Nobel de Física que revolucionou o ensino brasileiro é tema de mesa
Richard Feynman é um dos maiores nomes da Física do século 20 e chegou a dar aulas no Brasil
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As contribuições do físico norte-americano Richard Feynman para o desenvolvimento do ensino da física no Brasil foram celebradas durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O debate, que abordou seus grandes feitos, serviu de espaço para compartilhar as histórias não registradas nos livros científicos.
A mesa-redonda intitulada em homenagem ao livro que narra a passagem do físico pelo Brasil - Está a brincar, Sr. Feynman?- foi coordenada pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marcos Assunção Pimenta, e contou com a palestra do professor do departamento de Física da Universidade Federal do ABC (UFABC), Nelson Studart Filho e do físico e presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.
No primeiro momento da mesa, os palestrantes lançaram breve contexto histórico sobre Feynman antes de sua vinda ao Brasil, relatando as primeiras contribuições para a física, entre elas, a criação de ferramentas matemáticas para a teoria da eletrodinâmica quântica, estudo que explicava o funcionamento da eletricidade, magnetismo e raios-x, demonstrando como elétrons interagiam com os fótons da luz.
Em seguida, entrou em debate o legado deixado pelo norte-americano para a educação brasileira. Em 1951, Feynman passou a lecionar no Centro Brasileiro de Pesquisas Científicas (CBPC), quando deu aulas de eletromagnetismo, física nuclear e eletrodinâmica quântica. Ildeu também lembrou a participação de Feynman na SBPC de 1950, quando apresentou dois artigos científicos em português e ministrou a famosa palestra onde criticou o ensino de física no Brasil, ressaltando o valor do aprendizado fora das estruturas ditadas pelo ambiente acadêmico.
“A partir da sua experiência como professor no país, Feynman disse que depois de muita investigação, descobriu que os estudantes tinham decorado tudo e não sabiam o que [a teoria] queria dizer com os termos difíceis, no caso da polarização da luz (...) Para Feynman, os estudantes eram inteligentes mas adotaram essa forma estranha de pensar, essa forma esquisita de autopropagar a educação, que era inútil”, explicou Ildeu.
Foram também relatadas as histórias curiosas sobre as últimas visitas de Richard Feynman ao Brasil. Em um delas, os palestrantes descreveram o físico como alguém de espírito leve e que admirava os ritmos brasileiros, aprendeu a tocar instrumentos e chegou a desfilar em um bloco durante o carnaval do Rio de Janeiro de 1952.