Edufal completa 37 anos divulgando o pensamento científico de Alagoas

Comemoração de 2020 marca ingresso da editora na era da publicação digital

Por Thâmara Gonzaga - jornalista
- Atualizado em
Sede da Edufal no Campus A C Simões
Sede da Edufal no Campus A C Simões

Tornar acessível, fazer circular, “movimentar” o pensamento científico alagoano por meio da publicação de livros. Em seus 37 anos de existência, comemorado no próximo dia 5 de outubro, a Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) vem assumindo a missão de divulgar ciência e cultura com o principal objetivo de propagar o conhecimento de excelência acadêmica do Estado.

“É uma longa trajetória amparada na publicação de grandes expoentes locais que já se tornaram verdadeiros clássicos do pensamento social e cultural de Alagoas, a exemplo de Dirceu Lindoso, Rachel Rocha, Edna Bertoldo, Renira Lisboa, Norma Alcântara, Sávio de Almeida, Manuel Diégues Júnior, Aurélio Buarque de Holanda, Cícero Péricles, Abelardo Brandão, entre muitos outros nomes”, destaca o diretor da Edufal, Elder Maia.

Com quase 900 títulos publicados entre 2004 e 2019, inclusive títulos em braile escolhidos por uma comissão de representantes de pessoas cegas, Maia afirma que, nos últimos dez anos, “a Edufal se tornou a editora científica que mais publicou livros no Norte e Nordeste do Brasil”. Produção editorial que é acrescida, complementa ele, sobretudo, durante a realização das bienais internacionais do livro de Alagoas, quando se registra um aumento significativo de títulos lançados.

Integrante da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu) e da Rede Editorial Interinstitucional Alagoana (Reia), que reúne um conjunto de editoras científicas locais, a exemplo da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), do Cesmac e da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, a Edufal ocupa um papel significativo no espaço editorial do país. “É hoje uma das maiores e mais relevantes editoras universitárias e científicas do Brasil, e a principal de Alagoas”, ressalta o diretor.

Uma história de quase quatro décadas que também é marcada pelo reconhecimento da qualidade das obras publicadas. Em 2016, o livro Lacan chinês: poesia, ideograma e caligrafia chinesa de uma psicanálise, de autoria do professor e psicanalista Cleyton Andrade, do Instituto de Psicologia (IP) da Ufal, foi vencedor do Prêmio Jabuti, na categoria Psicologia, Psicanálise e Comportamento, o mais importante prêmio concedido a publicações no Brasil. Editado pela Edufal, no ano 2015, por meio do edital da Bienal de Alagoas, o livro foi escolhido pelo conselho editorial para concorrer a maior premiação da literatura brasileira.

Novos horizontes

Tal como possibilitam os livros, a Edufal se propôs a refletir e ressignificar o tempo atual para projetar um futuro melhor. Em 2020, a equipe da editora está debruçada sobre novos projetos e planejando ações estratégicas para os próximos anos. Digitalização de seu catálogo, realização da Bienal Internacional do Livro do Agreste, a ser realizada em 2022 em Arapiraca, construção e disponibilização de uma loja de e-books são alguns dos horizontes a ser alcançados.

“Há muito o que comemorar e há também muito o que fazer para consolidar e valorizar ainda mais esse verdadeiro patrimônio cultural da Ufal e da sociedade alagoana. Estamos diante de uma longa e desafiante travessia, repleta de possibilidades e perspectivas. Importa destacar o empenho e a vibração de toda equipe, assim como o entusiasmo e apoio do professor Josealdo Tonholo e da professora Eliane Cavalvanti”, destaca o diretor.

Travessia

Atento às mudanças globais na forma de acessar os conteúdos, de modo ainda mais notável nesse período de pandemia, Elder Maia afirma que a palavra “travessia” define o aniversário deste ano da editora.

“Em meio a desafios e incertezas, a equipe se pôs a pensar o futuro, planejando ações, concebendo editais, estabelecendo parcerias e, principalmente, buscando equilibrar modernização, excelência acadêmica e sustentabilidade econômica e cultural. Para tanto, a editora mergulhou em uma verdadeira, necessária e vibrante travessia!”, define o diretor ao explicar que, não à toa, essa palavra foi escolhida para representar a logo comemorativa do aniversário de 37 anos.

Com a crise sanitária e a recomendação das medidas de distanciamento, a Edufal precisou inovar e lançou o primeiro edital para publicação de conteúdo totalmente digital. Por meio do Edufal E-book Covid-19, a publicação de 30 e-books, com conteúdos exclusivos acerca da pandemia, está sendo financiada pela editora.

“Foi um marco e representou, definitivamente, o ingresso no universo do livro eletrônico digital. Desse modo, a Edufal desempenha um papel central e imprescindível de acesso e divulgação do conhecimento científico, contribuindo diretamente para atravessar um momento tão difícil de negacionismo e combate ao conhecimento científico”, afirma.

Outra realidade citada por Maia, e que também aponta para a necessidade de caminhar em direção ao conteúdo digital, é a diminuição dos repasses financeiros para as universidades federais públicas e, consequentemente, para suas respectivas editoras. No entanto, ele defende que esse percurso deve ser feito “sem abandonar a exitosa história e tradição de publicar livros físicos e impressos de excelência acadêmica e científica”.

Eventos culturais

Ao longo dessas décadas, a área de eventos é mais uma frente de atuação na qual a editora da Universidade tem atuado com destaque. Maia relata que, além de publicar conteúdos oriundos das ações de pesquisa, ensino e extensão da Ufal, comercializar livros próprios e de outras editoras a baixo custo em sua sede e pontos, a Edufal atua como coordenadora de eventos de extensão, a exemplo de feiras e circuitos.

No início deste ano, para aproveitar o espaço de sua sede no Campus A.C. Simões, que já se tornou cartão-postal da Ufal e ponto de encontro para um bate-papo agradável regado a café quentinho, teve início o projeto Sextou na Edufal. A proposta era colocar em evidência a produção literária local, com o lançamento de livros, reunindo autores e leitores. Por causa da pandemia, só foi possível realizar um encontro e a programação, que já estava fechada até dezembro, teve que ser suspensa.

Mas, sem dúvidas, é a Bienal Internacional do Livro de Alagoas o maior evento coordenado pela editora. A Ufal, por meio da Edufal, é a única universidade pública a promover, organizar e realizar uma bienal do livro no Brasil. Durante dez dias, além da possibilidade de comprar obras a preços mais baixos que o convencional, o público tem acesso a uma vasta programação literária e cultural gratuita.

“É um evento com sucesso de público, que já se notabilizou no calendário artístico e cultural como um dos maiores do setor, contribuindo também para potencializar o empreendedorismo criativo e cultural no Estado”, afirma Maia ao lembrar que a décima edição será realizada ano que vem.

Galeria

Importante lembrar que o trabalho de editar e divulgar obras de interesse científico na Edufal é marcado pela liderança de muitas mulheres. Dos dez nomes que já passaram pela direção, seis são de professoras que assumiram a desafiante missão de promover o saber e o estímulo à leitura.

À frente do setor no ano de sua criação, em 1983, esteve a professora Maria de Lourdes Azevedo, a primeira gestora. Em seguida, até 1997, a direção foi do professor Eduardo Magalhães.

No período de 1997 a 2000, Leda Almeida foi a responsável pelas ações da Edufal. Já o docente Eraldo Ferraz assumiu de 2000 a 2003. Na sequência (de 2004 a 2012), as atividades foram conduzidas por Sheila Maluf. Após, assumiu Stela Lameiras (2012-2016).

O professor Osvaldo Maciel ficou na direção por dois anos (2016-2018). Após esse período, em seu lugar assumiu a professora Lídia Ramires (2018-2019) e, logo depois, Elvira Barreto (2019-2020).

Atualmente, quem está na direção da Edufal é o professor Elder Maia, que assumiu o cargo no fim de janeiro de 2020.