Pinacoteca faz aniversário, mas o presente quem ganha é você

Será sorteada obra inédita da Série “Paredes”, do artista Marco Aurélio

Por Simoneide Araújo - jornalista colaboradora
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Considerado o principal espaço destinado a mostras temporárias com ênfase na produção contemporânea alagoana e brasileira no Estado, a Pinacoteca Universitária completa 38 anos de existência, nesta terça-feira (24), e tem muitos motivos para comemorar. Além do aniversário de criação, também celebra os 20 anos da exposição Olhar Alagoas, que, este ano, voltou à cena graças a parceria com o Sesc em Arapiraca. Para marcar esses dois acontecimentos, será sorteada, entre os visitantes da mostra, obra inédita da série Paredes, de Marcos Aurélio.

O artista, motivado pela comemoração dos 20 anos da exposição Olhar Alagoas, que também marca duas décadas de sua série Paredes, produziu mais um exemplar no último mês de julho, dias antes da abertura da mostra atual. O artista se inspirou na paisagem da Lagoa Mundaú, que é o cenário do seu ateliê ao ar livre, em Fernão Velho, em Maceió. A peça recém-criada foi desenvolvida utilizando a mesma técnica e suporte que as outras seis produzidas em 1999, agora em exposição no Sesc Arapiraca.

Marcos Aurélio disse que a nova obra é totalmente abstrata. “Eu quis dar a impressão de que ela ficasse parecida com a lagoa, com aquela superfície acinzentada”, ressaltou. Concorrem ao sorteio as pessoas que visitaram e as que ainda vão conhecer a mostra 20 Anos da Exposição Olhar Alagoas: Arte Contemporânea na Pinacoteca da Ufal, na Galeria do Sesc Arapiraca, até 27 de setembro. Quem vai até lá recebe um cupom por dia de visitação. 

Novos voos

Fechada desde janeiro deste ano, devido à reforma estrutural do Espaço Cultural, prédio onde está instalada, a Pinacoteca Universitária, museu de artes visuais da Universidade Federal de Alagoas, se reinventou e buscou novos voos. Num projeto inédito, levou, pela primeira vez, seu acervo para outra cidade. “A escolhida foi Arapiraca e a parceria com Sesc Alagoas está permitindo a difusão do nosso acervo e a aproximação do público com obras que representam o patrimônio artístico e cultural do nosso Estado, proporcionando ações que fomentam arte, educação e cultura”, declarou Iris Danielle Tenório, coordenadora da Pina.

A mostra 20 Anos da Exposição Olhar Alagoas: Arte Contemporânea na Pinacoteca da Ufal, na Galeria Sesc Arapiraca, foi aberta em 12 de julho e se encerra na próxima sexta (27). Em pouco mais de dois meses, foi visitada por mais de duas mil pessoas, com presença de grupos de instituições de ensino de 13 municípios alagoanos: Arapiraca, Belém, Coruripe, Dois Riachos, Girau do Ponciano, Igaci, Limoeiro de Anadia, Maribondo, Olho d’Água das Flores, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, São José da Laje e Taquarana.

A trajetória

A trajetória da Pinacoteca, equipamento cultural da Ufal vinculado à Pró-reitoria de Extensão, segundo Iris, se compara a uma “odisseia”. Criada em 24 de setembro de 1981, funcionou no subsolo do Museu Théo Brandão até 1988, quando foi transferida para o Espaço Cultural Universitário, na Praça Visconde de Sinimbu. O antigo gabinete da Reitoria, passou a ser a nova casa onde a Pinacoteca realizou diversas exposições até o final de 1990. “Foram muitas mudanças! Entre idas e vindas, mudou de gestores, desceu e subiu escadas, reduziu e ampliou os espaços expositivos, mudou a ênfase das mostras apresentadas ao público, passou por reformas e reabriu nos últimos dias da virada do milênio, com três salões destinados a mostras temporárias com ênfase em arte contemporânea, com a maior área expositiva do Estado”, completou a coordenadora. 

Iris lembra, ainda, que a exposição Olhar Alagoas: Arte Contemporânea, em 1999, marcou a reabertura definitiva da Pinacoteca Universitária, inaugurando as novas instalações, no primeiro andar do Espaço Cultural, com amplo espaço expositivo destinado à mostras temporárias.  Ela permaneceu em cartaz, aberta ao público, de 25 de novembro de 1999 a 7 de novembro de 2000, com 42 obras de 20 artistas que viviam e produziam em Maceió: Augusta Martins, Bárbara Lessa, Beto Normande, Celso Brandão, Dalton Costa, Delson Uchôa, Eva Le Campion, Fernando Honaiser, Glauber Xavier, Kalinka Bueno, Lula Nogueira, Maria Amélia Vieira, Marcos Aurélio, Martha Araújo, Reinaldo Lessa, Rogério Liberal, Rosa Maria Piatti, Rosivaldo Reis, Suel, Vera Gamma.

Ao longo de quase quatro décadas, a Pinacoteca da Ufal já realizou cerca de 180 exposições temporárias de diversos artistas de Alagoas, de outros Estados brasileiros e alguns estrangeiros. “Nosso acervo reúne uma média de 200 obras, de técnicas variadas como pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, esculturas, instalações e multimeios. Em 2015, foi aberta ao público a primeira exposição de longa duração, no Salão Professor Aloysio Galvão, com 60 obras do nosso acervo, sendo visitada por grupos estudantis, instituições assistenciais, moradores de Maceió, alagoanos e turistas”, revelou a museóloga Tatiana Almeida. 

Rumo aos 40 

Mesmo com os espaços fechados para visitação, com as demais áreas funcionando de forma provisória, a equipe da Pinacoteca não para de trabalhar e já traça os próximos projetos rumo aos 40 anos. Além de ter organizado toda a exposição em Arapiraca, que termina dia 27 deste mês, está planejando a próxima, que será na 9ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

Segundo a coordenadora, a meta para os próximos anos é ampliar o espaço de trabalho da equipe técnica para as ações de conservação, documentação e pesquisa e o da Reserva Técnica, para guarda do acervo e armazenamento adequado, pensando em futuras aquisições. “Queremos ampliar nosso acervo, adquirir obras de outros artistas de Alagoas, referência nas artes visuais que ainda não fazem parte do acervo; manter o calendário da exposição permanente, com obras do nosso acervo que ainda não foram expostas na mostra de 2015, e o da temporária, apresentando obras do acervo, mostrando ao público nossa reserva técnica”, revelou Iris.

Em relação às exposições  temporárias, a Pina fará seleção pública com editais que contemplem tanto a comunidade acadêmica [servidores técnicos e docentes e alunos], quanto à comunidade  artística, com carreira já consolidada e os que estão começando. “ Pretendemos criar um espaço para biblioteca, especializada em artes visuais e museologia, e atendimento a pesquisadores, além de desenvolver material educativo para capacitar professores para conhecerem o potencial e as possibilidades de exploração didática das obras em exposição, de modo que possam usufruir do nosso acervo com mais frequência”, finalizou a coordenadora Iris Tenório.