Expedição não registra mortalidade de corais relacionada ao óleo
Mesmo com fragmentos ainda nos recifes de corais, pesquisadores alertam para mortalidade no período devido ao aumento da temperatura da água
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O Projeto Ecológico de Longa Duração Costa dos Corais (Peld CCAL) foi a campo entre os dias 10 e 15 deste mês, em nova expedição de monitoramento dos recifes de corais da APA Costa dos Corais. Os resultados prévios mostram que ainda há fragmentos de óleo depositados em tocas e fendas dos recifes em Barreiras do Boqueirão, em uma área de aproximadamente 900 m2. Alguns pequenos fragmentos também foram encontrados na areia das praias, tanto em Japaratinga como em Maragogi.
“Felizmente nenhum fragmento de óleo foi encontrado depositado nos recifes dentro das ZVs e ZPVMs em ambos os municípios das áreas monitoradas pelo Peld e os corais não apresentaram sinais de mortalidade associados ao óleo, comemorou o coordenador de campo do Peld, Ricardo Miranda.
O objetivo geral é monitorar as condições de vitalidade, abundância e tamanho dos corais e outros invertebrados e peixes recifais nas áreas do zoneamento da APACC estabelecida pelo ICMBio, ZVs e ZPVMs, em Maragogi e Japaratinga, região norte da APACC.
Foram ainda foco dessa expedição, a avaliação dos impactos do derramamento do óleo e quantificar o óleo remanescente nos recifes, os efeitos do aquecimento da água no branqueamento dos corais, o efeito do turismo sobre as enzimas e estresse oxidativo dos corais e sobre a riqueza e abundância dos peixes recifais.
Diversas metodologias foram utilizadas como censos visuais sob transectos, foto-quadrados, coleta de fragmentos de colônias para extração de tecido do coral e instalação de sensores de temperatura.
A equipe colaborou ainda na sugestão de pontos específicos onde o óleo estava depositado, numa ação coordenada pela secretaria de meio ambiente de Japaratinga em parceria com o IMA e financiada pelo Hotel Salinas de Maragogi, no dia 10, na qual cerca de 30 pessoas atuaram na remoção do óleo na areia da praia do Boqueirão.
Temperatura da água
Em relação ao branqueamento dos corais foi possível registrar já algumas espécies com coloração branca, como o coral-de-fogo (Millepora braziliensis e Millepora alcicornis) e o coral-cérebro (Mussismilia harttii), o que pode estar associado ao aumento de temperatura da água, que atingiu cerca de 28°C. Embora esse aumento seja normal durante o verão, esse ano é esperada temperatura acima do normal, de até 31°C, o que pode causar o branqueamento em larga escala e até a morte dos corais. A equipe continuará monitorando essa condição durante e depois do verão, com sensores de temperatura instalados nos recifes para registrar continuamente esse aumento.
Sobre os peixes, foi possível registrar uma maior quantidade e diversidade de espécies nos recifes das áreas restritas às atividades de pesca e turismo (ZPVM) como a espécie de budião (Scarus zelindae), por exemplo.
A expedição foi coordenada por Ricardo Miranda e contou ainda com os estudantes do Laboratório de Ecologia Bentônica, Valberth Nunes, Anamaria Bruno, Julia Paulina, José Bispo, Lucas Dantas e Mayra Beltrão; e do Laboratório de Ictiologia e Conservação, Tiago Albuquerque, Gabriel Smith e Flávio Ferreira, coordenados pelos professores Taciana Kramer e Cláudio Sampaio.
Nessa expedição, o Peld Costa dos Corais contou com o apoio logístico das embarcações do Pontal de Maragogi e da Pousada Albacora. O projeto tem ainda o financiamento das atividades por Fapeal, CNPQ e Capes, além da parceria do ICMBio APACC e Projeto Conservação Recifal.