Ufal participa ativamente da luta antimanicomial

Projetos de pesquisa e extensão fazem parte das ações da luta na universidade


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18 de maio, Dia da Luta Antimanicomial
18 de maio, Dia da Luta Antimanicomial

Thamires Ribeiro - estagiária de Jornalismo

Para relembrar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado no dia 18 de maio, a Universidade Federal de Alagoas destaca os projetos e ações que contribuem com o debate acerca do tema em todo o estado. A data propõe reflexões e adesões em relação ao reconhecimento do sofrimento psíquico como parte da diversidade humana, que vem sendo buscado desde a década de 60.

Em maio 2017, sob iniciativa da gestão, a Ufal assumiu um posicionamento em defesa da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial, com a criação do Fórum de Saúde Mental Nise da Silveira. O Fórum atua com a participação da Ufal na Rede de Atenção Psicossocial de Alagoas, buscando a implantação de leitos de saúde mental no HU, e com a política de saúde mental na universidade. Ele reúne pesquisadores, estudantes e toda a comunidade em torno do planejamento de atividades voltadas para minimizar os elevados índices de adoecimento mental.

“A luta antimanicomial questiona a predominância de uma noção de periculosidade e de medo da sociedade em relação aos sofrimentos psíquicos, ainda chamados de doença mental ou de loucura, sendo ainda muito comum a esse fenômeno a prática recorrente à internação e à reclusão do sujeito do convívio social. A luta propõe subverter essa lógica e construir forma de atenção em saúde mental com garantia de direitos. Em tempos autoritários e de naturalização das formas de confinamento, segregação e apartação social, a luta antimanicomial se faz mais necessária”, explicou a professora Rosa Prédes, que coordena o grupo Saúde Mental e Sociedade da Faculdade de Serviço Social (FSSO).

Os cursos das áreas de saúde da Ufal abrangem a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo a defesa da política de saúde mental com base antimanicomial, incentivando a atenção em saúde mental e liberdade, sem necessidade de interações longas e isoladas.

“Alagoas tem um histórico manicomial muito consolidado, com vários hospitais psiquiátricos e mais recentemente, com clínicas e comunidades terapêuticas que internam usuários de drogas, em geral de forma involuntária, mas, Alagoas também tem muitas lutas sociais para criar, desde a década de 1990, e ampliar os dispositivos que podem cuidar dos sofrimentos psíquicos em meio aberto e com inserção social, como são os centros de atenção psicossocial, vinculados às prefeituras municipais”, defendeu Prédes.

Através do Programa CuidadosaMente, estudantes de diversos cursos realizam atividades abordando o tema interna e externamente, ele é coordenado pelas professoras Yanna Lira, Jorgina Jorge e Verônica Alves da Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar) e trabalha seguindo três pilares: a promoção da saúde, realizando alongamentos e rodas de músicas com estudantes de diversos cursos na universidade quinzenalmente, e em ambientes externos uma vez por mês, proporcionando um momento de interação e prezando pelo bem-estar; a prevenção e reabilitação, com ações em parceria com o Centro de Valorização à Vida (CVV), trabalhando a prevenção do suicídio e a reabilitação de pessoas que frequentam locais que necessitam do serviço; e a educação permanente, supervisionando o matriciamento da saúde mental na atenção básica de Maceió, que iniciou a partir de um projeto piloto, criado em 2014. Além de realizar capacitações para os profissionais de saúde, trabalhando as perspectivas antimanicomiais e reforçando os serviços substitutivos ao manicômio.

“A gente defende uma lógica de assistência que seja com inclusão social, que resgate a intersetorialidade, que a gente perceba que tratar a pessoa com transtorno mental com sofrimento ou somente com a saúde como único dispositivo não é eficaz, então a gente precisa pensar em todos os aspectos de forma mais ampla, onde o usuário tem direito de ir e vir, possa estar dentro da sua família, possa ter o cuidado, o carinho e tenha a possibilidade de gerar renda quando faz algum trabalho. A ideia da luta é manter a questão do ser cidadão”, afirmou a professora Yanna Lira.

As atividades que abordam o tema estão sendo cada vez mais ampliadas na Ufal com o surgimento de novos grupos de pesquisa que estudarão o tema, analisando-o de diversas perspectivas. Aprovado pelo Programa Círculos Comunitários de Atividades Extensionistas (Proccaext), no segundo semestre de 2018, o projeto Saúde Mental e Sociedade: divulgando e fortalecendo a rede de atenção psicossocial em Maceió iniciará suas atividades atuando em todo o município.

“Qualquer pessoa pode estar vulnerável ao processo de adoecimento mental e a gente precisa discutir isso com mais facilidade, sem tabu, reduzindo estigmas, para que as pessoas reconheçam os dias positivos, mas também conheçam quem procurar quando não está tão bem, sem o auto preconceito. A ideia é fortalecer a luta para melhoria, quanto mais gente esclarecida, maior o alcance das políticas”, finalizou Yanna Lira.