Saúde das populações negra e indígena é debatida durante a SBPC Alagoas

Mesa-redonda contou com enfermeiros e professores da área da saúde

Por Thamires Ribeiro – estagiária de Jornalismo
- Atualizado em
Mesa-redonda debate a saúde da população negra e indígena. Foto: Thamires Ribeiro
Mesa-redonda debate a saúde da população negra e indígena. Foto: Thamires Ribeiro

Para abordar e debater acerca da saúde das populações negra e indígena, a 70° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBCP) recebeu as professoras Fernanda Ferreira, do Centro Universitário Cesmac e Sandra Bofim, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal); e os enfermeiros Maria Socorro França e Robert Lincoln, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), especialistas em saúde da população negra.

O objetivo da mesa-redonda na programação da SBPC Afro e Indígena foi debater os avanços e desafios da saúde voltada para esta população. Os palestrantes abordaram temas como o racismo institucional, a retrospectiva das políticas afirmativas, reestruturação do Plano Estadual de Saúde e as políticas transversais e instrumentos legais de saúde.

“Cada vez que o tempo passa, mais a gente vai percebendo as desigualdades, a gente tenta acompanhar, através das cotas e políticas afirmativas, mas é difícil. O processo é estrutural, é uma coisa de base e difícil de romper”, disse a enfermeira Maria Socorro.

De acordo com Robert Lincoln, ainda existe um problema muito grande em relação ao preconceito e a falta de acolhimento nas unidades de saúde do Estado no atendimento de pessoas negras e indígenas, principalmente as que são de religião de matriz africana.

“As comunidades quilombolas de Alagoas estão dentro de 35 municípios, e distribuídas dentro de oito regiões de saúde, das dez do Estado. Quando eu falo saúde da população negra, todo mundo acha que é só os quilombolas e esquece que a população negra está em todo o lugar. Os povos de terreiros, por exemplo, não apresentam suas necessidades e dificuldades por medo de uma população e de um sistema preconceituosos”, afirmou Lincoln.

O palestrante ressaltou ainda que um dos principais desafios está na preparação e formação profissional da equipe que está atendendo, desde o acolhimento até a resolutividade das demandas.

“O Estado tem o papel de monitorar e avaliar a saúde indígena, porque eles buscam o serviço de saúde que nós buscamos, e a maior dificuldade é a média e alta complexidade. É preciso olhar para a saúde indígena e garantir o acesso à regulação e aos serviços de atendimento”, concluiu.