Pesquisa aponta levantamento das aves atingidas pelo óleo em Alagoas
Segundo estudo do LSEA, o norte do Pontal do Peba foi a área mais atingida
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O Laboratório de Morfologia, Sistemática e Ecologia de Aves (LSEA) do Museu de História Natural (MHN) da Universidade Federal de Alagoas, coordenado pelo professor Renato Gaban-Lima, realizou um estudo com o objetivo de identificar as aves atingidas pelo óleo que nos últimos meses chegou ao litoral alagoano, ainda sem causa conclusiva. O trabalho também pretende contribuir para o esclarecimento de parte dos impactos nessas aves e ambientes.
O professor Renato destaca que Alagoas recebe, anualmente, durante os meses de primavera, verão e outono, milhares de aves migratórias, de dezenas de espécies que fogem do frio no hemisfério norte, onde se reproduzem. Grande parte dessas aves é de limícolas, animais que se alimentam principalmente de invertebrados nas zonas entremarés, localizadas em praias arenosas, lodosas e sobre os recifes e margens de ecossistemas aquáticos.
Segundo o estudo, as aves que chegam ao litoral alagoano dependem de habitats íntegros para descanso, alimentação, recomposição de energia e realização de trocas de penas para um novo movimento migratório e ciclo reprodutivo. Em consequência, o óleo que está contaminando as praias e manguezais têm potencial de afetar essas aves. As diferentes espécies têm preferências ambientais distintas e utilizam diversos recursos tanto na alimentação quanto para descanso.
Em análise do aparecimento das manchas de óleo, foi verificado que algumas praias estão sendo mais afetadas que outras, a depender da dinâmica das correntes, do vento e estrutura da costa.
O pesquisador Renato Gaban explica que além de contaminar o substrato e os itens alimentares dessas aves, os corpos oleosos estão unidos aos detritos presentes nas praias, onde as aves costumam descansar enquanto não estão se alimentando.
As quatro aves identificadas pelo trabalho e que tiveram decréscimo com a presença do óleo foram: Batuíra de Bando (Charadrius semipalmatus), Maçarico Branco (Calidris alba), Vira-pedras (Arenaria interpres) e Batuiruçu de Axila Preta (Pluvialis squatarola).
Segundo Gaban, “a chegada do óleo interrompeu a esperada elevação do número de contatos observada nos anos anteriores. Das quatro espécies, apenas Charadrius semipalmatus está claramente abaixo dos anos anteriores. Dessa espécie, são os indivíduos que estão mais ‘oleados’”. Gaban explica que essa espécie claramente tem preferência pela porção à direita (norte) do Pontal do Peba, onde o óleo chegou em abundância. Ao sul do Peba (dentro da APA), não tiveram muitos registros de óleo. Esses dado são das pesquisas que temos feito no LSEA” esclareceu.
O professor e pesquisador Renato Gaban-Lima integra a força-tarefa montada pela Ufal para monitorar o vazamento de óleo na costa nordestina e seus impactos.