Projeto de extensão auxilia crianças com autismo em Palmeira dos Índios
Grupinho Aquarela tem ajudado a melhorar a rotina dos pequenos e de seus responsáveis
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Ser uma criança com autismo requer alguns cuidados especiais, principalmente, para superar eventuais problemas que aparecem ao longo da vida. Mas, quando essas dificuldades são trabalhadas em grupo, o caminho pode se tornar mais fácil tanto para as crianças quanto para quem as acompanham.
Recheado de amor e cuidado, o Grupinho Aquarela, formado por psicólogas, docente e estudantes de Psicologia da Unidade Educacional de Palmeira dos Índios da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), busca ajudar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus responsáveis.
O projeto de extensão é coordenado pela psicóloga Luana de Freitas e conta com a participação da psicóloga Vanessa Alves e das estudantes de Psicologia Sávia Luiza, Yanka Henrique e Ludmyla Alves, sob a supervisão da professora da Ufal, Danielle Nóbrega.
Os pequenos Pedro Silva, Gabriel, Matheus, Ladson e Pedro Gabriel, que têm entre 11 e 13 anos, são as crianças que compõem o grupo. De acordo com as idealizadoras do projeto, eles foram para o Grupinho Aquarela quando já estavam em processo de alta do Espaço Trate, um Centro de Reabilitação e Reintegração de Crianças com Autismo, em Arapiraca. A proposta da iniciativa de extensão é que um ajude o outro durante as atividades, como explicam as estudantes Yanka e Ludmyla:
“Através da mediação simbólica é possível perceber o quanto cada um pode ajudar o outro nas atividades propostas, o vínculo de amizade entre os integrantes do grupo cria uma relação de igualdade entre eles, possibilitando um aprimoramento na comunicação, fortalecendo assim a interação. As atividades e oficinas buscam abranger o desenvolvimento integral de cada criança, buscando por meio da mediação permitir que as crianças possam interagir, vivenciar e significar o que há a sua volta, criando possibilidades de desenvolvimento”, afirmam.
Durante os encontros, que acontecem semanalmente, são realizadas atividades grupais que buscam explorar a linguagem e suas várias formas de comunicação, a formação de vínculos e enriquecer o relacionamento interpessoal para o desenvolvimento dos pequeninos. De acordo com a organização do projeto, são realizadas intervenções lúdicas com elementos culturais como músicas e danças, trabalhando sempre acerca de suas realidades.
“São realizadas atividades que trabalham as dificuldades das crianças, levando em conta questões voltadas para a subjetividade de cada um, a cultura e a arte. As ações são planejadas de uma forma que possamos contextualizá-las, fazendo com que as crianças tenham uma maior compreensão acerca de questões do dia a dia. Às vezes, os responsáveis esquecem de dar uma explicação mais detalhada e contextualizada para as crianças, desse modo, é feita uma explicação sobre a temática, seja ela aniversário, Natal, dentre outros”, explica a psicóloga Vanessa Alves. E conclui: “Depois é feita a construção da festa, trabalhando dificuldades como hipersensibilidade tátil, coordenação motora fina e grossa, para então acontecer a comemoração. Também realizamos atividades para trabalhar dificuldades alimentares, de forma lúdica, usando músicas, onde as crianças se incentivam”.
Clique aqui e confira uma das apresentações realizadas pelos meninos do Grupinho Aquarela, no dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo.
Trabalho conjunto
Os pais e responsáveis pelas crianças não ficam de fora das atividades. Enquanto os pequenos estão realizando tarefas em uma das salas, eles se reúnem em outra.
“Construiu-se um grupo que se apoia e compartilha dificuldades e conquistas. Conseguimos atuar colaborando com o desenvolvimento das crianças e com as dificuldades da família. De modo geral, os grupos ocorrem separadamente, com exceção de datas comemorativas, onde num primeiro momento os grupos estão separados, mas depois unimos crianças e responsáveis numa atividade desenvolvida por ambas as partes”, diz Vanessa.
Mara Cristina é mãe do pequeno Gabriel, que faz parte do grupo há cerca de três anos e meio. Para ela, a convivência com o grupo, com as outras crianças e as atividades desenvolvidas mudou completamente a vida dele e, consequentemente, a dela também.
“A comunicação com as pessoas melhorou, de ele saber aguardar a sua vez, ter mais paciência com os colegas, interação em grupo, ajudou também com a alimentação. Quando eles estão dentro da sala, os pais estão em reunião com outras psicólogas, dialogando sobre tudo o que envolve o dia a dia deles. E a partir disso, a maneira de interagir com ele é bem melhor, sabemos o que fazer em certas situações”, relata Mara.
E é assim, com muito trabalho e dedicação, que pais e crianças são ajudados e proporcionam muitas experiências a quem os ajudam. É um processo de amor e aprendizagem que passa por todos que colaboram e participam, de alguma forma, do Grupinho Aquarela.
“A experiência vivenciada pelas crianças, através das atividades propostas, constitui-se como uma importante prática inclusiva, ampliando a visão e compreensão da criança com TEA. A partir do grupo, eles se reconhecem enquanto autistas, interagindo, comunicando-se e fortalecendo um ao outro. Deste modo, o trabalho permite a interação e convivência entre essas crianças”, ressaltam as estudantes que são extensionistas no projeto.