Pesquisador palestra sobre Movimento Estudantil e Ditadura Militar no Brasil

O cientista político João Roberto Martins Filho lança livro nesta quinta-feira (24), no Ichca


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Palestra foi proferida para estudantes da graduação e pós
Palestra foi proferida para estudantes da graduação e pós

Lenilda Luna - jornalista 

O professor titular do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), João  Roberto Martins Filho, está em Maceió, a convite do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O pesquisador é mestre em Ciências Políticas, doutor em Ciência Sociais e membro do Comitê de Altos Estudos do Projeto Memórias Reveladas (Arquivo Nacional). 

Nesta quarta-feira (23), João Roberto Martins Filho proferiu palestra sobre Ditadura Militar e Movimento Estudantil no Brasil, no Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca), onde falou para um auditório lotado sobre como o Movimento mobilizou-se, em 1968, contra a Ditadura Militar, justamente no período onde o Ato Institucional n° 5 (AI5) endureceu a repressão e suspendeu direitos políticos, abrindo caminho para a institucionalização da tortura. 

Autor de livros sobre o tema, como Movimento estudantil e ditadura militar (1987) e O palácio e a caserna (1995), o professor falou sobre a conjuntura da época e os ensinamentos que esse duro período da história trazem para os dias atuais. “Apresentamos nesta palestra, basicamente, o contraste entre a Democracia e a Ditadura, e a ideia de que, por pior que tenhamos críticas à democracia que temos hoje, não existe comparação entre a pior das democracias, com a ditadura”, disse o professor. 

Os estudantes fizeram muitos questionamentos sobre a organização do movimento estudantil daquele período e as organizações políticas da atualidade. “Tivemos um público aqui hoje muito interessado e bem informado. Mas o nosso desafio é fazer com que esse debate chegue às escolas, aos estudantes do ensino médio. Mas isso não pode acontecer se a Reforma do Ensino tende a ‘treinar’ trabalhadores aos invés de ‘formar’ cidadãos preparados para ousar”, criticou o professor. 

Durante as respostas às perguntas dos estudantes, o professor João Roberto ressaltou a importância de manter a organização da sociedade, vigilante contra retrocessos sociais e políticos. “A situação política hoje é bem diferente da que tivemos na década de 60, mas devemos permanecer atentos, porque estamos percebendo o crescimento de propostas contrárias à democracia. Precisamos lembrar que a base social do fascismo é a mediocridade”, alertou o pesquisador. 

Lançamento de livro 

Nesta quinta-feira (24), às 19h, no auditório do Ichca, o professor João Roberto Martins Filho lança o livro Segredos de Estado: o Governo Britânico e a tortura no Brasil. “O livro é baseado em documentos do Governo Britânico e revela uma prova documental de que este governo colaborou com a repressão no Brasil, instalando salas de interrogatório na cidade do Rio de Janeiro. Os arquivos sobre esse período já divulgados há 30 anos pelo Governo Britânico, foram interesses comerciais, principalmente com a venda de armamentos, que fizeram com que o governo da Inglaterra oficialmente se aliasse com a Ditadura Militar brasileira”, revela o pesquisador. 

Para a coordenadora do mestrado em História, professora Michelle Reis de Macedo, a oportunidade de dialogar com o pesquisador e fazer o lançamento deste livro é muito importante para os estudantes de graduação e pós-graduação, já que o tema da defesa da democracia tem sido debatido no atual contexto político. “O historiador deve estar inserido nos debates da sociedade atual. Este é um tema instigante, que deve fazer parte das nossas reflexões como historiadores e como cidadãos”, finalizou a professora.