HU da Ufal inaugura Espaço Trans com serviços ambulatoriais
Ambulatório tem como objetivo oferecer assistência digna e especializada às pessoas trans
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Na manhã desta quinta-feira (16), foi inaugurado o Ambulatório intitulado Espaço Trans, no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (Hupaa) no Campus A. C. Simões. De acordo com um dos colaboradores do projeto, o professor Waldemar Neves, da Faculdade de Medicina (Famed), a inauguração do espaço tem como objetivo prestar assistência digna ao público transexual.
A solenidade de abertura foi coordenada pela professora da Faculdade de Serviço Social, Andréa Pacheco de Mesquita, e contou com a presença da reitora Valéria Correia, da superintendente do HU, Regina Santos, da pró-reitora de Extensão, Joelma Albuquerque, da assistente social, Maria Helena de Araújo, da diretora da Famed, Iasmin Duarte, além dos representantes das associações e grupos Trans e LGBTQI+, Cauê e Cris de Madri.
Diversas autoridades dos movimentos Trans e representantes da população LGBTQI+ prestigiaram essa conquista e falaram na solenidade. O Espaço Trans também recebeu apoio do Fórum Popular que partiu de uma reivindicação dos movimentos.
A presidente das Transsexuais do Grupo Gay de Maceió (GGM), Bárbara Nagman, conta que esse momento representa uma vitória e mais respeito para o público Trans, “[É o] nosso direito de identidade. Graças a Deus, aqui no HU essa lei já é respeitada com mulheres transsexuais. Isso é mais do que um alívio’’, comenta.
Cauê Assis, estudante de Psicologia, expõe a sensação de ver o ambulatório sendo inaugurado. ‘‘Estou bastante feliz, porque entrei na Universidade conquistando o meu nome social, no primeiro semestre, com apoio do curso de Psicologia e da gestão da reitora Valéria, que foi extremamente importante. Finalizo minha graduação em dezembro tendo a realização de ver o Espaço Trans sendo inaugurado’’, destacou.
Sobre o Espaço Trans
O Espaço Trans será destinado exclusivamente para esse segmento. As atividades serão realizadas com equipe multidisciplinar e interprofissional, envolvendo profissionais do Hupaa, docentes e estudantes da Ufal das áreas de endocrinologia, psiquiatria, psicologia, ginecologia, cirurgia plástica, enfermagem e serviço social, atendendo as demandas e encaminhamentos da população Trans do Hospital da Mulher e da Unidade Docente Assistencial (UDA).
O ambulatório inaugurado segue a portaria Nº 1707/2008 que regulamenta o processo de mudança de sexo no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Os serviços oferecidos serão ambulatoriais e a perspectiva é que, futuramente, passe a ser hospitalar.
A Política Nacional de Humanização (PNH), que prevê a oferta de acolhimento e ambiência na perspectiva desta situação específica, tem a finalidade de promover assistência livre de preconceitos e estigmas, garantindo o respeito aos direitos humanos e uma escuta qualificada.
De acordo com o professor Waldemar Neves, a previsão para início do atendimento será na segunda quinzena de fevereiro. Os interessados terão acesso à porta de entrada da Unidade Docente Administrativa (UDA), onde a pessoa trans deverá procurar a assistente social que fará uma entrevista. Em seguida, será feito o encaminhamento para o Espaço Trans. A princípio, o horário de funcionamento vai ser às quartas-feiras no período da manhã.
Neves conta a importância do Espaço Trans: ‘‘Dar dignidade, visibilidade e respeito a essas pessoas que são marginalizadas na sociedade. Infelizmente, Alagoas encontra-se como um dos estados com maiores índices de crimes de LGBTFobia, como também, de feminicídio’’.
A militante e trans, Lanna Ellen, que recentemente sofreu transfobia ao tentar usar o banheiro feminino em um shopping da capital, ressalta: ‘‘O preconceito deve ser combatido com muita divulgação dos nossos direitos. Dessa maneira, as pessoas que desconhecem a lei vão parar mais de discriminar’’. O uso do banheiro de acordo com a identidade de gênero é um direito garantido pelo Supremo Tribunal Federal, independente do que a sociedade ou os donos dos estabelecimentos pensem.
Lanna esteve na solenidade de inauguração no HU e ficou satisfeita com os serviços que serão oferecidos no ambulatório. “Iremos ter a hormonioterapia, a psicologia, psiquiatra, exames de sangue, e entre outros serviços maravilhosos”, destaca.
Políticas de gestão
A inauguração do Espaço Trans foi comemorado pelos gestores da Ufal, que pautaram as demandas das minorias como uma das prioridades durante os quatro anos à frente da instituição.
“[A comunidade precisava desse tipo de ambulatório, mais especializado. Então, é com grande alegria que, já no término da nossa gestão, contemplamos essa população que é tão descriminalizada e sofre preconceito. É uma forma de resgatar a dignidade dessa população trans’’, ressaltou a reitora Valéria Correia, ao lembrar que há dez anos um projeto como esse iria iniciar mas não se concretizou no HU.
Assim como uma assistência especializada e humanizada, com base na Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde, a Gestão da Ufal também se destacou pelo empenho em aprovar no Consuni o uso do Nome Social no âmbito institucional.
Travestis, transexuais, transgêneros e intergêneros têm garantido o uso do nome social nos registros funcionais e acadêmicos da Universidade Federal de Alagoas desde 2016. A medida, originada de um requerimento proposto pelo Instituto de Psicologia (IP), foi aprovada pelo Conselho Universitário e para ter o direito, os estudantes devem fazer a solicitação na Pró-reitoria de Graduação (Prograd), para os matriculados na graduação – ou na Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep), para aqueles vinculados aos cursos lato ou stricto sensu.