Pesquisa da Ufal coleta dados sobre adoecimento docente
Professores da rede estadual podem colaborar com informações para mapear principais causas de afastamento da sala de aula
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Carga horária excessiva, violência na sala de aula, baixa remuneração e falta de reconhecimento profissional. Essas são algumas das realidades que, cada vez mais, têm provocado o adoecimento de professores e o consequente afastamento do trabalho. Uma pesquisa de doutorado realizada na Universidade Federal de Alagoas pretende analisar essas situações que têm tirado a saúde de tantos docentes alagoanos.
O estudo é da doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Ufal, Geisa Ferreira. Ela explica que o objetivo da pesquisa é “dar uma contribuição para a análise e compreensão das condições de trabalho do docente desvelando a realidade e apontando direcionamentos para a categoria”. Ainda de acordo com a pesquisadora, busca-se “problematizar as tensões, as contradições, os medos e as ausências que caracterizam o adoecimento na rede pública estadual de ensino de Alagoas”.
Ao esclarecer as etapas do estudo, Geisa conta que já foram recolhidos dados do setor de Qualidade de Vida da Superintendência de Valorização de Pessoas (Suvpe) e da Perícia Médica de Alagoas. Atualmente, a pesquisa está na fase de coleta de informações dos professores que integram o quadro estadual de servidores. “Já fiz um levantamento em relação aos quantitativos sobre os afastamentos por meio de atestados e licenças. Também coletei informações sobre os CIDs [Código Internacional de Doenças] causadores desses afastamentos”, explica. “Neste momento, inicio a coleta dos dados com os docentes para que possamos realizar um mapeamento das principais causas, doenças e afins, que têm afastado os professores das salas de aula por Gerência Regional [Gere]”, informa.
Para isso, a pesquisadora precisa da colaboração dos docentes no preenchimento do formulário. O público-alvo da pesquisa são apenas os professores da rede estadual de ensino de Alagoas. Aqueles que se dispuserem a participar, basta acessar o link clicando aqui, para responder ao questionário. “Dada a amplitude da Secretaria de Educação, o ideal é que tenhamos pelo menos 10% da rede participando, o que representa cerca de 800 a mil docentes”, explica a responsável pelo estudo.
Geisa Ferreira, que também é professora e leciona no Campus do Sertão da Ufal, informa que a pesquisa de doutorado dá continuidade ao trabalho iniciado durante o mestrado, com dissertação defendida em abril de 2017, avançando “nos estudos que abordam a temática da precarização do trabalho docente na particularidade de Alagoas”. Segundo a pesquisadora, “analisar a temática [do adoecimento docente], reitera-se a necessidade do seu entendimento como expressão advinda de um nicho de contradições, imanentes aos caminhos da educação na conjuntura brasileira e, em especial, no âmbito do estado de Alagoas”.
Ao justificar a importância da pesquisa e da participação dos profissionais do ensino, ela destaca que o trabalho quer “investigar o trabalho docente na contemporaneidade para compreender quais são os condicionantes que corroboram para o adoecimento na profissão”.