Minicurso propõe técnicas para linguagem de crianças autistas

Atividade abordou temas como comportamento e comunicação

Por Bárbara Isis – estudante de Jornalismo
- Atualizado em
Professor André Varella, da UCDB
Professor André Varella, da UCDB

Um minicurso voltado à abordagem de técnicas para o desenvolvimento da linguagem em crianças com autismo foi ministrado pelos professores André Varella, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e Daniela Ribeiro, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A atividade trouxe informações para sensibilizar os ouvintes ao comportamento de crianças autistas e como desenvolver e compreender a linguagem usada por elas.

Os ministrantes explicaram que mesmo com interesse, o padrão de socialização de um autista é diferente, e há casos mais severos em que a pessoa se afasta e evita ambientes sociais, o que acaba prejudicando o processo de comunicação. Segundo o professor André Varella, as crianças com autismo tendem a se importar muito mais com os detalhes e som dos brinquedos, do que com o rosto das pessoas ou o que elas estão dizendo.

Ele menciona o processo de associação da voz feito por crianças típicas. “O pai ou a mãe, ao brincar, fala: ‘oh, essa aqui é a Peppa’, fala ‘Pepa’ e mostra o brinquedo pra criança. Ela escuta ‘Peppa’ uma vez, olha o brinquedo, e já consegue rastrear o olhar da mãe. Então, quando a mãe fala: ‘olha, essa aqui é a Peppa’, a criança já consegue ver pra onde a mãe olha, ouve a palavra ‘Peppa’ e consegue relacionar ‘Peppa’ com aquele brinquedo, mesmo que a criança ainda não saiba falar, mas ela já consegue saber sobre o que a mãe está falando”, explica.

Ainda na explanação, Varella comenta como é processo se a criança for autista, e como se dá a linguagem: “Eu começo a conversar com a criança e mexer no brinquedo. O fato de falar com ela em determinado contexto começa a ficar relacionado com as coisas que despertam seu interesse. Tem técnicas específicas, que são protocolos a serem seguidos, que a gente usa algo do interesse dela como se fosse puxar o interesse para outras coisas, e essas outras coisas, nesse caso, é a própria voz humana. Então, quando a gente usa os interesses da criança para começar a despertar a prestar atenção nas vozes das pessoas, a gente começa a aumentar a probabilidade da criança direcionar o olhar para quando alguém fala alguma coisa”.

A estudante de matemática do Instituto Federal da Bahia (IFBA), Roseane Santos, comenta sobre a importância da participação no minicurso. “Hoje vivemos em um Brasil com leis de inclusão aprovadas, mas as capacitações oferecidas nestas áreas ainda são poucas, e minicursos como esse oferecem um norte para todos aqueles que vão se deparar com algum tipo de especialidade, neste caso, a Síndrome do Espectro Autista. Eu me interessei por esse curso justamente por trabalhar com uma criança autista muito inteligente e que não fala. E aqui a intenção foi dar para nós, participantes, noções de como podemos desenvolver a linguagem nas crianças autistas através da Análise de Comportamento Aplicada’, falou.

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), é a área de conhecimento que desenvolve pesquisas e aplicações a partir dos princípios da ciência da análise do comportamento, e que possui estudos voltados para a aprendizagem.