trabalhos.
Os eventos acontecem até a próxima sexta-feira (23), confira as programações completas do Matfest e do Matexpo.