Ufal constitui Conselho Consultivo Popular

Movimentos sociais e populares indicaram representantes

Por Paulo Canuto - estudante de Jornalismo e Lenilda Luna - jornalista
- Atualizado em
Representantes durante reunião do Conselho Popular da Ufal
Representantes durante reunião do Conselho Popular da Ufal

Na última sexta-feira (10), foi realizada, na sala 2 do Centro de Interesse Comunitário (CIC), a reunião para a formação do Conselho Consultivo Popular (Concop) da Ufal. Representantes de movimentos sociais e a comunidade universitária participaram do debate sobre o regimento e indicaram representantes para a composição do Conselho.

O Conselho foi composto por representantes dos movimentos sociais que participaram das discussões nos sete eixos temáticos do 1º Congresso do Fórum Popular Universitário, realizado de 4 a 6 de julho de 2019, no Campus A.C. Simões. Os eixos de discussão foram: Educação; Saúde; Cultura; Comunicação; Meio ambiente e trabalho; Tecnologia e produção; Direitos Humanos, violência e justiça.

Os segmentos representados no Conselho Consultivo Popular são: comunidades remanescentes quilombolas, povos indígenas, movimento social negro, associação comunitária ou de bairro, movimentos de luta pela terra, movimentos de mulheres, comunidade LGBTQI+, trabalhadores sem teto, movimentos de defesa da saúde, movimento de povos de terreiro, movimento estudantil, população de rua, movimentos de cultura e arte, grupos esportivos amadores, grupos em defesa do meio ambiente e dos animais, pescadores e marisqueiras, projetos sociais, representação de empreendimentos solidários e agroecológicos, bancos comunitários e de articulação territorial e movimentos de juventude.

O Conselho será responsável por acompanhar metas, programas e ações acadêmicas desenvolvidas pela Ufal e previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI); dar sugestões para o aperfeiçoamento das ações que concretizem as metas de ensino, pesquisa e extensão; promover, anualmente, o Congresso do Fórum Popular da Ufal; opinar sobre as políticas de ensino, pesquisa, e extensão da Universidade, além de recomendar ao Consuni a criação, modificação ou extinção de cursos e programas de ensino, pesquisa e extensão em função de necessidades e demandas sociais da conjuntura regional.

A pró-reitora de Extensão e também presidente do Conselho, Joelma Albuquerque, apresentou a minuta do regimento e esclareceu as disposições e atribuições do Conselho Consultivo Popular da Ufal. O debate sobre cada item foi garantido com a participação dos presentes e, no final, o texto foi aprovado com as adequações e alterações propostas. “O Conselho é mais um passo na consolidação da Política Nacional de Extensão que vem sendo desenvolvida há mais de 30 anos pelo Fórum dos Pró-reitores de Extensão, em consonância com as diretrizes para a extensão na Ufal, e sintoniza com a necessidade de diálogo e controle social acerca das ações acadêmicas da universidade que materializam a missão institucional”, destaca Joelma.

Movimentos aprovam a iniciativa

Ações institucionais como a realização do Fórum Popular Universitário, a publicação do Edital de Universidade Popular e a formação do Conselho Consultivo foram recebidas de forma muito positiva e entusiasmada pelos movimentos sociais. A integrante da Coordenação Nacional do MST, Débora Nunes, destacou a importância que o Conselho vai ter na relação entre a Universidade e a sociedade civil organizada. “Esse conselho é mais um mecanismo que essa gestão deixa como herança para universidade, dessa aproximação do povo com a instituição. E não só uma aproximação, mas uma forma de fazer com que a universidade, que é do povo brasileiro, de fato possa estar a serviço, efetivamente, através do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, e assim dialogar com as necessidades e anseios da comunidade como um todo”, destacou a representante.

A representante do Movimento de Mulheres Olga Benario, Amanda Balbino, também ressaltou a importância dessa ligação entre movimentos sociais e Universidade. “As políticas sociais precisam desse suporte de informação, dados, conhecimento, que podem ser disponibilizados pela Universidade. Mas, para além disso, esse apoio institucional e político às nossas reivindicações é fundamental. Ter a Universidade com parceira da luta por uma sociedade mais igualitária é uma grande conquista”, disse a integrante do Conselho Consultivo.

Ufal aberta aos movimentos sociais

A reitora Valéria Correia acompanhou parte do debate sobre a formação do Conselho Consultivo e falou sobre a importância da iniciativa. “No momento atual porque passa o país, de fechamento do Estado Democrático de Direito, com a extinção dos Conselhos que garantem o controle social da aplicação de políticas públicas, demonstramos, ao contrário, que queremos reforçar a participação social nas decisões da Universidade”, destacou a reitora

A relevância do Conselho Popular Universitário, que tem caráter consultivo e conta com representação de 55 movimentos sociais e populares, foi ressaltada pela reitora. “É um propósito que tínhamos desde o início da gestão de realizar o Congresso para criação do Fórum Popular Universitário e eleger esse Conselho Consultivo, para democratizar mais o espaço universitário e ter aqui a presença dos protagonistas das lutas sociais, trazendo as demandas do povo para dentro dessa instituição”, disse Valéria Correia.

A relação da Universidade com a sociedade alagoana e, principalmente com os movimentos que representam as camadas populares, foi o eixo da gestão que está sendo encerrada. A reitora Valéria Correia agradeceu o apoio das pessoas presentes, por atenderem à convocação de construir uma Universidade socialmente referenciada. “Deixamos uma mensagem concreta de que a Universidade deve ser mais permeável às demandas populares, em busca de diminuir as desigualdades sociais, sobretudo em Alagoas, onde os nossos índices de desenvolvimento humano revelam que ainda temos muito o que fazer para superar a pobreza. Por isso, considero que essa foi uma das ações mais importantes da nossa gestão”, concluiu a reitora da Ufal.