Reitora da Ufal emite nota de apoio aos jornalistas de Alagoas
Valéria Correia cobrou ainda uma reforma para democratização das políticas públicas de comunicação do país
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A reitora da Universidade Federal de Alagoas, Valéria Correia, manifestou apoio aos jornalistas alagoanos, que lutam contra o corte de 40% no piso salarial da categoria, proposto pelas empresas de comunicação do Estado.
O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, que tem recebido apoio de vários gestores públicos de Alagoas, marcou para a terça-feira, 25, uma mobilização para tentar evitar o corte.
Valéria Correia disse que a defesa do bom jornalismo passa pela defesa das condições de trabalho dos jornalistas e que tal corte visa tão somente ampliar o lucro das grandes empresas de comunicação, em detrimento da qualidade do trabalho e da vida dos jornalistas alagoanos.
Veja abaixo a íntegra da nota emitida pela reitora.
As democracias modernas não podem prescindir de uma imprensa livre, crítica e qualificada. Tal condição é fundamental para que qualquer regime democrático de direito prevaleça sobre a barbárie.
A razão neoliberal tem buscado institucionalizar a proliferação de notícias falsas como procedimento padrão de informação. Anonimato, calúnias, injúrias e a sistemática tentativa de destruir reputações são elementos da prática corrente em certos ambientes políticos e acadêmicos em nosso país.
O jornalismo sério e comprometido com fatos constitui o único antídoto que a liberdade tem contra o arbítrio, o autoritarismo e a desinformação. A defesa do jornalismo com condições de trabalho e salários dignos não pode ser uma agenda de corpo ou de uma categoria. Na verdade, a manutenção das condições de trabalho e de assalariamento dos profissionais do jornalismo é uma trincheira que todos os democratas e progressistas devem defender com veemência.
Por esse motivo, o corte de 40% no piso salarial dos jornalistas deve ser combatido e repudiado com a mesma intensidade que qualquer outro ataque estrutural aos trabalhadores desse país. A valorização do trabalho de profissionais que sustentam o espírito da democracia e da liberdade em condições tão adversas não pode ser secundarizada.
Claro que os grandes conglomerados da comunicação são os principais beneficiários de propostas dessa natureza e, por este motivo, dentre tantos outros, se impõe uma reforma para democratização das políticas públicas de comunicação do país.
Por fim, como a Universidade Federal de Alagoas tem sido responsável pela formação de gerações de jornalistas e profissionais de comunicação no Estado e no país, a reitoria se coloca em defesa destes trabalhadores cuja importância ao bem público deve sobrepor-se a qualquer ímpeto de lucro. A desvalorização e a precarização de uma carreira tão importante são componentes de um processo de fechamento democrático.
A liberdade de imprensa no Brasil está em xeque. A reitoria da UFAL se coloca ao lado dos trabalhadores, à liberdade de imprensa e à democracia.
Maria Valéria Costa Correia
Reitora da UFAL