Campi Arapiraca e do Sertão iniciam minicursos com temas variados
Debates sobre práticas pedagógicas e inclusão marcaram o primeiro dia da SBPC Educação no interior
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A formação de professores está sendo o ponto central dos minicursos realizados na tarde da quinta-feira (19) no Campus Arapiraca, em meio à programação da 70ª Reunião Anual da SBPC. Entre os temas trabalhados, está a possibilidade de quebrar paradigmas para promover uma educação mais humanizada.
A professora Marta Maria Minervino (Ufal) trabalha em seu minicurso a necessidade de compreender as variações da língua portuguesa. Segundo Marta, há mais de 200 milhões de falantes do português no mundo inteiro e a língua oral não é um sistema rígido, pois sua estrutura depende de contextos socioeconômicos. Por causa disso, mesmo em sala de aula as variações não devem ser tratadas como erradas, e sim como resultado dessas influências, promovendo uma escolarização mais voltada para os contextos locais.
A educação infantil é o assunto do minicurso da professora Renata da Costa Maynart (Ufal) e da graduanda Priscilla Almeida Silva. Elas trazem para o centro do debate questões voltadas para uma prática educativa mais próxima das crianças. Segundo Maynart, o pedagogo deve aprender a ouvir e interpretar para compreender melhor as necessidades de cada criança, em vez de apostar em um modelo homogeneizante de educação.
Humanização como ferramenta de desenvolvimento social
O minicurso ministrado pela professora Ana Carolina Galvão Marsiglia (Ufes) teve a promoção da cultura como ferramenta de humanização social. “A cultura deve ser aprendida de forma que todos sejam atingidos, é papel da escola promover intensamente a humanização do ser humano, para que assim evite a desigualdade social”, explicou Ana Carolina Galvão.
Marsiglia reforça o significado do que é cultura, citando a reflexão do filósofo Karl Marx, quando diz “o ser humano transforma a natureza para colocar a seu favor”. Ela ainda acrescenta: “cultura não é só arte e sim tudo aquilo que o ser humano pode transformar para se tornar trabalho”.
Já os professores Ailton Cotrim Prates (Ufal) e Carolina Nozella Gama (Ufal), levantaram a questão da atribuição escolar científica para as crianças e adolescentes. “A escola deve preocupar o que os jovens e adolescentes só podem aprender durante o desenvolvimento do plano de atividades escolares e para isso é necessário ser realizado uma seleção de conhecimento científico”, frisou Ailton.
Os interessados em participar dos minicursos, oficinas, palestras e atividades culturais, devem ficar atentos quanto ao horário das programações ao longo da SBPC Alagoas. Confiram o horário das atividades em Arapiraca.
No Campus do Sertão: Língua de sinais na inclusão de surdos
Um dos grandes desafios enfrentados atualmente é a inclusão de pessoas com deficiência auditiva a uma rotina natural, como ir à escola e estudar. Um desses obstáculos é a falta de professores que dominem a língua de sinais e possam atender a esse público.
Diante dessa questão, a SBPC Educação oferta no Campus do Sertão o minicurso O papel da língua de sinais na educação de pessoas surdas. A aula, voltada para professores da rede pública, tem o objetivo principal debater questões pertinentes ao tema e a sua importância, como explica o professor Cristiano das Neves Vilela.
“Durante o minicurso abordamos questões como a educação de surdos, os modelos que estão disponíveis hoje, as propostas na legislação, o que vem sendo feito na nossa região, discussão sobre a questão da inclusão educacional, o uso da língua de sinais nas escolas, a falta de profissionais para trabalhar com surdos, falta de intérprete de libras, que é um problema generalizado, entre outros pontos”, falou.
O professor ressalta que um dos grandes desafios é a interiorização da língua de sinais. “Estamos contextualizando os tópicos com a situação dos surdos que vivem distantes das captais, que vivem nas pequenas cidades do interior, porque um grande problema hoje é interiorizar a língua de sinais, fazer com que chegue de forma mais plena às cidades do interior”, explicou, complementando que esse tema é de grande relevância para Delmiro Gouveia, cidade do Sertão alagoano.
Cristiano enfatiza que ainda há muita desinformação sobre os surdos. “Há muito preconceito, alguns estereótipos. A ideia foi discutir o que é a língua de sinais, porque precisamos entender que é uma língua, e não uma linguagem, nem gestos, nem mímicas, mas uma forma de comunicação com as pessoas surdas”, ressaltou.
Neves falou, ainda, dos planos do Campus do Sertão para a expansão da língua de sinais, como as atividades de extensão e os cursos. “Aqui no campus são dois professores de libras, eu e o professor Adeilson, que é surdo, e nós temos sempre procurado expandir para as atividades de extensão. Estamos com um curso de libras aqui no campus, um curso básico, encerramos uma turma, iniciamos outra, e a previsão é começar cursos intermediários de libra. Temos um curso para formação de instrutores de línguas de sinais que visa formar surdos da região com ensino médio completo como instrutores. Tudo isso faz parte de um planejamento e uma grande estratégia que temos pensando em interiorizar essa língua”, finalizou.