SBPC Afro e Indígena debate colonialismo e comunidades quilombolas
Duas conferências foram realizadas na manhã desta segunda-feira (23), no campus Arapiraca
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O primeiro dia do SBPC Afro e Indígena em Arapiraca está sendo marcado por conversas sobre as questões decorrentes do processo colonial e a formação das comunidades quilombolas. Assim, abre-se espaço para colocar em pauta as temáticas afro-indígenas, que são o foco do evento.
Na conferência Contos, causos e histórias do Quilombo do Oitero, a professora Valéria Campos (Ufal) deu início às discussões com a apresentação dos direitos que estão previstos na Legislação de 1988 para as comunidades quilombolas e seus integrantes.
Em seguida, a professora expôs os resultados do projeto de extensão que coordena na Unidade da Ufal em Penedo, que consiste na coleta de contos populares da comunidade quilombola Oitero. O principal objetivo do projeto é promover o resgate da identidade local a partir da disseminação dessas histórias entre os mais jovens.
Segundo Valéria, após a coleta das narrativas, elas foram contadas às crianças da Escola Irmã Jolenta, que receberam a tarefa de ilustrá-las segundo suas próprias interpretações. “É necessário começar a discutir as questões da vida quilombola desde a primeira infância para que seja construída a consciência da identidade negra”, explica.
Responsável pelo tema Dupla consciência e psicologia latino-americana: o desafio da descolonização, o psicólogo Bruno Gonçalves Simões (CRP-SP) iniciou a sua fala com uma breve reflexão sobre a importância da descolonização da cultura. “É preciso entender melhor a forma que construímos a vida de maneira colonizada, que é o processo que aprendemos desde cedo”, explicou o psicólogo.
A partir daí, segundo ele, é possível enxergar que somos seres com duas almas, com uma dupla consciência dividida entre tradição e modernidade. “Cada um de nós vive em uma luta, somos forjados para pensar de tal forma. Sempre estamos em controvérsia com os pensamentos sobre algo que já construímos”, destaca.
Simões concluiu sua conferência ressaltando que é essa dupla consciência que nos permite entender o mundo de diferentes formas ao mesmo tempo e dá abertura para um processo descolonizador. “Quando damos mais força ao modo de ser do colonizado, deixando de lado o do explorador, temos a possibilidade de promover a desconstrução do colonialismo”, finaliza.