Projetos aplicados em escolas públicas de Alagoas são apresentados na USP
Os trabalhos mostram a matemática conectada a diferentes áreas
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Alunos do curso de Matemática (licenciatura) do Campus A. C. Simões participaram recentemente do 2º Simpósio de Formação de Professor de Matemática na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com a apresentação de quatro trabalhos na área de extensão desenvolvidos com alunos da educação básica das redes municipal e estadual de Alagoas. Os trabalhos integram o projeto Sem Mais Nem Menos, coordenado pela professora Viviane Santos, do Instituto de Matemática (IM) dentro do Programa Círculos Comunitários de Atividades Extensionistas da Universidade Federal de Alagoas.
Iniciado em 2016 e renovado este ano, o projeto tem como público-alvo alunos da educação básica da rede pública municipal e estadual. Foi aplicado em duas escolas de Maceió: Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Pinho e Escola Estadual Dr. Fernandes Lima. Em novembro veio beneficiar a primeira escola do interior, a Escola Municipal Barão do Rio Branco, localizada no município de Taquarana, a 114 km da capital.
“Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Pinho atuamos em quatro turmas do 6º ano e duas turmas do 7º ano. Na Escola Estadual Dr. Fernandes Lima duas turmas do 6º ano e quatro turmas do 7º ano, foram alvos do projeto. Na Escola Municipal Barão do Rio Branco, a atividade de extensão se desenvolveu em duas turmas do 6º ano”, explicou a professora Viviane. Adiantou que há a previsão de o projeto ainda contemplar mais duas escolas de Maceió e duas do interior de Alagoas.
Os trabalhos apresentados no 2º Simpósio e seus respectivos participantes foram Coordenando - Resolvendo Desafios através de coordenadas, de Késsia Tatiane Rodrigues Santos; Navegando em rimas matemáticas, de Denilson Inácio Lopes Silva; Trilhamat Esport, de Nickson Deyvis da Silva Correia; e Mmcboard, de Wanessa Cavalcanti Oliveira.
"Ter a oportunidade de participar de um evento de referência como o Simpósio de Formação de Professor de Matemática, representa um crescimento significativo na nossa formação como futuros professores por ser um simpósio específico para isso. E por ser na Escola Politécnica da USP, a experiência torna-se ainda mais enriquecedora e prazerosa”, disse Késsia Tatiane.
O aluno Nickson Deyvis reforça que a participação em eventos é uma forma de expor os trabalhos e compartilhar conhecimentos, situações e ideias para sempre melhorar a atuação dentro da graduação como o projeto de extensão e também como um futuro profissional. “Tratando da USP, foi uma participação muito importante pois é uma universidade bastante renomada não só na região Sudeste como no país inteiro e lá se pôde trocar várias experiências e vivências na educação e no trabalho extensivo”, disse.
A oportunidade de uma experiência com positividade para a formação na área também foi destacada pela participante do projeto Wanessa Cavalcanti. “No simpósio, por exemplo, conhecemos um professor da USP que gostou dos nossos trabalhos, deu dicas e falou do grupo dele de jogos matemáticos. Foi algo muito bom, uma mistura de conhecimentos, porque quem assiste as apresentações, sempre acrescenta algo para nós, tanto críticas positivas quanto coisas a aprimorar nos jogos já feitos. Isso é de extrema importância para o projeto, para a formação e também para nós que passamos pela experiência de um novo olhar sobre algo. Além disso, participar de um evento com professores influentes na área olhando e falando de seus trabalhos, conhecendo a sua competência acadêmica, é algo muito bom, você vê o quão longe está indo em tão pouco tempo", acrescentou.
Sobre o objetivo do Programa Círculos Comunitários de Atividades Extensionistas, o ProccaExt 2018, uma ação da Pró-reitoria de Extensão (Proex) da Ufal, a professora Viviane Santos destaca o Edital deste busca projetos acadêmicos pautados em uma abordagem que relaciona o conhecimento acadêmico-científico-tecnológico a ações coletivas, comprometidas com o humanismo e com a democracia, em consonância com o princípio da solidariedade e que sejam socialmente úteis. Tendo como ponto de partida as necessidades das comunidades universitária e alagoana.
Ela informou que as atividades do projeto Sem Mais Nem Menos já foram apresentadas em eventos da área como o 3º Simpósio Nacional do Professor de Matemática, na SBPC 2018; o 4º e o 5º Encontro de Matemática do Agreste Alagoano, Matfest (2017 e 2018). Segundo Viviane, o projeto também colabora com atividades nas recepções dos feras do curso de Matemática do Campus A. C. Simões e no funcionamento do Laboratório de Ensino do Instituto de Matemática.
Dinâmica do Projeto
A coordenadora explica que o projeto Sem Mais Nem Menos é dotado de etapas que contemplam aplicação de um questionário diagnóstico com a finalidade de identificar o que os alunos veem de matemática no dia a dia, quais as principais diversões e se conseguem vê-la fora do contexto da própria disciplina e da sala de aula. “Enquanto aplicamos algumas atividades já elaboradas para outra escola, fazemos uma análise das respostas dos alunos e assim definimos qual temática que iremos abordar nas turmas. A partir daí definimos atividades específicas para cada escola”, diz.
Viviane acrescenta que após essa etapa é feita uma análise para saber se os alunos conseguiram compreender as atividades e os conteúdos e se houve algum tipo de mudança depois da atividade. Toda a dinâmica de elaboração, aplicação e resultados das atividades é mostrada em eventos, em forma de apresentações orais, banners e oficinas, além de gerar artigos e trabalhos de conclusão de curso.
“Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Pinho, em Maceió, elaboramos e aplicamos um jogo denominado ‘Geocampo’, que trabalha a geometria no campo de futebol, e um livro de atividades envolvendo a matemática nas profissões, composto de desafios de lógica, palavras cruzadas e caça-palavras. Já na Escola Estadual Dr. Fernandes Lima, além de aplicarmos os citados jogos e o livro, elaboramos e aplicamos atividades envolvendo a matemática nas disciplinas”, enfatiza Viviane.
Ela informa que cada turma trabalhou uma atividade específica envolvendo a matemática com português (Navegando em rimas matemáticas); artes (Operacores - a simetria através de operações); educação física (TrilhaMat Esporte); história (Memóricas - o jogo numérico de cartas); geografia (Coordenando - resolvendo desafios através de coordenadas); e ciências, por meio de uma atividade feita com experimentos trabalhando proporção.
“Na escola de Taquarana fizemos algo concentrado. A escola liberou a tarde completa de duas turmas do 6º ano para participar do projeto, onde foram aplicadas as atividades Geocampo, Coordenando, Navegando e Operacores”, acrescentou.
Outra realidade
Sobre a repercussão do projeto nas escolas envolvidas, Viviane diz que a maioria dos alunos ficou bastante motivada com as atividades diferenciadas. “Com as ações, os alunos têm a possibilidade de ver a matemática de uma outra forma, atrelada ao dia a dia e envolvendo outras áreas do conhecimento. Ao concluirmos na escola, os professores sempre comentam que os alunos ficam perguntando quando iremos voltar, além da cobrança dos próprios professores e diretores para que o projeto Sem Mais Nem Menos possa ficar mais tempo na escola”, conta.
Ela frisa que um fato muito importante que vale à pena destacar é quanto à necessidade do vínculo entre a universidade e a educação básica. “Muitos alunos nem sabem o que é a Ufal e os que a conhecem a veem como algo distante da sua realidade. Então a Universidade Federal de Alagoas estando presente na escola faz com que eles possam mudar essa visão”, enfatiza.
Segundo a coordenadora, uma postagem da Secretaria Municipal de Educação (Semed), do município de Taquarana, além de demonstrar grande satisfação em receber a equipe, parabenizou a idealização e a execução do projeto, considerado como uma ação educacional. O que repercute, dessa forma, a positividade da Universidade Federal de Alagoas e o importante papel na área de formação e no aprendizado de maneira geral conectados com os anseios da sociedade.