Pesquisa mapeia perfil de participantes das manifestações em Maceió

Os resultados serão debatidos nesta quinta-feira (6), às 17h, no Cedu

Por Lenilda Luna - jornalista
- Atualizado em
Grupo faz levantamento dos dados para apresentar no Cedu
Grupo faz levantamento dos dados para apresentar no Cedu

Um grupo de estudo, coordenado pelo professor Cristiano Bodart, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), com a participação de sete estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), levantou as motivações dos manifestantes pró-Bolsonaro, no dia 26 de maio, e dos contrários ao atual Governo, que se concentraram no dia 30 de maio. Os resultados da pesquisa serão apresentados na próxima quinta-feira (6), às 17h, no auditório do Centro de Educação (Cedu). 

Os pesquisadores acompanharam as duas manifestações. No domingo (26), os apoiadores do governo Bolsonaro estavam concentrados no corredor Vera Arruda, na Jatiúca, e seguiram pela Avenida Álvaro Otacílio. Já na quinta-feira (30), os manifestantes contrários ao contingenciamento de verbas das universidades e institutos federais ficaramconcentrados na Praça Centenário e seguiram até a Praça Deodoro, no Centro de Maceió. O método utilizado foi um questionário aplicado na plataforma de pesquisa online Survey

Segundo os pesquisadores, a investigação contribui para a compreensão das tensões presentes na sociedade brasileira na atual conjuntura. O questionário apresentou questões como pautas prioritárias das manifestações, e identificou idade, renda mensal, raça e etnia, religião e estado civil dos manifestantes. “Compreender as manifestações possibilita checar as inspirações dos sujeitos, entender as pressões e tensões existentes na política representativa, bem como observar quem são os atores que buscam ter espaço ou voz nos direcionamentos das políticas públicas e definição do papel do Estado”, destaca o professor Cristiano Bodart. 

Manifestantes pró-Bolsonaro 

No levantamento feito no dia 26, os pesquisadores aplicaram um questionário com 26 perguntas, com apenas uma opção de resposta, que foram respondidas por 112 entrevistados. Os dados coletados apontam que 72% dos entrevistados estão na faixa etária dos 30 aos 60 anos, sendo 61,6% casados ou com relações conjugais estáveis. A renda familiar de 42% dos entrevistados está entre R$2 e R$7 mil, dos quais a maioria é de profissionais autônomos (26,8%) e integrantes do serviço público (20,5%). Quando perguntados sobre o nível de escolaridade, 44,6% afirmaram ter ensino superior completo. Se autodeclararam brancos 48,2% dos participantes da manifestação e 50%  disseram ser católicos. 

Sobre as razões para participar da manifestação, 40,2% declararam apoio à gestão do presidente Bolsonaro e em oposição ao Congresso. O projeto de Reforma da previdência do Governo foi defendido por 26,8% dos manifestantes como motivo principal para terem ido às ruas. “Em relação ao contingenciamento dos recursos das universidades federais, 72,4% afirmaram ser favoráveis. Com relação às cotas nas universidades públicas, 87,6% mostraram-se contrários. A redução da maioridade penal é aprovada por 98,1% dos manifestantes e a facilitação do porte de arma por 85,7%”, relataram os pesquisadores. 

A pesquisa ressalta outra questão: “Constatou-se que 81,9% estão insatisfeitos com a democracia, contudo 84,8% defendem que a democracia ainda é a melhor forma de governo. Apesar disso, cerca de 48,6% admitem que apoiariam a tomada de poder pelos militares frente à uma crise política, visto que 91,4% não confiam nas instituições democráticas como STF, Senado e Câmara dos Deputados”, relatam os pesquisadores. 

Manifestantes contra Bolsonaro 

Na quinta-feira (30), os manifestantes contrários às medidas do governo Bolsonaro na área de educação, também saíram às ruas. “O questionário foi aplicado, por meio de amostragem aleatória, à 182 manifestantes, visando estabelecer perfis e regularidades de suas motivações por meio da generalização estatística. Apenas os manifestantes presentes na concentração foram abordados e incluídos na pesquisa. Os questionários foram aplicados entre 13h30 e 16h”, indicaram os pesquisadores. 

Sobre o perfil das pessoas presentes ao ato, “segundo os dados coletados pela pesquisa, nesse dia 30, predominaram manifestantes de cor parda (41,2%), de idade entre 20 e 39 anos (52,2%), estudantes do ensino superior (25,8%), solteiros (58,8%), renda familiar entre R$ 2 a R$ 6 mil (45,6%)”, relata o grupo. 

Quando perguntados sobre o posicionamento político, a pesquisa identificou que 73,6% não confiam no STF, Senado e Câmara e 58,8% estão insatisfeitos com a democracia. Já 87,9% se mostraram contrários a redução da maioridade penal e 98,8% são contra a facilitação do porte de armas. Os participantes da manifestação do dia 30 são favoráveis à cotas nas universidades públicas (93,4%). De acordo com a pesquisa, os cortes no orçamento das universidades e institutos federais foram indicados por 50,5% dos manifestantes como principal motivação para participar do ato.