Reitora participa de painel sobre o Future-se no 3º Forplad
Evento aconteceu em Santarém, no Pará, entre os dias 26 e 28 deste mês
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Na manhã da última terça-feira (27), a reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Valéria Correia, apresentou um painel de discussão sobre o Future-se na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém. Na ocasião, foram discutidos os aspectos jurídicos e os modelos de organização social do projeto. A atividade fez parte da programação do 3º Encontro do Fórum Nacional de Pró-reitores de Planejamento e Administração das Instituições Federais de Ensino Superior (Forplad).
Valéria Correia iniciou a palestra apresentando a formatação do Future-se. De acordo com a gestora, a justificativa para a implementação do projeto seria desenvolver atividades de gestão, governança e empreendedorismo; pesquisa e inovação; e internacionalização nas universidades e institutos federais brasileiros. Entretanto, ela afirma que essas já são atribuições das IFES e que já existem, inclusive, regulamentações que regem os processos.
“Além disso, existem as fundações de apoio que também intermediam formas de buscar recursos por meio de pesquisa, inovação e empreendedorismo. Ou seja, no final das contas, não existe a necessidade de um programa desse para as universidades porque tudo que está posto como vantagem já existe”, avaliou.
A reitora também destacou que o principal problema do projeto é a perda da autonomia universitária. “O contrato de gestão afirma que as organizações sociais vão poder apoiar as atividades-fim das universidades – ensino, pesquisa e extensão. Isso colide com o artigo 207 da Constituição Federal, que versa sobre a autonomia universitária. No final das contas, o projeto representa uma perda enorme, o que por si só já é desastroso, e ainda não apresenta contrapartidas tangíveis. Ou seja, é apenas um mau negócio para as IFES”.
Outro ponto criticado foi a mudança de direção na função social das universidades. Enquanto a preocupação atual está voltada para dar um retorno social ao investimento feito nas instituições de ensino superior, o projeto apresenta uma forma de financiamento alinhada exclusivamente aos interesses do mercado. “As universidades já produzem para o mercado: tecnologia, saúde, agronegócio. Todos se beneficiam das pesquisas desenvolvidas por nós. Mas não podemos desvirtuar o papel fundamental das universidades, que é o olhar social. É ter qualidade, mas socialmente referenciada. Não podemos apenas priorizar o mercado e vender conhecimento”, finalizou.