Caso Pinheiro: Ufal apresenta proposta para integrar radar meteorológico e Defesa Civil

Próximo passo é acionar estado e município para apresentar projeto do Centro de Monitoramento

Por Izadora García - relações públicas
- Atualizado em
Participantes da reunião fizeram visita ao radar. Fotos: Renner Boldrino
Participantes da reunião fizeram visita ao radar. Fotos: Renner Boldrino

Na tarde de ontem (27), a reitora da Ufal, Valéria Correia, o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Alejandro Frery, e o coordenador do Sistema de Radar Meteorológico de Alagoas (Sirmal/Ufal), Ricardo Sarmento, estiveram reunidos com membros do Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual (MPE), com a Defesa Civil do estado e do município e com os responsáveis pela Sala de Alerta da Secretaria Municipal de Recursos Hídricos (Semarh) para discutir o caso do Pinheiro.

Também estiveram presentes representantes da Secretaria do Estado de Ressocialização e Inclusão (Seris) e do Sistema Prisional para informar sobre medidas tomadas para eliminar a interferência do bloqueador de sinal instalado no Presídio Cyridião Durval de Oliveira, que causa uma sombra, comprometendo um terço do funcionamento do radar meteorológico. A reunião foi um desdobramento do Workshop sobre o caso do Pinheiro, promovido pelo MPE no último dia 15.

Na ocasião, Ricardo Sarmento, docente da Universidade e responsável pelo radar, apresentou uma proposta para a criação de um Centro de Monitoramento vinculado ao Sirmal. Com isso, seria possível antever e alertar sobre precipitações volumosas com uma antecedência de 6h a 8h. De acordo com os representantes da Defesa Civil e do Ministério Público Estadual, o intervalo de tempo seria ideal para evacuações de emergência no bairro do Pinheiro.

Além disso, o Centro de Monitoramento também ajudaria a emitir alertas para risco de deslizamento de terra, rompimento de barragens e enchentes, como as que ocorreram em 2010 no interior de Alagoas. A iniciativa funcionaria de maneira similar à Sala de Alerta da Semarh, que realizava a previsão meteorológica e comunicava à Defesa Civil sobre situações potencialmente perigosas.

Segundo Ricardo Sarmento, para que o Centro de Monitoramento funcione, será necessária a contratação de meteorologistas e especialistas em tecnologia da informação. No projeto apresentado, estado e município arcariam com as despesas de pessoal e, em contrapartida, o Sistema de Radar Meteorológico de Alagoas e a Ufal contribuiriam com a coordenação em tempo integral, com os equipamentos, com a infraestrutura predial, com o software e com a participação, em tempo parcial, de outros docentes.

Hoje, o radar já atua enviando informações para o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) a cada 10 minutos. Entretanto, os dados são encaminhados para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), que monitora casos do Brasil inteiro e, posteriormente, emite alertas para milhões de pessoas. Todos esses passos deixam o processo mais lento, o que poderia ser prejudicial em uma situação de calamidade.

De acordo com Vinicius Pinho, meteorologista da Sala de Alerta, a parceria com a Universidade é fundamental, uma vez que houve um corte de pessoal na pasta e agora a Semarh só conta com um funcionário para realizar esse monitoramento. “Precisamos muito do apoio da Universidade para viabilizar nossos trabalhos. O monitoramento precisa ser feito durante o dia todo, 7 dias por semana”, destacou.

“Essa foi a continuidade do Workshop do MPF, nós oferecemos a Universidade para sediar o encontro e apresentamos nossa proposta. Ela foi muito bem avaliada, uma vez que a questão do Pinheiro se agrava com um grande volume de chuvas e, por isso, uma previsão exata pode prevenir um desastre ou catástrofe. Nós dispomos do radar e de pessoal especializado e estamos dispostos a ajudar, mas para operacionalizar as previsões 24h por dia precisamos de pessoal”, enfatizou a reitora, Valéria Correia.

O próximo passo é uma reunião com o governador do estado, Renan Filho, e com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, para apresentar o que foi discutido durante a reunião. Para a procuradora da república Roberta Bomfim, a proposta da Universidade a deixou bastante otimista. “É uma alternativa bastante viável e nos ajudaria a organizar, caso necessário, evacuações no local, com menos riscos, de uma maneira mais organizada. Precisamos apresentar a proposta para os chefes do executivo”, afirmou.

Testes com bloqueador de sinal têm apresentado bons resultados

Uma outra questão apresentada no Workshop do MPF foi a sombra causada pelo bloqueador de sinal do presídio no radar da Universidade. A Seris, a Anatel e representantes do Sistema Prisional realizaram uma visita técnica para tentar encontrar uma solução para o problema que afeta o radar e o uso de aparelhos celulares na Universidade. Testes realizados resultaram em uma redução significativa na sombra causada pelo sistema.

A notícia positiva animou a todos. “A solução de um problema dessa magnitude em um período de 15 dias mostra que a Universidade pode ser célere e ágil. Conseguimos resolver a questão quase que em sua totalidade em pouquíssimo tempo e temos o que é preciso para ajudar no caso do Pinheiro” comemorou Alejandro Frery, pró-reitor.

“Foi uma reunião bastante produtiva, finalizada com a visita ao radar e a apresentação para os presentes. Pudemos mostrar o potencial que a Universidade tem, tanto em aparato tecnológico quanto em recursos humanos. Agora vamos articular, junto ao MPE e ao MPF, a apresentação do projeto para o governador e para o prefeito”, finalizou a reitora.