Curso de Agroecologia tem primeiras defesas de TCCs

Apresentação foi marcada por gratidão; Discentes chegaram ao curso através de amigas

Por Amanda Alves - estagiária de Relações Públicas
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Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

Na última sexta-feira (29), ocorreram as primeiras defesas de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) do curso de Agroecologia, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca). Alyce Carvalho e Carla Rocha foram orientadas pela professora Mariana Breda. A apresentação contou com a presença dos familiares das discentes, professores e o coordenador do curso, Luan Danilo Ferreira.

Ao final da defesa, as discentes agradeceram a todos que contribuíram de alguma forma para a pesquisa e confecção dos TCCs. Além disso, também elogiaram o curso, afirmando ter a maioria dos conhecimentos necessários, durante o curso, para o desempenho pleno das atribuições de sua futura profissão.

Resistência de milho crioulo Zea mays L. à Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae)

Carvalho, que sempre quis trabalhar com a natureza e pessoas, revela que começou sua vida acadêmica no curso tecnológico de Gestão Ambiental, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), mas acabou não se adaptando à rotina, foi quando resolveu conferir as chamadas do Sisu. “Uma amiga me avisou quando abriu e que tinha alguns cursos novos. Não sabia o que era Agroecologia e por ser um curso novo fiquei com ‘um pé atrás’ mas comecei a pesquisar, me interessei e me inscrevi. Desde então, me encontrei no curso, foi um desafio por ser a primeira turma, restaram apenas 3 mulheres’’, alega.

Ao iniciar o curso, a discente relata que um dos motivos para a permanência foi o fato da turma ter se deparado com excelentes professores, que conseguiram contagiar os alunos. Dentre os docentes, estava Breda, a orientadora, e Karen Oliveira, coorientadora do TCC. Rocha afirma que Breda ajudou no desenvolvimento da ideia, que tinha o intuito de obter resultados que beneficiassem aos produtores de milho, principalmente a agricultura familiar do estado.

Carvalho explica que o estudo propôs avaliar a resistência de sementes de milho de variedades crioulas e comercial, com relação ao ataque de Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae), em condições de armazenamento. “Amostras de grãos de duas variedades crioulas, Jabotão e Batité, e uma cultivar comercial, Caatingueiro, foram utilizadas para realização dos bioensaios em laboratório. Foram avaliados os seguintes parâmetros: preferência hospedeira em diferentes variedades de milho através de teste de livre chance de escolha, taxa instantânea de crescimento populacional (ri) e perda de massa seca dos grãos (%)’’, afirma.

Como resultados da pesquisa, a discente explica que ‘’as variedades crioulas e a cultivar comercial testadas demonstram suscetibilidades ao ataque de S. zeamais. E a variedade crioula Jabotão a menos preferida, proporcionou as melhores condições para o desenvolvimento dos insetos”, revela.

Caracterização da Artropodofauna em Horta Medicinal Agroecológica

Rocha, que também iniciou os estudos no Ifal, no curso de Técnico em Agropecuária, chegou à Ufal através de uma amiga. “Eu cheguei ao curso através de uma amiga que falou que havia vagas no Sisu para o curso de Agroecologia. A princípio fiquei na dúvida entre Agronomia e a Agroecologia, mas optei pela Agroecologia tanto por ser um curso novo ofertado pela Ufal, quanto por já conhecer um pouco do mesmo”, ressalta.

A discente afirma que seu TCC foi pensado através de uma aula prática da disciplina de Manejo Ecológico de Pragas, ministrada por Breda, que também orientou o trabalho, e com coorientação da docente Jakeline Santos. O objetivo do trabalho era avaliar diferentes técnicas de coleta para caracterização da Artropodofauna em Horta Medicinal do Ceca. “A horta é um projeto de cultivo de fitoterápicos com finalidade de distribuição de mudas, sendo este coordenado pelo professor Clemens Rocha que cedeu o espaço para realização da pesquisa. As técnicas utilizadas para a caracterização da Artropodofauna foram por meio de coletas ativas, através da catação manual de insetos, além de coletas passivas com o uso de armadilhas, dentre elas: armadilhas do tipo bandejas amarelas, bandejas azuis, bandeja vermelha, armadilha do tipo pitfall contendo água com detergente para captura de insetos e armadilha do tipo pitfall contendo cerveja e sal para captura de lesmas e caramujos”, explica.

De acordo com Rocha, foram capturados 2433 insetos pertencentes a 8 ordens e distribuídos em 35 famílias. “As ordens mais frequentes na caracterização da Artropodofauna foram Hymenoptera, com presença expressiva de Formicidae, Diptera e Coleoptera. Ao avaliar a eficiência das armadilhas, a partir da diversidade de ordens e famílias coletadas, a armadilha do tipo bandeja amarela e do tipo pitfall contendo água mostraram-se mais eficiente na caracterização da Artropodofauna”, afirma.

E continua: “Dessa maneira a caracterização da Artropodofauna torna-se importante ferramenta tanto para caracterizar as espécies presentes nos agroecossistemas agrícolas quanto para monitorar a incidência e os danos ocasionados pelos insetos, facilitando a tomada de decisão e controle no momento adequado. Estas ainda são técnicas de simples confecção, fácil manuseio e baixo custo que podem ser aplicadas também para controle de insetos pragas utilizando atrativos alimentares nas armadilhas”, destaca.

Ferreira, coordenador do curso, revela que as defesas dos TCCs de ambas as alunas entraram para história do Ceca e consequentemente da Ufal. “São pesquisas que reafirmam a força e importância que a Agroecologia tem e estão ligadas a uma filosofia de respeito ao meio ambiente. Quem pratica sistemas agroecológicos tem como premissa pensar no coletivo e não apenas no individual. Sendo assim, conseguimos formar profissionais com foco em práticas que não agridam o meio ambiente, ou seja, ambientalmente corretas, economicamente viáveis e socialmente justas”, finaliza.

Ele ainda externa um desejo especial: “A coordenação e colegiado do curso parabenizam as alunas e desejam sucesso em suas carreiras profissionais”.