Desfile de moda Afro-In chama atenção pela beleza das peças da cultura afro
Palco Arena mistura música, moda, cor e empoderamento na SBPC 2018
- Atualizado em
O Palco Arena vem sendo um espaço para apresentações culturais diversificadas, com forró pé de serra, coco de roda e afins, mas na noite desta quarta-feira (25) reservou um evento mais que especial da edição 2018 da SBPC em Alagoas: o desfile Estilo Resistencia, ao som da cantora alagoana Mel Nascimento que abrilhantou o momento promovido pelo Moda Afro-In, SBPC Cultural e SBPC Afro e Indigena.
O desfile surgiu como resultado do projeto Fala Preta #tire.a.venda.do.racismo que consistia em rodas de conversas com troca de relatos e tratamento das dores causadas pelas lembranças nas conversas. Em 2017, a coordenação do projeto encontrou uma forma de continuar fazendo esse serviço sem relembrar episódios de “dores”: através do emponderamento dessas mulheres, aliando as discussões promovidas pelas rodas de conversa, mas com um outro direcionamento. Surgiu, assim, o ensaio fotográfico Afro-In e para a SBPC 2018 foi montado o desfile Estilo Resistência, unindo a beleza da mulher negra, a cultura e a ancestralidade.
Foi um momento especial do terceiro dia da 70ª Reunião Anual da SBPC. Um número expressivo de pessoas estava na praça, no Palco Arena, perto dos bancos da universidade, para prestigiar o desfile, quando foram tomados pela voz da cantora Mel Nascimento que passou cantando por todos os presentes até chegar ao palco. Abrindo o desfile, algumas modelos celebraram uma benção ao ambiente com dança e coreografia, deixando os presentes perplexos com as apresentações. A música não parou o desfile seguiu com uma série de modelos, que esbanjaram cores em suas roupas, tranças e sorrisos enquanto o Samba Rock, misturado com elementos da música afro de Mel Nascimento, ditava a trilha sonora antes, durante e após o desfile.
Momento de discussão
A SBPC Afro e indígena está trazendo para a edição 2018 toda uma discussão sobre questões étnico- raciais, de gênero, de lutas por reconhecimento, combate ao preconceito e inclusão social para o ambiente acadêmico. Essas ações tem uma visibilidade ainda maior no atual contexto social contemporâneo: “nós achamos que a ciência precisa, a ciência política e a produção do conhecimento precisam trabalhar a diversidade que existe entre nós brasileiros, pois somos um povo muito diverso e é necessário reafirmar a todo momento nossa identidade étnico-racial, seja indígena ou negra e não apenas por uma questão de resistência mas também de denúncia dos processos de exclusão vivenciados ainda hoje”, conta Ana Pereira, fundadora do Intituto Jarede Viana.
Usar a arte para debater, denunciar, protestar e resistir tem sido amplamente defendida por diversas atividades por toda a SBPC Alagoas, tanto por palestrantes e conferencistas, nas oficinas, e com o desfile não poderia ser diferente. A cantora Mel Nascimento deu sua opinião sobre o assunto: “Eu acredito que é o momento de nós ocuparmos os espaços que temos e através da arte, da música, da dança estamos fazendo isso e com esse desfile eu acredito que só fortalece, porque você vê nos rostos das pessoas que estão participando desse momento e enxerga a garra e a vontade de fazer acontecer e a SBPC tem um papel especial nisso”, disse.