Ufal levará 'oralidade africana em cena' às escolas da capital
Projeto de extensão vai discutir com jovens a valorização negra
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Até o fim deste mês, a Universidade Federal de Alagoas levará o debate sobre racismo e valorização negra a escolas de Maceió, por meio do projeto de extensão Oralidade africana em cena, aprovado pelo edital 2018 do Programa Círculos Comunitários de Atividades Extensionistas (Proccaext). A proposta é levar a questão artística e a discussão para sala de aula, promovendo uma interação da equipe envolvida com o público juvenil.
De acordo Carla Antonello, professora da Escola Técnica de Artes e coordenadora do projeto, toda a pesquisa realizada até agora será de extrema importância para a discussão em sala de aula. “Esse processo é fundamental para que nós possamos debater e ter argumentos para responder às indagações que, com certeza, vão surgir nas escolas. Fizemos uma seleção de contos e vamos realizar cenas, fazer palestras e apresentações cênicas para os alunos”, reforçou.
O processo está sendo construído a partir de pesquisas, levantamento bibliográfico e muitas leituras. “Nossa ideia é conscientizar os alunos sobre a questão do racismo que ainda é muito forte no Brasil. A universidade pesquisa, monta a estrutura para debater o tema escolhido e leva para escolas. Agora, estamos na fase de selecionar o que vamos montar, estudando uma proposta de como levar isso cenicamente para o público e como vamos organizar essas palestras, de forma a envolver os jovens. Temos de saber como atingir esse público, tanto pela apresentação artística, quanto pela discussão”, destacou Antonello.
O Oralidade africana em cena está registrado no Sistema Acadêmico da Ufal (Sigaa) e é coordenado pela professora Antonello. Também fazem parte da equipe os alunos José Ricardo Pereira dos Santos, David André Gomes Pereira, Lisiane Idalino dos Santos e Eduardo Soares de Alcântara.
“O objetivo do nosso trabalho é mapear, a partir das leituras realizadas e da metodologia de fórum de apresentação e discussão, com contação de histórias afrodescendentes, o quanto o espaço escolar é afetado pelo preconceito, além das dificuldades dos professores em trabalhar com esses temas propostos pela [lei] 11.645/08, seja pela falta de materiais didáticos de apoio, seja por falta de qualificação. Queremos também reafirmar as políticas sociais, para que estas não sejam apenas lembradas em datas cívicas, passadas posteriormente por despercebidas”, disse a coordenadora.
A legislação mencionada pela professora estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e cultura afro-brasileira e indígena.
“A lei não é garantia de que esse ensino realmente irá acontecer e que o professor terá os meios necessários para informar aos seus alunos os conhecimentos sobre a história e a cultura africana, afro-brasileira e indígena. Para tanto, a implementação de projetos artísticos, a exemplo do nosso, contribuem para formação de uma visão crítica e reflexiva na valorização que todos temos os mesmos direitos e deveres perante a sociedade”, ressaltou Antonello.