Ufal beneficia sociedade com monitoramento da Caatinga
Laboratório também foi convidado a participar do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
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Ascom Ufal com colaboração do Lapis
Pela primeira vez no Brasil, uma Universidade sai à frente com uma ação sistemática de monitoramento da seca e da desertificação. É o caso do papel exercido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que através do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), tem produzido e disponibilizado, de forma contínua, dados sobre seca e precipitações na Caatinga.
Também por meio do Lapis a Ufal foi convidada a participar do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla do inglês) para elaborar um Relatório global de avaliação da mudança do clima e dos seus impactos nos diversos setores sociais, colaborando, especificamente, na área de degradação ambiental.
O IPCC reúne um conjunto de especialistas de todo o mundo para avaliar as mudanças ambientais e climáticas, com o intuito de orientar os gestores de políticas públicas na mitigação dos impactos desse processo.
Produzir informações precisas e confiáveis é passo fundamental no desenvolvimento e na implementação de políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, bem como de manejo e conservação dos recursos naturais.
No caso de mudanças no uso da terra, isso pode ser fornecido através do monitoramento de mudanças da cobertura da vegetação, processo que vem sendo realizado pela Ufal, a partir do desenvolvimento de metodologias, processos, plataformas e formação de recursos humanos capacitados na área.
É importante garantir um acompanhamento mais amplo das mudanças ambientais e climáticas, bem como uma maior rapidez e competência para enfrentar situações de desastres naturais. Para isso, as tecnologias de meteorologia e climatologia são hoje essenciais aos governos para que cumpram seu dever de monitorar e realizar a previsão de tempo, alertas à população e à Defesa Civil sobre a probabilidade de desastres naturais e ações de mitigação dos seus efeitos.
Com essas informações e dados gerados para gestores de políticas públicas, o Lapis pode contribuir com a elaboração de estratégias eficazes de gestão de recursos naturais que mitiguem os efeitos da seca, da desertificação e das mudanças climáticas.
Dessa forma, a Ufal contribui com a comunidade científica, com pequenos produtores rurais e com gestores de políticas públicas.
Trabalho contínuo
Existe uma enorme demanda por dados e produtos de satélites para atender à comunidade científica. Os serviços oferecidos pelos provedores nacionais não são suficientes para responder a essa necessidade, sobretudo em escala regional. Buscando contribuir para solucionar o problema, há 10 anos, foi instalado na Ufal, o sistema de recepção de dados via GeonetCast, através do qual os usuários têm acesso a produtos de diferentes provedores que atendem ao monitoramento ambiental, dados meteorológicos e oceanográficos.
O sistema não depende de internet para operar e tem como principal vantagem seu baixo custo de aquisição e manutenção. Dentre os impactos sociais desse serviço oferecido pela Ufal, estão: fornecer dados e produtos de monitoramento via satélite (umidade do solo, chuvas, desertificação e vegetação); formação de pessoas na área de processamento de imagens de satélites; benefícios à agricultura familiar, por meio do fornecimento de previsões meteorológicas para planejamento da produção agrícola; e utilização de dados de descargas elétricas para alerta de eventos hidrometeorológicos extremos (cheias e secas).
Os resultados do monitoramento são disponibilizados na plataforma do Sistema de Monitoramento e Alerta para a Cobertura Vegetal da Caatinga, com processamento e atualização diária e semanal das imagens de satélites.
O coordenador do Lapis, professor Humberto Barbosa, afirmou que frequentemente é procurado por entidades ligadas à agricultura familiar, sindicatos, prefeituras e organizações sociais, com demandas para treinamento aos produtores rurais na utilização da plataforma SimaCaatinga. “Há perspectivas, ainda para este semestre, de ações de formação para agricultores e agriculturas familiares, com o intuito de contribuir para que eles próprios, ou seus filhos e filhas, interpretem os dados agrometeorológicos que irão beneficiá-los na produção rural”, completou.
Barbosa também ressaltou que o SimaCaatinga atende a um enorme desafio que é produzir plataformas adaptáveis aos diversos públicos, a exemplo de agricultores familiares, de modo que traduzam, de forma simplificada, resultados complexos gerados por modelos de previsão, estudos e monitoramento.