Projeto de extensão do Icat visa atrair meninas para cursos de geociências

Os objetivos são apresentar algumas cientistas da área para estudantes das escolas de Maceió e quebrar paradigma sobre a mulher nas exatas

Por Amanda Alves – estagiária de Relações Públicas
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Arte de divulgação
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‘As meninas nas Geociências’ é um projeto de extensão do Instituto de Ciências Atmosféricas da Ufal (Icat), sob a coordenação da docente Djane Fonseca, e colaboração da professora Ericka Voss. Além disso, conta com a participação de oito estudantes voluntárias: Iara Bezerra; Maria Lima; Helen Gonçalves; Barbara Alves; Thayna Vilanova; Juliana Sousa; Gessiane Costa e Emylle Isabelle. O projeto visa apresentar cientistas das geociências para estudantes de escolas públicas e privadas de Maceió, com a intenção de promover um incentivo para melhor conhecimento da área científica, e estimular o futuro acadêmico também das exatas.

“Eu já vinha acompanhando o grande projeto do CNPq sobre Mulheres na Ciência e sempre fui voltada para a causa de inserção feminina na academia e nas ciências. Como no Icat não tinha ainda nenhum projeto de inclusão ou com foco nas meninas, surgiu a ideia”, comentou Djane sobre o desenvolvimento do projeto.

A primeira seleção para as estudantes voluntárias aconteceu de modo simples, por convites da própria docente, via e-mail e por conversas nos corredores do curso. Mas uma nova edição está prestes a surgir, desta vez com edital, para aumentar o número de voluntárias, e tornar o projeto extensivo às alunas de outros cursos da Universidade.

Quebra de um antigo paradigma

A docente relata um pouco de sua trajetória na Ufal, e ressalta que viveu na pele o que é ser mulher e fazer um curso onde a maioria dos estudantes é de homens. Mas, esse paradigma começou a ser quebrado após a formação de sua turma. “Eu sempre gostei de cálculos, desde meu tempo na escola. Entrei no curso de Meteorologia da Ufal com meus 17 anos, cheia de dúvidas, mas minha paixão pela área e pelos cálculos só aumentou. Era um curso com
maior número de meninos, até a formação de minha turma, que foi visivelmente com muitas meninas, fato inédito no curso”, lembra.  

A medida que o tempo foi passando, esse modelo ficou cada vez mais para trás. “Eu e a professora Ericka nos formamos juntas no curso de Meteorologia e, hoje, nós somos professoras do curso. Eu na área de estatística aplicada à meteorologia e recursos hídricos, e ela na área de meteorologia ambiental e poluição atmosférica”, explica.

O incentivo é ressaltado pela docente como fundamental em todo o processo. Ela reafirma a importância, principalmente, na quebra de um antigo padrão. “Tanto eu quanto a Ericka tivemos incentivo de professoras e da família para seguir nossos sonhos e sermos o que tanto desejávamos. Hoje somos. Então, é muito importante passar motivação às meninas que desejam entrar para a área de geociências. A importância de quebrar o paradigma que exatas é masculina, está simplesmente em mostrar que todas nós podemos ser o que quisermos e, dessa forma, sermos felizes e realizadas acima de tudo”, declarou Djane.

Visitas às escolas

Como o projeto é recente, com início neste mês de março, ainda chegou na etapa das visitas às escolas públicas e privadas da capital, mas a coordenadora afirma que os contatos já estão sendo realizados. “Fiz um levantamento de 55 escolas públicas e particulares situadas em Maceió, e como começamos o projeto agora, já estou entrando em contato com as escolas, apresentando a ideia, firmando as parcerias e já agendando nossa visita. Estimamos um púbico geral ouvinte de 800 pessoas”, adianta.

A voluntária Maria Lima ressaltou a importância do projeto: “Sabemos que a maior parte dos alunos que ingressam nos cursos de geociências é, em sua maioria, rapazes. Sendo assim, levar conhecimento ás alunas do ensino médio sobre as mulheres que fizeram total diferença e contribuição na ciência, sem dúvida alguma, irá estimular o ingresso na área em questão”. E continua: “Essa é a importância: Fazer com que as meninas entendam a relevância do papel da mulher na ciência, consequentemente, as estudantes se sentirão mais confiantes e desejosas pela área”.

Segundo a docente, entre as cientistas que serão apresentadas, junto às suas descobertas científicas, estão: a matemática espanhola Maria Gaetana Agnesi; a primeira programadora Ada Lovelace; a química Elizabeth Arden; a física Marie Curie; a agrônoma Johanna Döbereiner; a física brasileira Sonja Ashauer; a física Maria Goeppert-Mayer; a química Agnes Pockels; a cientista Lynn Margulis; a engenheira de software Margaret Heafield Hamilton; a cientista Mildred Dresselhaus; a arqueológa  Niéde Guidon;  a meteorologista  Anna Mani; a primeira quilombola doutora do Brasil a geógrafa Edimara Soares; a ativista Bertha Von Suttner; a engenheira Eliza Leonida Zamfirescu; a piloto Amelia Earhart; a astronauta Velntina Tereshkova e a ativista Malala Yousafzai.

“Juntaremos nossa história com a história de muitas mulheres, e levaremos feitos dessas pesquisadoras e ‘desbravadoras’ a várias pessoas, no intuito de motivar e esclarecer”, finaliza Djane Fonseca, também fazendo sua parte nesse processo de quebrar paradigmas.

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