Segurança na universidade é debatida em sessão extraordinária do Consuni
Plano de ações foi apresentado pelos gestores e comunidade acadêmica foi escutada
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Ascom Ufal
Durante a tarde da última segunda-feira (19), o foco da sessão extraordinária do Consuni foi a segurança dentro da Universidade Federal de Alagoas, em especial, do Campus A. C. Simões. Diante dos assaltos ocorridos ao longo das últimas semanas, a reitora, Valéria Correia, convocou a sessão para apresentar as ações emergenciais e de prazo imediato tomadas pela gestão e ouvir as propostas da comunidade acadêmica. Além dos conselheiros, estudantes, professores, técnicos e pesquisadores na área do direito e da segurança pública participaram do debate.
Dentre as medidas emergenciais, que cabem à gestão da Ufal, estão o reforço da iluminação com instalação novos refletores em um prazo de até 90 dias, a relocação imediata de postos fixos de vigilância, a intensificação da ronda motorizada, a criação de campanhas de orientação sobre como acionar os serviços de segurança da universidade, a recomposição dos muros laterais e a capinagem no entorno dos blocos e ao longo dos muros. Além disso, a reitora informou sobre as ações pactuadas com a Secretária de Segurança Pública e do Comando da Polícia Militar, como a garantia da intensificação das rondas no entorno do campus e o reforço do policiamento nos portões de acesso, por parte do Batalhão da Polícia de Guarda (BPGd).
Outro ponto apresentado, foi a mudança do parque de equipamentos eletrônicos de segurança. Câmeras novas e mais modernas foram adquiridas pela gestão, reforçando o monitoramento no campus A.C. Simões e contemplando os campi Arapiraca e do Sertão, que anteriormente não possuía a tecnologia. “Essa medida evidencia nossa preocupação em desenvolver políticas de forma integrada nos três campi e, não poderia deixar de ser deferente na questão da segurança. O campus do Sertão passará a contar com câmeras, também, todavia é importante destacar que precisamos dar um salto de qualidade: sairmos de ações pontuais para garantir, de forma estrutural, uma política de segurança para Ufal em seus 3 campi. Tal política deve traçar diretrizes que relacionem os aspectos técnicos da segurança às atividades fins da universidade” destacou a reitora.
Ainda foram destacada algumas ações que vêm sendo tomadas pela gestão da universidade desde 2016 no sentido de aumentar a segurança institucional, como a criação de um Grupo de Trabalho Interno de Segurança, reuniões e pactos de cooperação com a Secretária de Segurança Pública do Estado, o aumento do número de técnicos lotados na Coordenação de Segurança, a revisão dos contratos de segurança e o desenvolvimento de estudos sobre as áreas de vulnerabilidade. Ações de médio e longo prazo, bem como a proposta de construção de uma Política de Segurança Institucional, que ainda não existe na Ufal, também foram explanadas para a comunidade acadêmica.
PM no Campus
Um dos pontos polêmicos da sessão foi o debate sobre a realização de rondas ostensivas da Polícia Militar dentro do campus A. C. Simões. Por haver partes favoráveis e contrárias à presença da PM na universidade, as discussões foram acaloradas. Algumas representações estudantis afixaram cartazes questionando a presença e a ação da PM. No momento, não existe nenhuma ação efetiva de policiamento dentro no campus. Entretanto, também não há proibição de que a Polícia Militar circule na universidade.
“Uma das coisas que eu mais ouvi ao longo da semana foi a ideia de que o campus era violento. Violência é um conceito polissêmico, em que cabem várias coisas. Desde a violência psicológica até um ato violento contra a vida. Na área de segurança, o que a gente usa para mensurar a violência é o homicídio porque é o crime mais grave, contra a vida. Se você pensar desse ponto de vista, o campus não é violento. Pelo contrário, o campus é uma ilha de segurança no mar de sangue que é o entorno da cidade universitária”, ponderou o professor Emerson Oliveira do Instituto de Ciências Sociais.
“É desafiador falar nesse tema. E, como estudiosa da área, eu sei que a maior parte das atenções sempre se volta para as ações de resposta imediata, o que de fato não temos. Porque o problema [da segurança] não é um problema da universidade, mas de um contexto social mais amplo. A polícia não deixa de circular dentro da universidade. Não há uma dicotomia de entra ou não entra PM, porque ela já entra. A questão é como entra. Existem formas de policiamento diferenciadas, padrões alternativos. Se a gente não cria uma aproximação da PM para que ela entenda o que é uma dinâmica universitária, mesmo a entrada esporádica é perigosa. Então a gente não encerra essa discussão por aqui, ela é bastante complexa”, pontuou a professora Elaine Pimentel, da Faculdade de Direito e membro do Grupo de Estudos Sobre a Violência em Alagoas.
Alguns dos presentes também se manifestaram a favor do policiamento no campus. Para o diretor do Cetec, Luciano Barbosa, as ações apresentadas pela gestão só terão efetividade com o reforço policial. "Eu acho que as estratégias juntas apresentadas pela gestão não são capazes de resolver o problema de segurança. Mas acho que elas, em conjunto com a presença da polícia, tendem a ajudar. Porque as ocorrências que estão acontecendo aqui dentro são casos de polícia. Precisamos proteger os jovens, os professores. Eu entendo o posicionamento de quem é contrário, mas eu acho que a presença da polícia tende a ajudar".
Prosseguimento das Ações
A primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre Segurança Institucional da UFAL, ocorrerá nesta quarta-feira (21), às 14h, contando com a presença de representantes da ADUFAL, do SINTUFAL e do movimento estudantil, bem como dos especialistas no tema que se dispuseram a compor o GT no decorrer da Sessão Extraordinária do Consuni. Os representantes dos três seguimentos da comunidade universitária no Consuni deverão ser escolhidos na próxima sessão do Conselho.
Para acessar o Plano de Ação apresentado ao Consuni, clique aqui.