Fórum Popular deixa legado na produção do conhecimento

As discussões nas diversas temáticas dialogaram diretamente com os movimentos sociais durante o evento

Por Carlos Rodrigues - estudante de Jornalismo
- Atualizado em
Fórum Popular da Ufal foi realizado de 4 a 6 de julho
Fórum Popular da Ufal foi realizado de 4 a 6 de julho

Entre os dias 4 e 6 de julho a Universidade Federal de Alagoas realizou o 1º Fórum Popular, promovido pela Pró-reitoria de Extensão (Proex). O Fórum debateu propostas entre a comunidade universitária e os movimentos populares e sociais do campo e da cidade, como a diversidade, inclusão e equidade. 

Os debates foram em torno de sete eixos: Educação; Saúde; Cultura; Comunicação; Meio Ambiente e Trabalho; Tecnologia e Produção; e Direitos Humanos e Justiça. A Ufal utilizou recursos próprios para o atendimento de demandas que foram apresentadas por meio de diálogo científico diante da realidade social que se encontra Alagoas e o país. 

As atividades do eixo Comunicação iniciaram na tarde de quinta-feira (5), no Auditório do Núcleo de Pesquisa Multidisciplinar. Mobilização social e Comunicação na contemporaneidade foi o tema central que definiu as mesas e oficinas, durante dois dias. Participaram os professores de Jornalismo e Relações Públicas Priscilla Muniz; Mércia Pimentel, Raquel do Monte e Gustavo Amorim, além do professor de Filosofia, Magno Francisco; a docente de Moda, do Senac Alagoas, Danúbia Barbosa; e os fotógrafos Gregory Aguiar e Everaldo Dantas. Também participaram da mesa os estudantes Adésio Júnior, Guilherme Rocha, Gabriel Santos, Vinícius Braga e Lysanne Ferro. 

O eixo refletiu sobre diversas demandas da comunicação na sociedade, como devemos nos comportar nas mídias digitais, além disso, projetos foram apresentados pelos professores e alunos de Relações Públicas e Jornalismo da Ufal. Oficinas de Fotografia, Vídeo, Moda e Comunicação levaram os participantes a realizarem atividades práticas. 

Saúde e e direitos humanos 

As atividades do eixo Saúde aconteceram na Faculdade de Medicina (Famed), e tiveram a participação da reitora Valéria Correia. No primeiro dia houve a mesa com a frente pela defesa do SUS, e a professora Maria Inês Brito que defenderam, com a reitora, a importância da saúde pública no Brasil. As oficinas do eixo  abordaram o tema  Soberania e segurança alimentar, com a representante do Consea e a Associação dos Agricultores de Ibateguara, que fornecem alimentos ao Restaurante Universitário.  

Já na Faculdade de Direito de Alagoas (FDA) aconteceram as atividades do eixo Direitos Humanos, Violência e Justiça. As discussões foram sobre direito à cidade, liberdade de culto, identidades, povos e os embates travados para garantir o cumprimento dos direitos humanos. “Esse espaço é um marco na história da Universidade. Eu nunca vi isso antes, a Universidade cheia de gente de verdade”, afirmou Carla Mendes, representante do Coletivo Urbano Aqui fora, sobre sua experiência no 1º Fórum Popular da Ufal.  

Cultura em pauta 

A discussão do eixo Cultura girou em torno de pautas como a produção cultural em Alagoas, a identidade de cada comunidade, o financiamento cultural e as necessidades da extensão prática da Universidade dentro das comunidades. As atividades aconteceram no Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte (Ichca). “É importante esse diálogo entre a Universidade e a comunidade, que nós possamos ser ouvidos e respeitados pela nossa cultura”, afirmou Di Ferrari, representante do PDI Nordeste Coletivo de Hip Hop. 

Educação e tecnologia 

O eixo Educação, com o tema central Educação popular, inclusão e transformação popular, teve como convidados a jornalista e militante feminista, Lenilda Luna; os professores Gilberto Coutinho e Luciano H. da Silva, que discutiu sobre a comunidade LGBTQ+; a professora Consuelo Correia, representando o Sinteal, e Débora Nunes, do MST, representando os movimentos agrários. As oficinas foram divididas em grupos temáticos como educação infantil, educação no campo, gênero e formação de professores. Nessas oficinas os movimentos sociais e seus componentes expuseram demandas e necessidades, das quais foram apresentadas na Plenária Final, no sábado (6). 

Coordenada pela professora do curso de Arquitetura e Urbanismo (Ufal/Arapiraca), Simone Romão, o eixo Tecnologia e Produção começou as atividades no início da manhã do dia 5, no auditório da Biblioteca Central. Mediada pelo professor Marcelo Karloni Cruz, do Núcleo de Humanidades - Ufal/Arapiraca, a mesa debateu em torno do tema geral Tecnologia e Produção: Tecnologias Sociais, Universidade Popular e Soberania Nacional. As oficinas ocorreram na Faculdade de Serviço Social (FSSO), e foram voltadas a ouvir separadamente as demandas de cada instituição e movimento. Foram quatro oficinas discutidas e divididas nos seguintes temas: Tecnologia Social; Universidade Popular no Território; Economia Solidária e, Design, Inovação e Artesanato. 

Sementes crioulas para o meio ambiente 

O último eixo, Meio Ambiente e Trabalho, foi dividido em duas mesas de discussão, no auditório do Centro de Interesse Comunitário (CIC), abordando temas sobre os diferentes aspectos da relação do ser humano com o ambiente e o que pode ser disciplinado nesta interação. Os grupos de trabalho colocaram em pauta as demandas definidas que foram apresentadas na Plenária Final do evento. O presidente da Cooperativa do Banco de Sementes (Coopabacs), Mardônio Graça, que participou da mesa de abertura O Campesinato, a agricultura e as cidades produtivas- práticas tradicionais de alimentação, falou sobre a importância em trazer a discussão sobre as sementes crioulas para a Universidade, porque cria uma responsabilidade na instituição de incorporar e trabalhar nesse tema, dentro dos cursos.

Já na manhã do sábado (6), no auditório da Reitoria, após dois dias de atividades, os mais de 600 participantes do evento expuseram as ideias e demandas discutidas ao longo das mesas e oficinas no 1º Fórum Popular da Ufal. Era o momento de apresentar o que foi produzido, as questões que vão de encontro a cada um dos eixos. A reitora Valéria Correia finalizou: “O papel da Universidade, além de cumprir com o eixo de pesquisa, ensino e extensão, é o de dialogar com os movimentos, articular projetos em conjunto e contribuir cada vez mais para uma sociedade igualitária”.