Colóquio fez debate relacionado à conexão África-Brasil
Ciência e saberes populares foram os focos das discussões
- Atualizado em
A SBPC Alagoas recebeu o 1º Colóquio Cuística em São Tomé e Príncipe promovido pelo Núcleo de Estudantes Africanos de Alagoas (NEA-AL) programa de Estudantes Convênio - Graduação (PEC-G) para debater questões diversas de um ponto de vista acadêmico.
O colóquio foi divido em dois momentos, no primeiro a professora Eliane Oliveira, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Campus Arapiraca, debateu a aculturação e apagamento identitário por meio do silenciamento das línguas maternas do povo africano com base em São Tomé e Princípe, que é um país lusófono integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
No segundo momento aconteceu a mesa-redonda Questões étnico-raciais nas ciências exatas e biológicas (aspectos sociais, históricos e perspectivas mercadológicas), que foi apresentada pelo graduando em meteorologia da Universidade Federal de Alagoas Dário Mario. A discussão girou em torno da quebra de preconceito que é enxergada como forma de melhor dominar, com uma filosofia depreciativa para com o negro, e a perspectiva levantada foi a do africano fazendo relação com a realidade brasileira.
Diferenças raciais e a relação de saber científico e saber alternativo
Tomando como exemplo São Tomé e Príncipe, com a colonização iniciada na segunda metade do ano de 1400, convive com mais de cinco línguas diferentes que são regidas por apenas um estatuto oficial. “Nessa transferência cultural e identitária, línguas e dialetos são tratados como menores, como errados, feios, quando na verdade, trata-se da identidade de um povo, de sua cultura e de seu agir vernacular”, conta o presidente do NEA-AL, Ebenezer Aboagye.
Ele comenta que diferentemente da cultura africana, o saber acadêmico ou saber científico é considerado o “certo” enquanto que o saber alternativo não é visto com bons olhos E cita como exemplo a medicina, que algumas doenças não são curadas com medicamento convencional. No caso da maária, os remédios tratam os sintomas e na medicina nativa africana, segundo Ebenezer, trata e cura a causa da doença deixando de ser um agente paliativo. A medicina nativa é um curso separado ou especialização nas universidades africanas.
Sobre o racismo, no ponto de vista africano não há diferença entre as tonalidades de pele, o que nas palavras de Ebenzer ainda causa um olhar estranho, não natural. Outra curiosidade apresentada é que no sistema de governo existem reis e príncipes que ajudam na governança dos povos, mas numa questão macro, o detentor do poder no país é o presidente.
Os participantes relataram que foi um debate rico de ideias e trocas de experiências, unindo saber científico, saber popular e interação, provando que o saber acadêmico conversa de igual para igual com o saber cultural.