Ufal e Sociedade entrevista o professor Rodrigo Castelo da Unirio
O pesquisador esteve na Ufal para participar de seminário sobre a Teoria Marxista da Dependência
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No Programa Ufal e Sociedade desta semana, Lenilda Luna entrevistou o professor Rodrigo Castelo, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Ele esteve na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no final de outubro, para participar do 1º Seminário Nacional Economia Política e Dependência, realizado pelo grupo de pesquisa Estado de Direito e Capitalismo Dependente, liderado pelos professores Adriano Nascimento e Clarissa Maranhão, da Faculdade de Serviço Social (FSSO).
Rodrigo Castelo destacou a importância de debater a Teoria Marxista da Dependência, nesse contexto internacional de superexploração da força de trabalho, que atinge mais duramente os países de economia dependente. No Brasil, por exemplo, as mudanças na legislação trabalhista retiraram direitos que eram considerados consolidados na Constituição Federal. “Precisamos aprofundar questões como a transferência de riquezas e valores do Brasil para o exterior, como a economia brasileira tem sido gerida a partir dos interesses externos”, ressaltou o professor.
O docente também explicou como surgiu a Teoria Marxista da Dependência, indicando suas referências a partir da década de 1960, como Ruy Mauro Marini, Vânia Bambirra e Teotônio dos Santos. “Eles foram orientados pelo professor alemão André Gunder Frank na Universidade de Brasília (UnB), quando Darcy Ribeiro era o reitor e montou um departamento de Ciência Política. Esses três sociólogos produziram escritos no início dos anos 60, mas tiveram os trabalhos interrompidos pelo Golpe Militar de 1964. A tese de Ruy Mauro Marini foi queimada pelos censores da Ditadura”, relata o professor.
Na entrevista, o professor Rodrigo narra a resistência dos teóricos da Teoria Marxista da Dependência nos anos obscuros das ditaduras na América Latina. “A história dessa Teoria foi bastante influenciada por esses exílios durante as ditaduras brasileira e chilena. Por isso, não eram estudos meramente acadêmicos. Havia um compromisso com a ação para transformar a realidade. Eles sempre estiveram muito relacionados à militância política no Brasil. Foram atuantes na Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop) e trabalhavam junto às organizações dos trabalhadores”, conta Rodrigo.
O professor também analisou questões da conjuntura, como a monopolização da economia brasileira por conglomerados empresariais, a resistência dos povos amazônicos à uma pressão atroz das transnacionais para ampliar áreas de interesse do mercado internacional. Ele destacou ainda o papel da Universidade na formulação teórica para a sociedade. “Acreditamos numa universidade socialmente referenciada. Não pode ser uma torre de marfim que se fecha em si. Defendemos um projeto de universidade popular, aberta aos interesses do povo brasileiro. Que a Universidade se abra para o povo, como dizia Ernesto Guevara”, concluiu o professor.
Para ouvir o programa na íntegra, acesse o nosso podcast aqui.