Núcleo da Ufal apoia política pública de tecnologia educacional do MEC
Ministério da Educação aprovou projeto coordenado pelo professor Ig Ibert voltado a todo sistema básico e público de ensino do país
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Diana Monteiro - jornalista
O Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees), do Instituto de Computação (IC) da Universidade Federal de Alagoas está na coordenação nacional do desenvolvimento da plataforma que irá gerar o guia de tecnologia educacional destinado a todo sistema básico e público de ensino do país. A participação da Ufal é resultado do convite feito ao núcleo pelo Ministério da Educação (MEC), ao aprovar o projeto Sistema de Avaliação de Tecnologia Educacional (Sate 2.0) para a concepção e desenvolvimento do guia, coordenado pelo professor Ig Ibert Bittencourt, do IC.
“O guia pode impactar 50 milhões de alunos de todos os estados e municípios da federação e é a primeira vez que a Ufal está tendo um papel central no apoio à concepção de políticas de tecnologias educacionais junto ao MEC”, frisou Ig Ibert, pesquisador de inteligência artificial na educação com vários estudos na área, tanto em nível nacional quanto internacional. A ação envolve a Universidade de São Paulo (USP) e na Ufal, alunos e professores do Instituto de Computação, do Centro de Educação (Cedu), da Faculdade de Medicina (Famed) e do curso de Sistema de Informação da Unidade Penedo.
Segundo o professor, o edital do guia está dentro da política do MEC e ficará disponível até 2020. A participação obedece as seguintes etapas: cadastro de tecnologia; avaliação; análise documental e precificação. A avaliação das propostas é feita por especialistas do Ministério e a precificação para a compra da tecnologia aprovada está sob a responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A positividade da ação educacional lançada é destacada pelo professor Ig, que explica: "A importância do edital se dá pelo fato de que a compra de tecnologia seja feita baseada em sua qualidade e após análise e negociação do preço junto ao Fundo Nacional. Isso gera redução de custo para estados e municípios, além de reduzir corrupção por superfaturamento do preço da tecnologia”.
Ele aproveita para reforçar a importância da participação de Alagoas no edital nacional. "Gostaria que o Estado obtivesse tecnologia por meio do guia, pela garantia de qualidade baseada em evidências. Ou seja, a tecnologia que não mostra o benefício para o aluno ou para a gestão pública não está adequada para ser adquirida. O guia vai evidenciar isso. Além disso, outra vantagem é que tecnologias emergentes, ou seja, que ainda não tenham evidências, mas apresentam grande potencial inovador, podem ser financiadas para projeto piloto no setor público”, afirmou Ig Bittencourt.
Confira o edital do MEC para o cadastro da tecnologia pelo proponente tecnologiaeducacional.mec.gov.br. Vencidas as etapas, as tecnologias aprovadas serão publicadas no Diário Oficial da União (DOU) e estarão aptas para aquisição para estados e municípios.
Outros estudos
A participação da Ufal , a convite do MEC, com aprovação de um projeto voltado à tecnologia educacional e coordenação geral de importante iniciativa, reflete a competência da instituição alagoana nessa área, a partir da criação do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais, em 2011, que já tem mais de R$ 15 milhões de recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento e extensão inovadora em informática na educação.
O Nees tem a coordenação dos professores Diego Dermeval, da Faculdade de Medicina e Ranilson Paiva, do Instituto de Computação e conta atualmente com 17 pesquisadores na área, sendo dez doutores da Ufal e pesquisadores da USP, Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio), Unisinos e de universidades do Canadá, Reino Unido e Japão.
Atualmente, além do Guia de Tecnologia Educacional, o Núcleo, que tem total interação com o MEC, está atuando em outras pesquisas de alto impacto científico. Um dos projetos em desenvolvimento trata sobre o Mapeamento de Ondas Cerebrais, por meio de EEG (Eletroencefalogramas), cujo objetivo é entender diferentes mediadores psicológicos durante o uso de tecnologias educacionais.
“Observou-se que a tecnologia ativa diferentes mediadores psicológicos como: ansiedade, motivação, sobrecarga cognitiva, divagação, que impactam diretamente a aprendizagem. Com isso, o uso do EEG pode capturar dados com mais fidedignidade sobre esses mediadores”, informa o professor Ig. Já as pesquisas com EEG coordenadas pelo professor Alan Pedro objetiva investigar como a neurociência pode contribuir com os Sistemas Tutores Inteligentes.
Os projetos coordenados por Alan Pedro da Silva conta com a participação do professor Leonardo Marques, do Cedu e dos alunos bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), Sterfanno Remígio, do IC e Melanie Monteiro, do Instituto de Psicologia (IP). “Para mim é a oportunidade de entrar em contato com a neurociência”, diz Melanie. “O estudo oportuniza o contato com a área mais humana da computação”, frisa Sterfanno. Ambos aproveitam para reafirmar a positividade dos estudos em desenvolvimento para a formação mais ampliada em respectivas áreas de atuação.