Músicas auxiliam estudantes no ensino da Geografia

Projeto da Ufal propõe atividades dinâmicas para alunos do 3º ano do Ifal

Por Thamires Ribeiro – estagiária de Jornalismo
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Estudantes se interessaram pelo conteúdo de sala pesquisando músicas relacionadas. Foto: Reprodução da Internet
Estudantes se interessaram pelo conteúdo de sala pesquisando músicas relacionadas. Foto: Reprodução da Internet

Aprender alguns conteúdos em sala de aula pode se tornar uma tarefa difícil, principalmente quando o assunto abordado parece não ser interessante. E para que isso não se torne um problema, professoras e estudantes que fazem parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) de Geografia da Universidade Federal de Alagoas utilizaram músicas para dinamizar o ensino dos conteúdos e estimular a aprendizagem. As atividades foram realizadas com alunos do 3º ano do ensino médio do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em 2018.

Com participação dos estudantes de Geografia Shaolin Erick e Elisandra Formentin, o projeto é supervisionado pela professora Maria Izabel, do Ifal, e coordenado pela professora Jacqueline Praxedes, do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Igdema/Ufal).

As atividades foram divididas em duas etapas. Na primeira fase, os alunos precisavam escolher uma música envolvendo questões socioeconômicas, culturais e ambientais, de acordo com os assuntos que foram abordados durante as aulas. Além disso, fizeram a confecção de cartazes que refletissem a principal ideia das músicas escolhidas.

“As escolhas feitas pelas equipes foram ecléticas e não se limitaram às músicas mais atuais ou que mais tocam nas rádios. Essa situação nos revelou que a cultura musical desses jovens estava além das músicas que são comumente ouvidas pela geração deles, incluindo também um conhecimento de músicas de gerações passadas, sendo escolhidas músicas da década de 1960, seguidas pelas décadas de 1970, 1980, 1990 e anos 2000. Outro ponto que nos chamou a atenção foi a escolha de músicas de compositores locais, demonstrando também, por parte dos jovens, uma valorização da cultura dos artistas alagoanos”, afirmou a professora Jacqueline Praxedes.

Separados por equipes, os alunos partiram para a próxima etapa: a exposição dos trabalhos produzidos.  Eles explicaram o que os motivaram na escolher da música e fizeram uma análise crítica, relacionando as canções ao conteúdo estudado. Algumas foram referentes ao crescimento demográfico, à população economicamente ativa, à economia informal e aos aspectos econômicos e ambientais globais.

“Desenvolvemos o trabalho com as turmas e com um retorno surpreendente em todas as etapas, desde o processo de escolha das músicas, confecção dos cartazes e a apresentação dos trabalhos. As escolhas foram de músicas significativas e que tinham um cunho especifico com o contexto social que envolve o Brasil desde a ditadura até os dias atuais. Foi maravilhoso ver jovens tão engajados com os problemas do país e terem feito escolhas musicais de épocas que a maioria nem era nascida”, conta a estudante da Ufal, Elisandra Fomentin.

Incentivo no aprendizado

A professora Jacqueline ressalta que utilizar recursos didáticos nas aulas é importante para motivar o estudante e ajudar no aprendizado do assunto. “Os recursos didáticos podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos propostos, pois funcionam promovendo a motivação em aprender e despertando o interesse pelo conteúdo ministrado. Eles também podem facilitar a compreensão, sendo muito importantes no processo de desenvolvimento cognitivo do aluno, tendo também a capacidade de aproximar o aluno do conteúdo ministrado, bem como de favorecer a relação do que está sendo estudado em sala com o dia a dia dos alunos”, afirma.

A pibidiana Elisandra Formetin concorda com a opinião da professora e relata que a recepção dos alunos foi calorosa e muito positiva. Para ela, ver os estudantes promover debates e propor soluções para os problemas é motivador.

“Percebe-se na sala de aula que com o advento da tecnologia e as Tecnologias de Informação e Comunicação, é preciso, por parte dos professores, criatividade para acompanhar as tendências do pensamento contemporâneo e engajar-se aos alunos em projetos que possibilitem maior participação dos discentes utilizando recursos didáticos que objetivem um ensino-aprendizado continuo e eficaz, utilizando ferramentas didáticas que podem variar das mais simples, como por exemplo ‘quadro e giz’ para elaborar um jogo entre a classe a mais sofisticadas como computador e câmera digital. O mais importante no processo de aplicação de recursos didáticos é o resultado visível na aprendizagem dos alunos que participam sempre motivados a querer avançar mais rumo ao conhecimento”, expõe a estudante.

Reconhecimento

O grupo se destacou e os resultados do trabalho desenvolvido deram origem a um artigo que foi submetido e aprovado no 4º Encontro Luso-Brasileiro de Trabalho Docente e Formação de Professores, que acontece na Universidade de Lisboa, em Portugal, entre os dias 3 e 5 de junho.

“A música é muito importante na vida dos jovens, observando os alunos no seu cotidiano, é possível perceber que eles exercem paralelamente, na maioria das vezes, várias atividades conectados à música, seja em sala de aula, na biblioteca etc. Nesse sentido, ouvir música é uma das atividades prediletas dos jovens. Assim, promover a inserção dessa realidade nas aulas de maneira responsável, trouxe ganhos para o processo de ensino-aprendizagem. A música os faz entender e refletir sobre fatos que acontecem na sociedade”, finalizou Praxedes.