LCCV: O perfil de um laboratório de pesquisa e desenvolvimento em Alagoas

Engenharia, computação e multidisciplinaridade garantem espaço a pesquisadores alagoanos na Ufal, por meio da Rede Galileu


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Prédio do LCCV que integra a Rede Galileu, na Ufal. Foto: Renner Boldrino
Prédio do LCCV que integra a Rede Galileu, na Ufal. Foto: Renner Boldrino

Tárcila Cabral - Ascom Fapeal

Uma cadeia de pesquisa em áreas como engenharia de petróleo e gás e mecânica computacional. Este projeto existe e é executado dentro do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). 

As discussões para a implantação deste espaço surgiram quando quatro professores da Ufal que mantinham intensas pesquisas no campo uniram-se para angariar subsídios a este fim. Adeildo Ramos, Eduardo Setton, Eduardo Nobre e Willian Lira foram os pesquisadores responsáveis por idealizar a proposta do LCCV. Eles foram os responsáveis por estruturar a unidade e incorporar mais de 90 profissionais a uma jornada que já se estende por 17 anos. 

Construindo parte desta história, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), sempre esteve presente apoiando suas ações. Atualmente, a unidade conta com o incentivo em algumas atividades e por meio de bolsas.

O prédio indica que o LCCV é integrante da Rede Galileu, uma rede de alto desempenho especializada em mecânica computacional, formada por unidades de pesquisa multidisciplinares. Elas são representadas por universidades que atuam de forma articulada na solução de diversos problemas de engenharia enfrentados pela Petrobras. 

O professor Eduardo Setton, doutor em Engenharia Civil, é o coordenador geral do laboratório, que conta com a sua supervisão desde o início das atividades. Entretanto, ele cita que esta gestão tem sua coordenação compartilhada com os outros fundadores e, a partir de 2017, ganhou com uma nova contribuição em sua direção, a participação da pesquisadora Aline Ramos. 

O diferencial atribuído à ascendência do LCCV foi a representatividade da soma desta equipe. “Esta é uma das razões pelas quais as instituições nos procuram, porque o laboratório consegue atender a muitas competências devido a esta flexibilidade de atuação”, alega o coordenador. 

O time dispõe do apoio de agências federais, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico  (CNPq) e da própria Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). 

 “No final de 2017 nós assinamos um volume grande de propostas, e na verdade nunca havíamos nos engajado tanto. A maioria dos estudos são correlacionados com a Petrobras, mas existem outras iniciativas, duas com a Gás de Alagoas S. A. (Algás), uma sendo finalizada e outra em estágio inicial, e uma articulada com a Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz)”, comenta Eduardo Setton. 

Unidade autossustentável

O coordenador explica que a unidade é autossuficiente no que tange a recursos, e consegue este objetivo devido à frequência rotativa de seus projetos, o que permite retornar muitos de seus resultados à Ufal. 

As parcerias rendem hoje ao LCCV uma sobrevida de pelo menos quatro anos de financiamento, mantendo materiais e grupos operando, tendo obtido recentemente incrementos, inclusive através de processos seletivos para o aumento de pessoal, conta Setton. 

Máquinas e infraestrutura

De acordo com os gestores, uma das metas que ainda se mantém em análise é a busca por equipamentos mais avançados. Os subsídios que entram no formato de investimentos são, normalmente, empregados para o custeio de pessoal e adição de funcionários; isto acabou gerando uma necessidade no quesito técnico.  

Quando lançado em 2009, o supercomputador do LCCV era o 3º maior computador da América Latina. Hoje, há uma necessidade de modernização. Mesmo que a unidade seja um local bem equipado, dispondo de uma estrutura apta à produção de pesquisa, a demanda computacional não acompanhou a atualização no mesmo passo. Por isso, o pesquisador aborda que já existe uma proposta elaborada que contempla esta necessidade a ser encaminhada à Petrobras. 

Ciência num papel social

Setton explica que também é fundamental mover pesquisas de impacto direto nas políticas públicas, na problemática do cidadão, levando a pesquisa para além dos dados. O interessante é que, dado este cunho, foi possível inovar nos segmentos de estudo do laboratório, abrindo-se atuação em novas áreas.

Graças à impressora 3D e projetos envolvendo aplicações tecnológicas à saúde, hoje, grande parte do trabalho é relacionado à questão de novos materiais no desenvolvimento de palmilhas e próteses ortopédicas com o suporte da impressão. “Estas ações são recentes ideias que foram construídas junto ao doutor Guilherme Pitta, relacionadas à área da mecânica computacional aplicada à saúde e odontologia”, completa o engenheiro. As novas atuações são amplas devido à transversalidade da área computacional, sendo abrangente o tipo de aplicação conseguida no laboratório, graças à diversidade de seus pesquisadores. 

Para colaborar ou se tornar parceiro desta equipe, ocorrem seleções a partir de programas e editais. A sua coordenação reúne os pesquisadores que atendam a demandas específicas dos projetos no LCCV. Caso uma iniciativa necessite de um novo âmbito de pesquisa, além de suas habilitações atuais, a equipe convida novos estudiosos a se juntarem ao seu quadro.