Lapis prevê impactos de explosão vulcânica no tráfego aéreo brasileiro

Tecnologia utilizada pela Ufal permite monitorar com exclusividade fenômeno na atmosfera do Brasil

Por Pedro Vianna - estagiário de Jornalismo
- Atualizado em
Localização das cinzas identificada pelo Lapis
Localização das cinzas identificada pelo Lapis

O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) monitorou com exclusividade as cinzas do vulcão Ubinas que fica no Peru e que chegaram a alguns estados brasileiros e levaram ao cancelamento de voos.

O coordenador do Lapis e professor do Instituto de Ciências Atmosféricas da Ufal (Icat), Humberto Barbosa, explicou que o monitoramento, por satélites, das cinzas vulcânicas foi possível graças à tecnologia disponível no laboratório. “Fizemos o processamento de uma composição, formada por diferentes canais. O processo de interpretação reuniu tanto produtos de satélites, para identificar poeira na atmosfera, quanto microfísica de nuvens. Todos os produtos em RGB, tecnologia de combinação de cores que permite realçar determinadas características, a partir de diferentes formatos e texturas”, ressaltou.  

“Verificando as imagens do satélite Meteosat-11, na composição de cores RGB, observei um destaque muito intenso, na cor magenta. Como as cinzas são partículas muito pequenas, a cor magenta fica numa coloração muito mais intensa do que seria uma nuvem formada por água e gelo", relatou o meteorologista, completando:"Era uma composição diferente de massas de ar frio, nuvens convectivas, nevoeiro ou neblina. Assim, detectamos que as cinzas do Ubinas atingiram o céu do Brasil”. 

A erupção do vulcão Ubinas 

Na madrugada do dia 19 de julho, o vulcão Ubinas, entrou em erupção. A tensão tomou conta da rotina de centenas de moradores, de ao menos oito comunidades do Sul do Peru. Eles vivem na região de Moquegua, bem perto do vulcão Ubinas, um dos mais ativos do país, e já estavam em estado de atenção, desde o último mês de junho. O lugar fica a 1,2 mil km de Lima, capital peruana. 

Por volta das 2h35 da manhã, ocorreu uma intensa explosão no vulcão, formando uma grande coluna de cinzas e de gases, que ultrapassou os cinco mil metros acima da cratera. Rapidamente, a Defesa Civil do Peru determinou a evacuação das áreas de risco. O estado de alerta passou de amarelo para laranja, apenas um nível abaixo do vermelho ou de uma situação de grande perigo. 

Cinzas do vulcão Ubinas já se deslocaram para o oceano Atlântico 

Na madrugada do dia 21 de julho, o Lapis divulgou que a nuvem de cinzas do vulcão Ubinas, transportada pelos ventos, já se deslocou para o oceano Atlântico Sul. Por volta das 4h do último domingo (21), o fenômeno foi identificado por imagens de satélite do Laboratório a uma latitude de 15016’12”S e uma longitude de 12008’56”S. 

De acordo com Humberto Barbosa, a tendência é que a nuvem de cinzas do vulcão Ubinas seja levada para a África. O monitoramento por satélites mostra a direção dos ventos que estão a transportar as cinzas do vulcão Ubinas, no Atlântico, a uma velocidade de 145 km/hora, em altitude superior a 13 km.  

A pluma sulfúrica atinge uma dimensão tão extensa que é superior a 1860 km e mais de 270 km de largura. O Lapis chama atenção que essa pluma de material vulcânico poderá afetar a rota de voos internacionais, com saída de estados do Sudeste para a África do Sul. 

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