5ª edição do Encoquite é aberta com falas de união e Xirê
Programação do encontro continua até quinta (8)
- Atualizado em
Aconteceu na manhã desta quarta (6) a cerimônia de abertura do 5° encontro e a 4ª Jornada Científica de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiros de Alagoas (Enconquite) no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O evento, que conta com três dias de programação, tem o intuito de fortalecer e consolidar redes de parceria, estabelecer ações de inclusão social entre as comunidades quilombolas, os povos tradicionais de terreiros e a comunidade.
“O encontro surgiu da necessidade de integração entre as comunidades quilombolas e os povos tradicionais de terreiros para evitar os conflitos porque majoritariamente as comunidades quilombolas têm sido incorporadas pelas igrejas neopentecostais e nós temos visto que há muitos conflitos. Algumas pessoas questionam o nome, por que Encontro de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiros de Alagoas se ambos são povos guerreiros tradicionais? Pra ver se um enxerga o outro sem nenhum tipo de preconceito, o nosso objetivo maior é esse” explica a coordenadora geral do evento, Cláudia Puentes.
Segundo a organização, o encontro também busca permitir que as comunidades quilombolas e os povos de terreiros tenham retorno das pesquisas que a Universidade faz nesses territórios que são campos de pesquisa.
“Aqui em Alagoas, os terreiros mais conhecidos tem ação direta de graduandos e pós graduandos em suas pesquisas, TCCs e teses e da mesma forma os quilombos, mas esses territórios nunca ou quase nunca tem retorno das pesquisas que são feitas, então, é uma oportunidade também deles conhecerem as pesquisas que são feitas aqui e as pesquisas que são feitas fora porque nós temos participantes de Goiás e Minas Gerais que são quilombolas e se inscrevem no evento para trazer a visão dos quilombos de lá e essa integração possibilita que a gente conheça outros caminhos e fortaleça os nossos, que a gente sirva de exemplo contra esse racismo que é um racismo institucional, que se sofre em todas as instituições públicas” esclarece Cláudia.
Ainda segundo a coordenadora do evento, estar em um espaço da Universidade trazendo os quilombolas que são majoritariamente de um nível educacional mais baixo leva-os a refletir que esse espaço também pode ser ocupado por eles. “Por que eles não conseguem? Eles são capazes, nós somos herdeiros de heroínas e heróis que vieram escravizados mas que eram reis e rainhas. É preciso acabar com essa ideia que quilombola e povos de terreiros são burros, pretos, macumbeiros. Nós temos doutores, pós doutores dentro dos terreiros, nós temos doutores dentro dos quilombos que saem dos quilombos e que não saem dos quilombos, então, a gente precisa dar visibilidade a esses grandes territórios de resistência que são os terreiros e as comunidades quilombolas e a gente espera nesses três dias essa integração onde a gente tem o professor com um quilombola conversando, o professor do Rio de Janeiro conversando com o professor de Sergipe e todos se integrando de uma maneira harmoniosa porque a gente precisa, nesse momento, de harmonia e positividade”, finaliza.
A abertura do evento contou com o Xirê, uma dança típica para evocar orixás e falas que pedem união e respeito. A Mãe de Santo Neide, liderança espiritual do terreiro Grupo Espírita Santa Bárbara, que é o idealizador do evento destacou a importância de momentos como esse e a necessidade de ouvir e dar visibilidade às comunidades quilombolas. “A gente não pode mais criar muros entre a gente, levantar muralhas. A gente não pode brigar com nenhuma janela que possa nos dar visibilidade. Adorei o trabalho com os estudantes, é bom trabalhar através da educação. Precisamos ouvir mais os nossos quilombos” salienta.
As mesas e simpósios temáticos ocorrem na Faculdade de Serviço Social e no Bloco 13 durante os próximos dias.
Saiba mais no link.