Mesa apresenta contribuições da digitalização para acesso à informação

Pesquisadores internacionais foram convidados para o debate

Por Mírian Félix - estudante de Jornalismo
- Atualizado em
Friedrich Hesse, da Associação Leibniz, da Alemanha
Friedrich Hesse, da Associação Leibniz, da Alemanha

Promovida com o incentivo do Instituto Leibniz-Gemeinschaft e auxílio do German Centre for Research and Innovation (São Paulo), ocorreu a mesa-redonda O impacto da digitalização na pesquisa e no ensino superior. A mesa foi presidida pela professora Ana Tereza Ribeiro Vasconcelos, do Departamento de genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Um do palestrantes foi o professor Friedrich W. Hesse, diretor-fundador do Instituto Leibniz, vice-presidente científico do German Leibniz Association e presidente do Departamento de Psicologia Cognitiva Aplicada e Psicologia dos Media na Universidade de Tuebingen. Ele explicou que as informações conseguidas com o auxílio da tecnologia podem apoiar na tomada de decisão através do uso de uma mesa multitoque (multi-touch table – MTT).

“Interfaces cognitivas são meios para os quais utilizamos para trabalhar a cognição humana. O problema é que a capacidade de informação digital está crescendo vertiginosamente. Tem que se lidar com a dificuldade de ter se uma interface adequada”, disse Hesse. Segundo o professor o desafio é diminuir a carga da memória de trabalho através da interação com a tecnologia MTTi-touch table, por exemplo, que foi desenvolvida para isso. “Nossa memória de trabalho é responsável pela resolução, tomada de decisão. Há certos aspectos que podem ser ressaltados pelo computador através da mesa multitoque. Ela aumenta mais de cinco vezes a capacidade de se tomar uma decisão assertiva do que quando não se usa a mesa”, afirmou o professor Friedrich.

Houve ainda a palestra de Vinícius Pontes Martins, coordenador da Hemeroteca Digital Nacional, programa de digitalização de jornais e revistas, que falou sobre o processo de digitalização do acervo com a criação da BND. “A missão é preservar a memória cultural brasileira e promover acesso às informações de seu acervo”, explicou, destacando que contém mais de nove milhões de páginas de periódicos digitalizados.

Em seguida Raimund Vogl, CIO da University of Münster (Westfälische Wilhelms-Universität WWU Münster) e diretor do University IT em Copenhague, pôde explicar as estratégias utilizadas na questão da implementação da digitalização da universidade. Raimund citou quais foram as estratégias de TI na WWU Münster: estabelecer um Centro de Suporte a E-Ciência, Centro de Humanidades Digitais, promover o desenvolvimento da Infraestrutura de Pesquisa de dados abertos, criar um grupo de suporte digital apara gravação de aulas, estabelecer um centro de apoio jurídico e logístico aos pesquisadores, entre outras.

“Estamos montando projeto de pesquisa para ver qual a aprendizagem de máquina e a utilização da inteligência artificial para ser aplicada na universidade e também melhorar a segurança na rede”, destacou.

Em meio à imersão tecnológica que a digitalização provoca, Ricardo Medeiros Pimenta, pesquisador e professor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), apresentou sua palestra Transformação digital nas humanidades: qual o presente e o futuro para o conhecimento?, com o intuito de despertar o raciocínio questionador no contexto do avanço da ciência e da tecnologia.

Ele discorreu sobre a complexidade de lidar com a conversão do analógico para o digital, e ressaltou que a digitalização não é apenas estocagem de dados. “É necessário, de fato, agir de maneira multidisciplinar, a prática multidisciplinar tem que ser usada para que possamos construir conhecimento e gerar informação na era do Big Data. É necessário criar formas de controle e uso desses dados”, expôs Pimenta.

O palestrante reforçou que é preciso produzir pensamento crítico no que está acontecendo no Brasil e no mundo sob o prisma do conhecimento digital. “Da mesma maneira que falta política de ciência e tecnologia, que falta educação, falta a construção de um olhar crítico sobre aquilo que a gente consome, sobre aquilo que a gente deseja, sobre aquilo que a gente reproduz. Então, se a gente não tem acesso à informação de qualidade e se nós não sabemos como acessar informação de qualidade, a gente consome qualquer coisa que colocarem na nossa frente”, destacou.

A mesa realizada na SBPC Alagoas contou com o recurso de tradução simultânea.