Hospital Universitário tem o maior serviço de função pulmonar para o SUS-AL
Médico do HU alerta que poluição atmosférica e tabagismo aumentam incidência de graves doenças
- Atualizado em
Em tempos de debates sobre meio ambiente como pauta mundial, a poluição do ar vem ganhando destaque com ampliadas discussões no cenário científico conectado com o avanço tecnológico voltado ao acompanhamento da preocupante realidade. Estudos apontam que a má qualidade do ar compromete a saúde humana, cujos maiores impactos são doenças respiratórias e cardiovasculares, sobretudo em crianças e idosos, considerados grupos vulneráveis às citadas doenças.
De acordo com o médico pneumologista e chefe do Sistema Respiratório do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (Hupaa), Tadeu Peixoto Lopes, o crescente número de algumas doenças das vias aéreas é constatado principalmente em países em desenvolvimento com alto índice de poluição atmosférica e grande número de pacientes tabagistas, o que pode, inclusive, levar a desencadear, além de enfisema, alguns tipos de câncer. E aproveita para destacar:
“A asma acomete no mundo 300 milhões de pessoas e no Brasil 20 milhões e leva ao registro anual no país de 350 mil internações. Além da asma, as doenças mais frequentes são: rinite, pneumonia, enfisema, com maiores incidências em crianças e idosos, considerados grupos vulneráveis”. O médico acrescenta que “a depender do estado de saúde de cada paciente, sobressaem-se como mais graves a pneumonia, a asma e o enfisema”.
A Universidade Federal de Alagoas, por meio do Hospital Universitário (HU), dispõe do maior serviço de função pulmonar voltado para o Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas, com o registro anual de mais de mil exames de espirometria. O teste que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira. Ou seja, a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões e a velocidade que faz isso.
Tadeu acrescenta que o Grupo de Combate ao Tabagismo integra a estrutura do serviço da Unidade do Sistema Respiratório, beneficiando diversas pessoas no combate a essa patologia. “O Sistema é formado por serviços como atendimento ambulatorial de pneumologia, pneumopediatria e cirurgia torácica e de fibronbroncospia, realizado por nossa equipe de cirurgiões”, destacou o pneumologista, também atual presidente da Sociedade Alagoana de Pneumologia e Cirurgia Torácica.
A equipe da Unidade do Sistema Respiratório do Hupaa é composta pelos médicos Fernando Antônio Mendonça Guimarães, responsável pelo ambulatório referência em DPOC e professor de Pneumologia da Ufal; Seli Souza Mello de Almeida, que coordena o Grupo do Tabagismo e Espirometria; Rita de Cassia Lins da Silva, à frente da Pneumopediatria; Sergio Henrique Chagas Valões e José Livio Xavier Sales, responsáveis pela cirurgia torácica. Também integram a equipe a enfermeira especialista em função pulmonar, Gersina de Aguiar Cavalcanti, e a secretária Mila Emanuelle Castro dos Santos.
O médico Tadeu Peixoto Lopes reforça que os maiores causadores de doenças respiratórias são bactéria e vírus, responsáveis por infecções diversas. “O cigarro é causador de enfisema, alergias e alguns tipos de câncer e o contato com poeira, fumaça ou produtos químicos também podem desencadear crises de asma ou diversas alergias”, salienta o pneumologista ao alertar sobre os malefícios da poluição atmosférica e tabagismo.
Ele aproveita para informar que o inverno é o período do ano em que mais ocorrem infecções respiratórias, pois com o registro de chuvas, como proteção, as pessoas passam a frequentar mais os ambientes fechados, o que facilita a disseminação dos vírus. “Outro complicador para o crescimento das infecções respiratórias é o período junino. Com a queima de fogueiras e fogos registra-se aumento de crises de asmas, exacerbações de enfisemas e crises alérgicas devido o contato com a fumaça”, diz.
Ufal em alerta
A Universidade Federal de Alagoas, por meio do Laboratório Lapis de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), vem monitorando a situação da fuligem vinda da África provocada por queimadas, cuja poluição tem comprometido a qualidade do ar das capitais Maceió, João Pessoa, Recife e Natal. A fumaça lançada na atmosfera apresenta riscos à saúde da população, cujos maiores impactos são doenças respiratórias e cardiovasculares, sobretudo em crianças e idosos.
Sobre a situação, o médico Tadeu Peixoto reforçou: “Se há maior exposição à fumaça e fuligem, assim como material particulado de queima de biomassa, há sim maior risco destas pessoas portadoras de alergias, asma ou enfisema, apresentarem crises ou piora clínica quando expostas a tal nuvem de fumaça”. E recomenda: “A orientação seria se expor o mínimo possível ao ar atmosférico quando o mesmo estiver com grandes concentrações deste material de queimadas e continuar usando as medicações de uso diário prescritas por seu pneumologista”.
Ainda como orientação considerada importante para evitar crises ou controlar doenças respiratórias, Tadeu acrescenta: “É imprescindível não fumar, usar as medicações inalatórias [bombinhas] diariamente prescritas pelo médico pneumologista e com técnica inalatória correta. Evitar contato com fumaça, poeira e produtos químicos que possam desencadear crises. As vacinas para gripe e antipneumocócica para pacientes com asma ou enfisema também são indicadas como aliadas importantes na prevenção e controle dessas doenças”.