Pesquisador comprova melhora na produção de embriões de caprinos com retinol
Pesquisa in vitro com embriões resultou na publicação de um livro
- Atualizado em
No Brasil, a espécie caprina é constituída por um rebanho de considerável importância econômica e social. E é no Nordeste onde estão concentrados 92% desses animais, majoritariamente criados no Semiárido da região. O estado da Bahia destaca-se como o maior produtor, seguido de Pernambuco e Ceará. Alagoas, mesmo apresentando um menor número de criadores, também é dotada dessa vocação econômica. De acordo com o Censo 2017, há em torno de sessenta mil cabeças de caprinos no estado que se destinam à produção de carne e leite, sobressaindo-se os municípios sertanejos de Santana do Ipanema, Delmiro Gouveia e Mata Grande.
Com objetivo de contribuir com ações na pecuária de caprinos, o professor e médico veterinário Cícero Cerqueira Cavalcanti Neto, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas, desenvolveu durante dois anos e meio uma pesquisa in vitro para aumentar a produção e a qualidade dos embriões utilizando o retinol (tipo de vitamina A). O estudo alcançou o êxito esperado por exercer importante papel sobre o desenvolvimento embrionário.
Considerada uma das espécies mais antigas, os caprinos têm pecuária viável por apresentarem rusticidade e adaptação ao clima, sendo acessível ao pequeno produtor. “A adaptação ao clima, ao contrário de outras espécies, que não resistem às frequentes estiagens prolongadas, tem motivado para que vários rebanhos caprinos sejam contemplados com o uso de biotécnicas de inseminação artificial, entrando na parte experimental da produção in vitro de embriões”, frisou Cícero.
O estudo científico realizado pelo pesquisador, conhecido nos ambientes acadêmico e profissional como Cícero Durão, transcorreu no Laboratório de Biotecnologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e envolveu também a Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A pesquisa foi dotada das seguintes etapas: colheita de sêmen de bodes e também de ovários em matadouros da região metropolitana do Recife; maturação; fecundação; e desenvolvimento embrionário.
Ele informa que alguns trabalhos de maturação, fecundação e cultivo in vitro de ovócitos caprinos têm mostrado melhoras significativas na produção de embriões e que a adição de hormônios, vitaminas e aminoácidos aos meios de cultura, visando a maximizar os índices de produção de embriões, tem sido uma constante nas pesquisas efetivadas.
Segundo Cícero, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) preconiza que uma cabra pode chegar a fazer três partos em dois anos, dentro de um manejo tecnicamente orientado. Isso significa que, com a produção de embriões in vitro, uma cabra pode aumentar consideravelmente a produção de cabritos durante a sua vida reprodutiva. E aproveita para destacar:
“A biotecnologia obtida de embriões in vitro foi voltada para a produção de embriões de cabras geneticamente superiores, com sêmen bodes geneticamente superiores. Isso visa a formação de embriões com uma carga genética melhorada tanto para a produção de leite como a de carne, aumentando a quantidade de produtos [no caso, filhotes]. Uma cabra geneticamente superior pode produzir diariamente até dez litros de leite. Daí está apta à biotecnologia utilizada no estudo científico”, reforçou o pesquisador que é doutor em ciência animal na área de concentração de reprodução animal.
Publicação
O estudo científico resultou no lançamento recente do livro Retinol na produção in vitro de embriões caprinos, editado pela Editora Appris de Curitiba e tem como público-alvo professores da área de reprodução, biólogos, estudantes de zootecnia e medicina veterinária, e produtores de agronegócios. “O livro é uma contribuição para as ações nessa área e estuda o efeito in vitro do uso do retinol na produção e na qualidade dos blastocistos, que é o nome do embrião quando ultrapassa a fase de mórula”, frisou o autor, também membro da Academia Alagoana de Medicina Veterinária.
O livro já está já disponível para venda em lojas virtuais, como a Livraria Cultura, Amazon, Submarino, Americanas.com, Shoptime e Cia dos Livros.