Estudantes e professores da Ufal se adaptam bem às aulas on-line
São mais de 16 mil alunos matriculados no PLE e cursos com altas taxas de ocupação de vagas
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A grande dica é administrar o tempo. O professor Elton Fireman, do curso de Pedagogia da Ufal, experiente no ensino a distância, reitera que os estudantes precisam disciplinar o tempo dedicado aos estudos, mesmo sem ir à Universidade, para que o Período Letivo Excepcional (PLE) seja bem aproveitado. Passadas duas semanas do início das aulas virtuais, as avaliações são positivas, de uma maneira geral. E algumas orientações são valiosas:
“Os alunos precisam encarar os encontros no Google Meet como tempo de aula e isso requer alguns cuidados, como por exemplo, avisar às pessoas da casa que estão em aula e escolher um fundo adequado. Eu peço que mantenham as webcams ligadas para observar fisionomia, expressões, sinais de que querem falar, então, alguns hábitos a gente orienta. Fora isso, os tempos de leitura e de atividades, que normalmente também têm nos cursos presenciais. O aluno tem que compreender que mesmo estando em casa, tem que ter um tempo reservado para a disciplina”, destacou Fireman.
Segundo o pró-reitor de Graduação, Amauri Barros, mais de 2,4 mil disciplinas foram ofertadas no PLE e, dos 24 mil alunos da Ufal, 16,3 mil estão matriculados nesse período virtual. Alguns cursos tiveram muita procura, a exemplo de Agronomia, com 85% das vagas ocupadas e o de Farmácia que chegou a preencher 98% das vagas ofertadas.
“Está indo muito bem, com muita participação dos alunos. Tem dificuldades, sim, porque ninguém estava preparado para esse momento, alguns setores têm dificuldades do ponto de vista de recursos humanos e aparatos tecnológicos, mas tem também boa vontade em servir e muito trabalho árduo. Então, às vezes, a gente fica devendo respostas mais rápidas, mas estamos trabalhando e tudo tem sido olhado com bastante cuidado”, destacou Barros.
Numa pesquisa feita pelo professor Elton com os alunos da sua disciplina ministrada no PLE, 55,9% pretendiam usar o celular ou tablete para participar das aulas, e 20,6%, o computador. Em relação à conectividade, 94,1% possuem wifi ou internet a cabo, e 70,6% preferem o aplicativo Whatsapp como ferramenta de comunicação.
E era de interação que a caloura de Nutrição, Nayra Danyelle, estava sentindo falta. Ela está entre os 3.220 estudantes ingressantes na Ufal que se matricularam no PLE. Toda a ansiedade para iniciar as aulas foi canalizada numa vivência de desafios, onde Nayra procura tirar proveito da melhor forma possível. “Tem sido uma experiência bem diferente e desafiadora. As maiores dificuldades estão relacionadas com a rede de internet e a dificuldade de concentração. Mas tenho encarado bem a situação e vejo o lado positivo que seria conhecer, mesmo que remotamente, um pouco sobre o que é estar em uma universidade e ir fazendo laços com colegas e professores, além do aprendizado que estamos adquirindo. Posso dizer que estou vendo o copo ‘meio cheio’”, expressou.
Professores e alunos caminhando juntos
Nesta nova modalidade de ensino para toda a Ufal, os professores relatam experiências diversas e, mesmo com o trabalho realizado junto ao Programa de Formação Continuada em Docência do Ensino Superior (Proford), a familiaridade com as ferramentas tecnológicas é gradativa. A professora Solange Bessa, do Instituto de Física (IF), disse que se sentiu estimulada a explorar mais esse universo digital e reitera que o interesse dos alunos é fator determinante para a eficácia das disciplinas.
“Eles já vêm com as dúvidas porque já leram o básico, já resolveram as questões mais básicas entre eles, e a aula é muito mais eficiente porque conta com uma participação muito maior dos estudantes”, contou sobre a participação ativa dos alunos, que recebem orientações antecipadas sobre o conteúdo que vai ser debatido nos encontros síncronos.
A mesma dedicação que os alunos depositam nas disciplinas os docentes também estão passando por atualizações diárias na forma como abordar os conteúdos. Fireman acredita que, num meio tão dinâmico como o digital, é exigido um esforço diferenciado para prender a atenção e transmitir o conhecimento de forma efetiva.
“A necessidade que se tem é de usar diversas ferramentas. O que tem me auxiliado muito é exatamente na construção, na sistemática de atividades separadas para o aluno, para que ocorra a aprendizagem dos conteúdos. Nós vamos intercalando diversas ferramentas tecnológicas que facilitam a interação, seja em tempo real ou posteriormente durante a semana”, disse, indicando os vídeos como exemplo de material interessante para usar.
Amauri Barros reforça que a Universidade também tem investido na formação docente com base nas metodologias ativas. “Quem já está adaptado à sala de aula invertida, por exemplo, que é uma metodologia ativa, larga na frente. O ideal é que os professores definam claramente os objetivos de aprendizagem de cada unidade didática, coloquem as questões antecipadamente e aproveitem o momento de interação para aprofundar os conteúdos e tirar dúvidas”, sugeriu.
E para quem está vivenciando uma nova experiência, como a professora Solange, o apoio e o incentivo devem ser feitos em via de mão dupla: “Preciso ainda aprender muitas coisas que eu sei da possibilidade, mas é preciso tempo para aprender. Com os estudantes que eu tenho, eles também acabam me ensinando”.